Um dos cafés
que frequento tem o CM e, com o devido cuidado, folheio-o. Para saber se aquelas
raparigas das últimas páginas continuam muito bonitas, para ver se o artigo de opinião
da página 3 é de autor que mereça respeito. E há-os, vários.
Ontem li "Fé e pensamento" do padre, Fernando Calado Rodrigues.
O Início da leitura surpreendeu-me. Era um
apelo à razão, à racionalidade sobre assunto de fé.
Padre, o autor… aumentava a minha expectativa. Prossegui:
... “Contudo,
também ela [a Igreja] reconheceu que jamais os poderá compreender perfeitamente
e que nunca os conseguirá explicar e provar de uma forma puramente racional.
Maria,
escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador, foi preservada do pecado, mas não
foi dispensada de se interrogar nem de encontrar razões para a sua fé: é esta a
perspetiva evangélica.
“Quando o
Anjo lhe anuncia que vai ser a Mãe de Jesus, ela interroga-se: Como será isso
possível? O Anjo responde que a Deus nada é impossível. …
"Então Maria (mesmo
continuando sem compreender plenamente a missão que lhe é confiada) dá o salto da fé e disponibiliza-se para
ser a Escrava do Senhor. Maria torna-se, assim, um modelo para todos os
cristãos. Como ela, também todos se deverão interrogar, refletir e pôr mesmo em
questão as suas crenças. Só assim poderão desenvolver uma fé mais consciente e
consistente.”
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O autor começa por um apelo à racionalidade para a certa altura quanto tudo deixa de fazer qualquer sentido (a gravidez por obra e graça do Espírito Santo) devemos dar o salto de fé para aceitarmos como
muito razoável, sem prejuízo da razão, a… mais absoluta irracionalidade. Por fim aconselha "Como ela [a virgem Maria], também todos se deverão interrogar, refletir e pôr mesmo em questão as suas crenças." E faz bem, mas põe em perigo a aceitação do absurdo!
Claro que
respeito a religião e a religiosidade e seria a última
coisa a passar-me pela cabeça discutir a racionalidade do irracional
questionando o absurdo dos dogmas, pois eles são dogmas exatamente por serem
absurdos. E sabemos que fins serve a alienação da mente humana.
Mas o ponto
a que queria chegar não era o de pôr em dúvida a virgindade da menina tornada mãe
por obra e graça do Espírito Santo e elevada a Santíssima Mãe de Deus. Isso eu
dou de barato. O meu ponto é o qualificativo de “imaculada” , é a designação de mulher “sem mácula”, que vem a ser a condenação divina da mulher,
por ser mulher, da mulher por ser mãe, a condenação absurda da faculdade mais essencial para a
existência da humanidade. É a condenação do ato sexual, do ato que dá a vida, do
ato fonte de prazer e essencial, para lá da maternidade, à saúde física e
frequentemente mental dos homens e das mulheres.
Por fim e não menos relevante, do acto sexual de homem e mulher o pecado fica só para ela.
Nisto a
Igreja Católica tem grandes afinidades com o Islão.