2018/05/08

Criação de bébés para venda no Paço ducal de Vila Viçosa no sec. XVI

Com os cavalos, com os bovinos ou com as galinhas. Na capoeira um galucho de raça para galar as 20 galinhas que darão muitos pintainhos que crescidos se venderão e se faz bom negócio. Agora cara ou caro amigo substitua as alimárias por pessoas e terá o que os fidalgos mais opulentos e mais cristãos do reino de Portugal, faziam no século XVI.
" O relato da existência de escravos reprodutores no Paço Ducal de Vila Viçosa, a mais importante casa nobre portuguesa, foi feito por João Baptista Venturino da Fabriano, secretário do cardeal Alexandrino Miguel Bonello, enviado papal à corte portuguesa em 1571..."
... “Tem criação de escravos mouros, alguns dos quais reservados unicamente para fecundação de grande número de mulheres, como garanhões, tomando-se registo deles como das raças de cavalos em Itália. Deixam essas mulheres ser montadas por quem quiserem, pois a cria pertence sempre ao dono da escrava e diz-se que são bastantes as grávidas. Não é permitido ao mouro garanhão cobrir as grávidas, sob a pena de 50 açoites, apenas cobre as que o não estão, porque depois as respetivas crias são vendidas por 30 ou 40 escudos cada uma. Destes rebanhos de fêmeas há muitos em Portugal e nas Índias, somente para a venda de crias.”


...." No século XVI viveriam 350 pessoas no paço ducal e a criação de escravos teria lugar num terreno ao lado da casa principal, uma zona ainda hoje conhecida pelos trabalhadores locais como a “ilha”. Atualmente só resta o chão, coberto de pedras, nas imediações do picadeiro e do local onde terá estado o torreão onde, em 1512, foi degolada D. Leonor, de 23 anos, pelo seu marido, o quarto duque de Bragança, D. Jaime, acusada de ter um pajem de 16 anos por amante."
É o resultado de estudos de documentação da Biblioteca da Ajuda, mantida mais ou menos secreta durante séculos e que o Expresso de 8 de Dezembro de 2015 relata extensamente como podereis ver.   Outro link