Em virtude do total alheamento dos poderes públicos, na preservação da Memória de um dos locais mais emblemáticos e sinistros da repressão da ditadura fascista, a sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, ao Chiado, em Lisboa, foi vendido e transformado num condomínio privado de luxo. A promoção comercial dos apartamentos no site do Paço do Duque evoca o passado longínquo de palácio da nobreza, local de festas de duques e princesas. Mas os futuros habitantes do condomínio arriscam-se a conviver menos com o tilintar dos cristais e o roçagar das sedas de duquesas e viscondessas do século XVII e mais com os gritos de horror dos portugueses torturados pelo regime de Salazar e Caetano no século XX .
Desde a sua criação, em 5 de Outubro de 2005, que o Movimento Não Apaguem a Memória - NAM procura que seja preservada tanto quanto possível a memória do local. Chegou-se a negociar com o dono da obra e a intermediação da Câmara Municipal de Lisboa, a instalação de um núcleo museológico dentro do edifício com o aproveitamento do espaço de uma antiga cisterna e uma sala contígua com saída para a Rua Víctor Cordon. O projecto caiu num impasse a partir do momento em que o vereador indicado pelo presidente da CML Carmona Rodrigues, para acompanhar o processo, Ruben de Carvalho, comunicou ao NAM que os serviços da Câmara consideravam não ter o local condições de segurança para acesso do público, nomeadamente intervenção dos bombeiros.
De pé continua o projecto da criação no local de um MEMORIAL, eventualmente no longo muro de um palácio situado em frente do cinema S. Luís ao lado da antiga sede.
Além disso o edifício tinha junto a uma das entradas uma placa evocativa dos 4 jovens assassinados pela PIDE no dia 25 de Abril de 1974 quando um ajuntamento popular espontâneo se manifestava nas proximidades da sua sede contra a odiada polícia política.
Não tendo sido reposta a placa retirada quando se efecturam as obras, o NAM na sequência do reparo de vários cidadãos escreveu ao conselho de administração do empreendimento imobiliário uma carta a exigir a sua reposição no local onde se encontrava. (ver aqui, no blog OS CAMINHOS DA MEMÓRIA a referência feita pelo investigador de História Jorge Martins, da direcção do NAM, pela Professora Luísa Tiago de Oliveira e os "capitães de Abril" Comandantes Almada Contreiras e Costa Correia) .
Na sequência desta diligência a placa foi recolocada na fachada do edifício mas em local tão baixo que fica escondida pelos automóveis ali estacionados. (No canto inferior direito da fotografia ).
O NAM irá exigir que a placa seja colocada onde estava. Aguarda-se o desenvolvimento desta situação.