(Imagem a partir de foto de Miguel Manso)
(José Manuel Castanheira, Margarida Fonseca Santos, Carlos Fragateiro)
“Se calhar, ainda bem que tudo isto aconteceu”, disse Margarida Fonseca Santos à saída do tribunal, explicando que esta foi “uma forma de falar aos mais novos “de uma época em que não havia liberdade”, de “mobilizar as pessoas” e de “trazer a história do país para o teatro”.
O mesmo entendimento foi manifestado por Fragateiro. Ao levantar a questão, os sobrinhos de Santos Pais acabaram por “fazer um favor à democracia”, considera.
“A crítica pública deve ser um direito e não um risco”, frisou o magistrado [juiz António Passos Leite] na sentença que foi lida, esta tarde (2011-07-22), no tribunal criminal de Lisboa.
Julgado ao longo de 14 audiências desde o passado dia 3 de Maio, o caso opôs os sobrinhos do ex-director da PIDE/DGS, Silva Pais, aos responsáveis pela peça de teatro “A Filha Rebelde” que esteve em cena no Teatro Nacional D. Maria II em 2007: a autora do argumento, Margarida Fonseca Santos e dois dos administradores do Teatro Nacional, Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira, acusados de difamação e ofensa à memória de Silva Pais.
A peça é a adaptação ao teatro do livro “A Filha Rebelde” (editora Temas e Debates) da autoria de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz. A família do ex-director da PIDE considerou que algumas das falas da peça eram ofensivas ao nome e memória de Silva Pais, nomeadamente por lhe ser atribuído o homicidio de Humberto Delgado e decidiu processar os seus responsáveis.
A notícia da absolvição foi recebida na sala de audiências com salvas de palmas, gritos de “abaixo a PIDE” e cravos vermelhos distribuídos aos presentes.
O juiz sublinhou o “direito à manifestação artística” e “à história” e referiu-se à doutrina sobre os direitos do Homem sublinhando a importância da liberdade de expressão como “uma das condições das sociedades democráticas”.
” que marcou a “reconciliação com a memória” do seu avô,
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A peça de teatro, “A Filha Rebelde" conta a história da filha de Silva Pais, Annie Silva Pais, casada com um diplomata suíço com quem foi viver para Havana, Cuba, no início da Revolução. Apaixonada por Che Guevara, Annie acabou por deixar o marido e aderir à causa cubana.
O Ministério Público decidiu não acompanhar a acusação atendendo a que não se tratava de um crime público e na fase das alegações finais do julgamento, o procurador Abel Matos Rosa pediu a absolvição dos arguidos, tal como os advogados de defesa, Lucas Serra e Victor Ferreira.
Obrigado a todos os que, neste processo defenderam o direito à memória, à verdade histórica, à liberdade e ajudaram a enterrar o espectro da Pide que parece estar mal enterrada.
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1 comentário:
Querida Margarida Fonseca Santos, nas vossas vidas o ferrete ficou, alguns dos que vos acompanharam não esquecerão quão insólito tudo isto nos pareceu, uma parte da sociedade portuguesa ouviu falar... e em breve esquecerá, a outra a maior parte continuará a dizer que é impossivel acontecerem coisas destas em 2011. Por todos continuemos a LUTAR, pela VERDADE, JUSTIÇA e acima de tudo pela LIBERDADE!
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