2020/02/22
PEDRO BAPTISTA - CIDADÃO DO PORTO
Esta
5ª feira, 20-02-2020, foi um dia fatídico. Nesse dia, num dia, morrem dois
amigos meus. Pedro Baptista no Porto e Joaquim Pina Moura em Lisboa. Ao Pina
Moura que estava muito mal há anos, dediquei a crónica precedente e agora dedico
umas palavras ao meu amigo Pedro Baptista, ao passado comum e à terrível
surpresa, pois encontrava-se bem e como sempre muito activo.
Membro
da Assembleia Municipal do Porto fora nomeado comissário geral para as
comemorações dos 200 anos da Revolução Liberal do Porto. Poucas horas antes da inauguração
do grande evento cuja preparação o ocupou nos últimos tempos Pedro Baptista despediu-se
no Facebook com
Quando
com José Barros Moura, José Ernesto, António Graça, António Hespanha, Pina
Moura, Victor Neto, José Manuel Correia Pinto, José Luís Judas, Fernando Castro, António
Teodoro, Osvaldo de Castro, e muitos outros criámos, em 1992, a associação política
Plataforma de Esquerda, Barro Moura, amigo de Pedro Baptista, convidou-o a
participar. Na sequência do acordo com o PS para as eleições de 1995 para a AR fomos
ambos eleitos deputados. Trabalhávamos no mesmo gabinete, grande e espaçoso que
acolhia ainda, o capitão de Abril Marques Júnior, a Maria Carrilho e o ex-ministro
Eduardo Pereira. De modo que convivemos de modo muito próximo, durante 4 anos o
que me permitiu apreciar a inteligência e sagacidade do Pedro para além do seu agradável
espírito de humor quantas vezes cáustico. Lembro-me de quando nas 6ªs feiras,
ao fim da tarde, antes de partir para o seu muito querido Porto, gostava de nos
desafiar e despedia-se de nós “Até para a semana! Vou para Portugal!!”, sim que
o Sul não passava de terra de mouros!
Pedro
Baptista era um apaixonado e grande cultivador da nossa língua e da história de
Portugal. Tenho alguns dos livros que publicou. Encontrávamo-nos de longe em longe,
mais em Lisboa que no Porto. E conversávamos, até há poucos dias, pelo Facebook.
Desfecho tão inesperado deixa-nos perplexos e tristes. Ficam os pêsames à
família tragicamente enlutada.
Joaquim Pina Moura deixou-nos
Morreu o
Joaquim Pina Moura. O nosso querido amigo Pina Moura. Era um dos meus amigos
mais estimados. Mas há muito que vinha morrendo aos poucos, a perder a noção do
mundo à volta. Afligia-me muito estar com ele neste estado. O velório é neste domingo, 23 de Fevereiro, no Museu dos Coches, em Belém, Lisboa.
Pina Moura para além das sua grande capacidade intelectual e de trabalho era um companheiro muito solidário e que todos os seus amigos muito prezávamos. Apesar do seu estado de saúde, desde há tantos anos, a notícia do seu falecimento causou entre os seus amigos grande consternação.
À Herculana, aos filhos, ao irmão Viriato, à restante família, sentidos pêsames, meus e da Maria Machado.
Joaquim Pina Moura com Herculana de Carvalho, sua mulher, em 13 de Novembro
de 2009 com um grupo de amigos num restaurante em Lisboa.
Convivemos
estreitamente durante muitos anos no PCP e no seu Comité Central. Depois, com
outros, afastámos-nos do PCP num processo que decorreu entre 1987 e 1991. Ainda no partido mas já em processo de rotura criámos com outros, muitos outros, o INES
(Instituto Nacional de Estudos Sociais) um movimento político que mobilizou uma
grande parte da intelectualidade do PCP nomeadamente José Saramago e muitos outros intelectuais e artistas
Para fundamentar e alicerçar as propostas políticas que depois defendíamos nas
reuniões do Comité Central do PCP, fizemos muitas reuniões em casa de Pina Moura.
Consumada a rotura com o partido em 1991 criámos, Pina Moura, Barros Moura,
Mário Lino, José Luís Judas, Osvaldo de Castro, Vitor Neto, Fernando Castro, Hilário Teixeira, eu
próprio e outros ex-militantes do PCP e activistas políticos de outras origens, uma
associação política a Plataforma de Esquerda que atingiu os 1.200 associados.
Nas vésperas
das eleições para a AR de 1995 a plataforma de Esquerda fez um acordo eleitoral
com o PS e desenvolveu um trabalho de
mobilização conjunta do eleitorado em todo o país nos chamados Estados Gerais nos quais Pina Moura teve um
papel muito destacado que não passou despercebido a Guterres que, após a sua
vitória eleitoral em 1995, o chamou para Secretário de Estado, e depois numa
carreira fulgurante para Ministro da Economia e em seguida para Ministro da
Economia e das Finanças.
Encontro com Gorbatchov
em Cascais a convite de José Luís Judas então presidente da Câmara Municipal desta
idade. Pina Moura está à esquerda de Gorbatchov. A foto é de notícia do
Expresso, de 24 de Junho de 1995
Pina Moura para além das sua grande capacidade intelectual e de trabalho era um companheiro muito solidário e que todos os seus amigos muito prezávamos. Apesar do seu estado de saúde, desde há tantos anos, a notícia do seu falecimento causou entre os seus amigos grande consternação.
À Herculana, aos filhos, ao irmão Viriato, à restante família, sentidos pêsames, meus e da Maria Machado.
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