2022/12/12

O caso do Sr. Luís... o maltês nosso amigo

 Anos 50, Vilar do Cadaval. Da aldeia víamos ao longe imponente, distante e nítida levantar-se a serra de Montejunto. No cimo só pedras e carrasco. Na encosta, a preencher os baixios, árvores frondosas e antigas. Quem visitava a serra sabia que eram carvalhos, castanheiros e pinheiros mansos. Mais abaixo, uma linha de cerros arredondados, com os moinhos de vento a quebrarem a linha do horizonte, escondiam o Avenal, o Pereiro e a Tojeira. Depois já bem próximo, à distância de uma mão estendida, a capelinha que depois deu lugar à igreja nova feita nos anos cinquenta com a cotização dos paroquianos. O meu pai também participou no grande movimento da freguesia e contribuiu mas só para o relógio - dizia - porque todos sabiam que era ateu. Relógio grande que ainda hoje dá as horas e as vemos quando olhamos lá bem para o alto. 

A toda a volta os vinhedos. As vinhas subiam pelas encostas, ocupavam as várzeas e entravam pela charneca a dentro, a expulsar, lá para trás, para o lado do Outeiro da Cabeça, os pinhais que outrora abrigaram os lobisomens, as bruxas e os salteadores, do imaginário dos nossos avós.

O sol abrasava, punha a atmosfera em vibração e tornava difusas as vinhas carregadas de uvas à espera da vindima. 

Todos os anos em Setembro, a aldeia começava a encher-se de malteses que vinham para as vindimas. Depois era aquele corrupio de carroças com tinas cheias de uvas bem calcadas puxadas por mulas e machos e também por cavalos quando o proprietário era mais abastado ou opinioso. 

Os malteses vistos ao longe, os mais desgraçados, a par de comiseração inspiravam também repulsa pelas bebedeiras. Observados de perto, eram diferentes. Eram homens à procura de uma tábua de salvação no naufrágio que atingia as suas vidas.

A nossa casa de habitação tinha a seu lado, contígua, a adega. Prolongando esta, sucediam-se os lagares com prensas metálicas que substituíram os antigos fusos.

Aproximava-me dos lagares a ouvir as conversas dos malteses e por vezes interrogava-os e eles desfiavam as suas vidas. Alguns eram já habituais, ano após ano vinham da região de Alcobaça.

Ouvia-os falar dos filhos, da leira de terra, que alguns também tinham, das dívidas, do desamparo, da precariedade da sua existência sempre à beira do abismo, da vida mortificada de trabalho sem esperança para a qual eles esperavam algum merecido milagre. 

Vinham, aqueles, que em nossa casa trabalhavam, da região de Alcobaça. Há vários anos que vinham  e observava os que se aboletavam durante as três ou quatro semanas das vindimas, na longa arrecadação que se seguia aos lagares. Pela aldeiam circulavam então muitos malteses para as vindimas e por vezes traziam os filhos, ainda crianças, . 

Traziam pães muito grandes, feitos em casa, para cinco semanas. Comiam batatas e sardinhas, invariavel-mente durante todo o mês. E uvas.

Dormiam nos palheiros. Alguns, sem "dono", dormiam debaixo das pontes do rio seco. Ouvia-lhes as histórias. À noite ao serão, no lagar, ou à ceia em torno da fogueira onde assavam as sardinhas. Falavam dos filhos, dos pais, dos vizinhos, de pobrezas, de festas da padroeira, de procissões, de zangas, de pancadarias, de proezas e forças. Eram religiosos e tinham fé. Numa Justiça no Além. Eu dava-lhes razão sem lhes dizer. E pensava no direito que tinham a mais justiça na única vida que me parecia terem, a que levavam nesta amortalhada Terra e naquelas vinhas cheias de uvas de outros.

— Oh senhor Luís então agora que vai fazer?

O senhor Luís tinha trinta e seis anos, era o que ele dizia, mas eu dava-lhe mais. Talvez fosse por causa da barba de vários dias que ele só a fazia ao Domingo, a roupa escura e suja do mosto das uvas, do rosto vincado de muitas labutas com a vida. Era quase um amigo da família. Já era o quarto ano seguido que vinha para as vindimas do meu pai. Trabalhava muito e depressa. Gastava as forças como se trabalhasse para ele. Por isso era muito apreciado e na nossa vindima ele era uma espécie de capataz. 

Acabara de lhe ler a carta da mulher, escrita por uma vizinha. Uma carta! Nunca tal tinha acontecido, nem a ele que era maltês nem a mim que apesar dos meus trezes anos já levava alguns anos a assistir a vindimas e lagaragens e a conversas de malteses de origens, falares e idades muito variadas. Pela aldeia passavam de manhãzinha muito cedo, com os pais, já de enxada às costas crianças com os seus 11 anos a caminho da Quinta do Gradil. 

Por vezes avantajava-me e saltava para os lagares, enterrava as pernas nas uvas ou ia às vinhas nas carroças e vindimava, com uma tesoura grande de mais, para os cestos de verga dos homens.

Agora estava eu ali especado, junto ao lagar, de carta na mão, olhando incrédulo para o Sr Luís... apontei-lhe a carta, depois de duvidoso me certificar bem que era para ele. Mas estava lá tudo, o nome dele, a nossa morada e o remetente da Praxedes, sua mulher. Ao Sr. Luís passou uma nuvem de espanto e ansiedade pelo rosto. O coração repentinamente duro não o deixava falar. Depois de um silêncio, ainda a levantar as pernas bem alto, ritmadas, para pisar e repisar as uvas tintas, em balsa, que enchiam com o mosto o lagar até acima, pediu-me, por fim, com um nó na garganta:

— O patrãozinho leia-me essas letras se faz favor. 

Lembro-me que se aproximou do fuso e o segurou para receber as más notícias com algum amparo. Só podiam ser más notícias e bem más que maltês não recebe cartas de alegrias. Não é só a despesa de carta e selo e o incómodo de alguém que saiba escrever é a agonia de ter de se soletrar e expor, à frente de estranhos, numa e noutra ponta do correio, sentimentos, dores, desabafos, recomendações coisas que se devem manter em resguardo. 

Não havia mortes, nem hospitalizados, felizmente. Receara  em primeiro lugar pelo filho, da minha idade. No entanto o caso era grave. Pelos prejuízos, pela ofensa, pelo desafio que representava e pelo que havia de se seguir que o Sr. Luís não era homem para deixar as coisas assim. Tinham assaltado a casa de noite e tinham roubado a vitelinha que andava a criar para venda e fazer algum dinheiro que o salvasse dos maiores apertos. E tinham morto a Faísca, uma cadela que era um ás para os coelhos na época da caça e a bem dizer era parte da família. Aproveitavam-se de estar fora porque com ele em casa não se atreviam.

Pareceu-me que ia chorar mas não. O senhor Luís não era pessoa para chorar. Não chorou e não disse nada. Não se queixou. Disse só entre dentes: "hão de mas pagar". Mais para ele do que para mim que ainda não era gente, nem para os outros dois companheiros de lagar que não eram da mesma terra. Recomeçou a pisar a uva lentamente, com a cabeça baixa e o olhar cada vez mais turvo. Depois pediu-me para chamar o “paizinho”. Saiu do lagar, as calças arregaçadas quase até à virilha e molhadas de mosto, tirou dois baldes de água do poço para uma celha e lavou as pernas vermelhas do mosto das uvas tintas e restos de engaço. E foi preparar o alforge que estava no palheiro com as roupas velhas e sujas e o pão. O pão para a semana que ainda faltava.

Depois o meu pai pagou-lhe as jornas e ele pediu para dizer ao António, seu cunhado, que tinha vindo com ele e estava na vinha, que se tinha ido embora.

 Despediu-se sempre em silêncio.

 — O que é a vida de pobre! — Foi tudo o que disse como despedida e foi-se embora com o alforge às costas, um boné na cabeça e mais curvado do que era hábito. Partiu mesmo sem ser hora da camioneta. Não fiz o reparo. O momento não era para isso. Talvez fosse a pé pela estrada até a camioneta passar por ele. O caso e a sua impaciência não permitiam esperas. Seguiu-o à distância até ao portão e viu-o passar a casa do Curvo ao fundo da rua até desaparecer completamente. Roubar um maltês!.. E matar-lhe a Faísca!...

2021/11/30

PRESOS POLÌTICOS - Anos de prisão

É uma lista de presos políticos do PCP que mais anos de prisão sofreram durante a ditadura fascista.
Falta a lista dos presos políticos de outros partidos ou quadrantes políticos que não consegui recolher até ao momento.






2021/03/10

A bela Patricia Janečková e o seu belíssimo canto

Patrícia Janečková

Esta miúda - tem só 23 anos - canta maravilhosamente. É eslovaca mas nasceu na Alemanha, em 18 de Junho de 1998.
Diz a Wikipédia que "Ela venceu o programa de televisão checoslovaco Talentmania em dezembro de 2010[1] e se tornou famosa mundialmente, após a conquista, graças à cobertura da rede de televisão CNN."
                                                                Maravilhem-se! 


“Mein Lippen sie Kussen so heiss” (Meus lábios que beijam tão quentes)

é uma ária da opereta “Giuditta” do compositor austríaco Franz Lehar,

Giuditta: Cena IV. A letra da ária cantada pela Patrícia Janecková é esta:


Não sei porquê,
todos falam logo de amor,
quando estão perto de mim,
e me olham nos olhos
e me beijam as mãos.

Não sei porquê,
todos falam da magia,
a que nenhum homem resiste,
quando me vê,
quando passa por mim.

Mas quando a luz vermelha se acende
à meia-noite,
e todos escutam a minha canção,
tudo se torna mais claro:

Os meus lábios beijam tão quentes,
os meus membros são dóceis e brancos,
está escrito nas estrelas,
deves beijar, deves amar!
E eu danço, como que embriagada, pois sei,
Que os meus lábios beijam tão quentes!

Pelas minhas veias
corre o sangue da bailarina,
pois minha bela mãe
foi a rainha da dança
no Alcazar dourado.

Ela era tão maravilhosa,
muitas vezes a vi em sonhos.
Tocando a pandeireta numa dança selvagem,
e seus olhos se viam arder.

Ela renasceu em mim,
tenho o mesmo destino.
Danço como ela o fez à meia-noite,
e sinto o mesmo.

Os meus lábios beijam tão quentes…


2021/02/06

A revolução Etíope de Setembro de 1974

Estive em AdisAbeba, (3.400.000 ha) na Etiópia, país com cerca de 90 milhões de habitantes, para participar nos festejos do 3º aniversário da revolução, o seu "25 de Abril", que ocorreu em 12 de Setembro de 1974, depôs o imperador Hailé Selacié e um regime feudal. Em conversa com os capitães do "MFA etíope" , capitães bastante jovens, talvez por gentileza, eles me afiançavam que a sua revolução tinha sido inspirada na nossa que ocorrera 5 meses antes. Socorreu-nos o Francês que vários deles falavam porque o Etíope ou o Português, não funcionavam ali no Corno de África, em terras do Preste João.
Eu revelava-lhes o meu grande interesse em visitar a sua pátria nomeadamente porque, ao que se sabe, foi ali que, há uns 160.000 anos surgiu o Homo Sapiens o homem e a mulher actuais que depois se espalharam pelo resto do planeta até hoje. A Etiópia é um dos mais antigos países do mundo e o único em África que não foi colonizado, excluindo a breve ocupação pela Itália fascista de Mussulini (1936–1941) na sequência da segunda guerra italo-etíope.
Hospedaram-me no Hotel Ghion (Leão) e dali parti a pé para a tribuna, para assistir ao desfile da grande manifestação popular, dispensando o transporte que me facultavam, porque era próximo, já conhecia o caminho e queria ver a cidade. Arrependi-me. Uma chuva torrencial desabou sobre a cidade e a água entrava-me pelo colarinho e saía-me aos pés. Mas "não há mal que sempre dure" e tão rápida foi a chuva em aparecer como em desaparecer. Seguiu-se um milagroso sol tropical e abrasador que me enxugou em três tempos. Aí percebi que andarem todos de chapéu de chuva ou de sol pela rua não era uma moda parva. Para além do vídeo que por aí apanhei e mostra Adis Abeba, ofereço-vos umas fotos que lá tirei. Há ainda uma foto das Pirâmides de Gizé no Egipto que tirei, quando na viagem de regresso, as sobrevoei.

Ao Fundo o Hotel Ghion (Leão)





                          Esta foto é do Google                                                 Pirâmides do Egipto

2021/01/24

Amália a incomparável Amália em ABANDONO

Esta canção de Amália foi proibida pela PIDE, a polícia política do fascismo de Salazar, porque foi entendida como uma homenagem aos presos políticos na terrível prisão do Forte de Peniche.
 



2021/01/21

SERENA a artista da belíssima voz

 Esta miúda, quero dizer, esta artista! é uma jovem da minha aldeia, Vilar, do concelho do Cadaval e  ainda que em 4º grau é minha prima pois o seu bisavô, o Diniz, era meu primo direito. Não fiquem a pensar que tenho cento e tal anos. Tenho apenas 50 e tal mais concretamente... 50 e 32. Mas adiante. 

A jovem é a já famosa vocalista de nome artístico SERENA mas o seu nome, mesmo nome, é Laura Varges.  E só vos informo que sou primo dela, mesmo que afastadíssimo, porque é uma jovem cheia de talento, com uma voz maravilhosa e, como vereis no vídeo, lá para o meio, na conversa com o pessoal do The Voice Portugal é também uma jovem desembaraçada e plena de "glamour".
No Youtube escolhi este, entre os muitos vídeos dela, porque dá para apreciar também a sua conversa com o pessoal do programa televisivo.

2020/10/26

HOJE - HÁ 50 ANOS A 1ª ACÇÃO DA ARA - A SABOTAGEM DO CUNENE

 Hoje, 26 de Outubro de 1970, há 50 anos! às 5h da madrugada a Acção Revolucionária Armada - ARA levou a cabo a sua primeira acção contra o fascismo, contra a guerra colonial com duas grandes explosões no mais moderno cargueiro de transporte de armas e outras mercadorias de apoio à guerra colonial em Angola, Guiné e Moçambique.

A acção armada foi estudada e decidida no comando central da ARA (Jaime Serra, Francisco Miguel e Raimundo Narciso), executada sob direcção de RN por Gabriel Pedro e Carlos Coutinho com o apoio de António Pedro Ferreira, António João Eusébio, Victor Eça e Manuel Policarpo Guerreiro e o apoio de rectaguarda das respectivas companheiras.
Gabriel Pedro pai de Edmundo Pedro, ambos já falecidos, tinha então 72 anos. Era perseguido pela PIDE, preso muitos anos no campo de concentração do Tarrafal juntamente com o filho de 17 anos, também preso político e estava exilado em Paris. Soube da criação da ARA e pediu insistentemente a Álvaro Cunhal, então em Paris, para participar na primeira acção da ARA. E assim com credencial, senha e contra-senha nos encontrámos, em Outubro de 1970, no local combinado, próximo da Calçada da Ajuda, em Lisboa. 
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Eis um recorte da notícia saída num dos principais matutinos de então, o jornal  O Século.:


    
                                                                                            Postal de propaganda da acção armada      

         
Foto de documento encontrado pelo autor deste "post", na Torre do Tombo, para o seu livro sobre a ARA. A imagem mostra um dos rombos no costado do navio com um trabalhador no porão com água até à cintura. 
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Este foi o primeiro comunicado da ARA que óbviamente a Censura não deixou publicar mas correu pelas vias da clandestinidade e foi divulgado pelas rádios clandestinas: a Rádio "Voz da Liberdade" (unitária) a partir de Argel e Rádio Portugal Livre (do PCP) a partir da Roménia. Ouviam-se esta e outras rádios desafetas ao regime fascista, em onda curta com o som abafado para os vizinhos (e... a PIDE) se não aperceberem.

  ACÇÃO   REVOLUCIONÁRIA   ARMADA  (ARA)

 -- Comunicado –

Hoje , dia 26 De Outubro, cerca das cinco horas da manhã, um comando da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA (ARA), levou a cabo com êxito a primeira operação revolucionária armada contra o aparelho de guerra do governo fascista. 

Em virtude desta acção ficou alagado e imobilizado na doca de Alcântara, em Lisboa, com grande rombo o navio CUNENE de 160.000 toneladas que é utilizado para alimentar a guerra de opressão colonial. O Comando Central da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA declara que ao atacar a máquina de guerra que alimenta a guerra colonial não estamos contra os soldados, os sargentos e oficiais honrados, forçados a fazer uma guerra que odeiam. Estamos, sim contra a continuação desta criminosa guerra de opresso colonial que se transformou num flagelo para os povos de Angola, Guiné e Moçambique e num cancro que corrói a nação, que queima vidas e bens do povo português para servir os interesses dum punhado de monopolistas sem pátria. Estamos solidários com a justa luta libertadora dos povos coloniais. 

A ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA propõe-se conduzir a sua acção revolucionária no quadro da luta geral do povo português contra a ditadura fascista e pela conquista da liberdade. Deste modo a ARA não se desliga da luta revolucionária das massas, da luta dos operários e camponeses, da luta dos estudantes e intelectuais revolucionários contra a política fascista do governo de Marcelo Caetano; antes se propõe secundá-la até à insurreição popular armada que destruirá para sempre a ditadura fascista e o poder dos monopólios e latifundiários, assim como o domínio imperialista no nosso país.

      26 de Outubro de 1970

 VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!

                                                O Comando Central

                                                da ACÇÃO REVOLUCIONARIA ARMADA


Aqui neste link  encontrará informação sobre as acções da ARA e os respectivos executantes, sobre o comando central e outras nomeadamente este quadro :

A publicação do nome dos participantes na actividade da ARA, constantes do livro ARA-Acção Revolucionária Armada, publicado pela Editorial D. Quixote, em 2000, foram autorizados pelos próprios. 
 



 

2020/09/15

 


Olá, seja bem-vindo a mais um vídeo do blog Como Educar Seus Filhos. 

Eu sou Carlos Nadalim e é com muita alegria que hoje, neste vídeo, vou disponibilizar para você uma entrevista que realizei em agosto em Minas Gerais com o professor José Morais. Se você ainda não conhece o professor José Morais, você ficará encantadíssimo, pois se trata de um dos grandes nomes da ciência cognitiva no mundo. 

José Morais é professor emérito da Universidade de Bruxelas e é um dos grandes pesquisadores no campo da ciência cognitiva, estabelecendo as relações entre a ciência cognitiva e a educação. Você que já está com o “saco cheio” do construtivismo e não sabe como justificar sua posição terá agora a oportunidade de conhecer um autor, pesquisador e cientista de renome mundial que prova por “A+B” porque o construtivismo é ineficaz. Nos escritos do prof. José Morais e em suas pesquisas vocês encontrarão dados e mais dados sobre a eficácia do método fônico. 

Por que fico tão contente ao apresentar o professor José Morais para vocês? Porque no meu curso “Ensine Seus Filhos a Ler – Pré-Alfabetização” tenho toda uma fundamentação teórica pautada na obra do professor José Morais. Acompanhe a entrevista, nela farei algumas perguntas a respeito do livro Criar leitores, que recomendo para todos. Tentei aproveitar ao máximo o tempo disponível para a entrevista. 

O professor Luiz Faria e eu ficamos por duas horas ao lado do professor José Morais e, como a entrevista ficou muito longa, fizemos uma edição especial para disponibilizar os melhores momentos da conversa. Acompanhe com atenção, faça suas anotações, com certeza você deve se interessar por esse assunto importante que é a alfabetização de crianças.

Por falar em alfabetização, quero anunciar aqui que futuramente lançaremos uma nova turma do curso “Ensine Seus Filhos a Ler – Pré-Alfabetização”. Se você tem interesse em participar dessa nova turma, cadastre-se e receba todas as nossas atualizações e as informações sobre a nova turma do curso.

Fiquem agora com a nossa entrevista, espero que gostem da minha conversa com o professor José Morais.

Prof. Carlos: Olá, seja bem-vindo a mais um vídeo do blog Como Educar Seus Filhos! Hoje estou ao lado de um dos mais importantes psicolingüistas do mundo, o professor José Morais. Professor, seja muito bem-vindo ao blog.

Prof. José Morais: É um prazer estar aqui.

Prof. Carlos: O professor José Morais teve uma carreira na Universidade livre de Bruxelas e tem um imenso trabalho e livros publicados sobre alfabetização. Professor José Morais, li com muito cuidado o seu livro Criar leitores. No primeiro capítulo da obra você mostra a importância da família no início do processo de alfabetização e fala sobre a leitura partilhada e seus benefícios, como ela deve ocorrer não só no ambiente escolar, mas também em casa. Você poderia explicar aos pais o que é a leitura partilhada, sua importância e seus benefícios ao longo da alfabetização?

Prof. José Morais: A leitura partilhada é feita pelos pais porque a criança ainda não sabe ler. Então, com o livro entre eles (ou outro suporte), o pai ou a mãe lê para o filho (ou filhos) indicando o que está no texto, como as imagens também, sobretudo para crianças pequenas. Então, vai apontando, mostrando as imagens, como a leitura se faz da esquerda para a direita, mostrando o que é a letra, que há espaços vazios entre as palavras, enfim, tudo isso é importante para a criança começar a se familiarizar com o material escrito e com outros aspectos também. Em geral, isso não se dá nos primeiros anos, é claro, mas um pouco depois. A linguagem escrita é muitas vezes de evocação, fala de coisas que não estão presentes e utiliza construções sintáticas que não são habituais na linguagem oral. Por outro lado, também se trata de uma linguagem um pouco mais sofisticada. Tudo isso vai habituar a criança não só às características do material escrito, mas até a características, digamos, de uma linguagem mais avançada que ela tem de dominar também para que, ao chegar à escola e encontrar os textos que lá terá de trabalhar e começar a ler, isso não crie dificuldades para ela.

Prof. Carlos: O senhor comenta em alguns momentos os benefícios da prática da leitura partilhada. Poderia citar alguns?

Prof. José Morais: São enormes, mas aqui faço uma ressalva. Há estudos que...
......
Continua aqui: http://puxapalavrainextenso.blogspot.com/2020/09/entrevista-ao-prof-jose-morais.html 

2020/09/07

 https://www.brasil247.com/regionais/sul/trf4-manda-para-sao-paulo-acao-da-lava-jato-e-comprova-que-perseguiu-lula

2020/08/31

CONSTANÇA SOUSA E MELO - tem 11 anos e canta - I DREAMED A DREAM

Estamos em 2014 e Constança tem 11 anos. Constança canta e encanta. A sua prestação, como vereis, arranca aplausos e emociona. Parabéns! Que os teus sonhos, ser "médica e cantora que canta bem", se concretizem.
Hoje, em 2020, Constança tem 17 anos e aqui oferecem-nos dados biográficos:   https://www.oclarim.com.mo/todas/nova-voz-de-portugal-reavive-tradicao-classica/  
      

2020/07/16

A eleição dos 1ºs Órgãos Sociais do NAM em 2008

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Recentemente, no Facebook, um ilustre capitão de Abril que esteve na origem do Movimento Não Apaguem a Memória, DC, talvez por ter perdido a memória, disse num comentário a um artigo de Mário de Carvalho, no Facebook, no dia 10 de Julho, o seguinte:

"... Estive no lançamento do MNAM [Movimento Não Apaguem a Memória] em 5 Out 2005...(fui a tribunal como o João Almeida, fomos absolvidos) etc...até o Raimundo ter aparecido com 40 pessoas escolhidas por ele e pelo seu recente PS, numa Assembleia Geral do NAM ,nas instalações da A25A...e ele ter sido eleito presidente até hoje."

Sou amigo deste distinto capitão de Abril e um dos elementos que está na origem do NAM e acredito que julga estar a dizer verdades verdadeiras. 

Vamos então ao factos.
As primeiras eleições para os órgãos sociais do NAM, com a natureza jurídica de associação, realizaram-se em 17 de Maio de 2008, numa Assembleia Geral convocada para o efeito, com a devida antecedência, na Rua da Emenda, nº 107 (ao Chiado, em Lisboa e não nas instalações da A25A).
Após prévio anúncio e aberto o período para a apresentação de candidaturas surgiu apenas uma lista candidata.
Manifestação de ex-presos políticos do Aljube, promovida pelo Artur Pinto em representação do NAM, no Aljube, em 1/7/2006, para exigir a sua transformação em museu o que foi conseguido e veio da ser inaugurado pelo presidente da CML, Fernando Medina, em 25 de Abril de 2015 . 
____________
Aos cerca de mil associados foram enviados, em geral por email, um boletim de voto com a composição da lista única entretanto apresentada, com o seu programa eleitoral e o nome de 47 sócios que subscreviam - apoiavam - tal candidatura. (Ver anexos no fim deste texto).
A eleição com voto secreto decorreu de modo presencial, em urna, na referida assembleia geral, entre as 10 e as 18 horas e através de voto por correspondência para o apartado anunciado, até ao dia 16 de Maio, de forma secreta, com o boletim de voto previamente enviado dentro de envelope fechado dentro de outro envelope com o nome do eleitor e fotocópia do BI.  A comissão eleitoral levantou a correspondência do apartado, e na presença dos sócios presentes na AG abriu os envelopes confirmou identidades e colocou na urna o envelope fechado que vinha no seu interior com o boletim de voto. 
A contagem final dos votos foi pública, nessa AG e verificaram-se 198 votos favoráveis, 10 votos brancos e 23 nulos por não respeitaram as regras que garantiam o secretismo do voto, como indicado.
Portanto, seguramente por falta de memória, não se confirma o que o meu ilustre amigo capitão de Abril, referiu aqui:
   https://www.facebook.com/mariodecarvalho.escritorpagina/posts/1833931763413073   no 16º comentário :

"...o Raimundo ter aparecido com 40 pessoas escolhidas por ele e pelo seu recente PS, numa Assembleia Geral do NAM, nas instalações da A25A... e ele ter sido eleito presidente até hoje."
Ora este " hoje" é o dia 10 de Julho de 2020 e o tal Raimundo foi presidente do NAM em dois mandatos de 2 anos cada, de 2008 a 2012 e mais tarde no mandato de 2014 a 2016, o que é, parece-me... manifestamente diferente de ter sido presidente de 2008 até hoje 16/07/2020. De 2014 a 2016 foi Helena Pato, a presidente da direcção, com um mandato brilhantíssimo. Actualmente é presidente da direcção Fernando Cardeira que está a ter o seu mandato sabotado por esse vírus traiçoeiro que anda por aí escondido. 
Por outro lado não se tratava de uma lista de gente do PS. Membros do PS seriam talvez 2, admito eu, na lista de 13 nomes.

Anexos: 1) Lista proposta e seus avalistas:

Corpos Sociais da Associação

 Movimento Cívico Não Apaguem a Memoria!

  
Direcção
Assembleia Geral
Presidente – Raimundo Narciso
Presidente – Isabel Patrício
Vice-Presidente – Lúcia Ezaguy Simões
Secretário – Rui Miguel Lage Ferreira
Secretário – Jorge Martins
Secretário – João Caixinhas
Tesoureira – Joana Lopes
Conselho Fiscal
Vogal – Diana Andringa
Presidente – Sérgio Parreira de Campos
Vogal – Irene Pimentel
Vice-Presidente – Joaquim de Oliveira Soares
Vogal – Manuela Braz Almeida
Secretário – José Hipólito dos Santos

         Sócios Subscritores 
 Alfredo Ladeira Caldeira
 Maria Antónia A S Palla e Carmo
 António Duarte Arnaut 
 Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva
 António José C Baptista Lopes
 Maria Emília Almeida Neves
 António Maria Sousa Almeida
 Maria Helena Dias Carneiro
 Aquilino Ribeiro Machado
 Maria Helena Mendonça da Silva
 Armando Batista Bastos
 Maria Helena Reis Cabeçadas
 Artur Eduardo Pires Alexandre Pinto
 Maria João A Gerardo A Pinto
 Edmundo Pedro
 Maria José F Matias Belbut
 Eugénio M. Bilstein de M de Sequeira
 Maria Júlia P.O. B de Matos Silva
 Eurico José Marques dos Reis
 Maria Lucília da Liberdade M Santos
 Fernando Adalberto V de Matos Silva
 Maria Luísa Corte-Real M Nogueira
 Fernando José Mendes Rosas
 Maria Manuela C. A. Trancoso
 Helena Catarina Silva Lebre Elias
 Maria Manuela Paiva F Tavares
 Iva Humberta de Andrade Delgado
 Nelson Manuel G Durão de Matos
 José Luís Saldanha Sanches
 Nuno Teotónio Pereira
 José Manuel da Silva Dias
 Pedro Bacelar de Vasconcelos
 José Manuel M C.M. Tengarrinha
 Rui Flunser Pimentel
 José Manuel Sequeira Louza
 Rui Manuel Bebiano de Nascimento
 José Manuel Serra Picão de Abreu
 Rui Nogueira L. Alarcão e Silva
 José Paulo de A da Silva Graça
 Rui Silva Veiga Pinto
 José Vera Jardim
 Sara Barros Queiroz Amâncio
 Júlia Alberta de A M Mendes Valério
Teresa Amado
 Luís Manuel do Carmo Farinha
 Teresa Maria de Freitas M Spranger
 Manuel Serra

        Lisboa, 17 de Maio de 2008
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Homenagem, organizado pelo NAM, em 14/01/2012, aos participantes no assalto ao quartel de Beja, pelo seu 50º aniversário. Intervenção de Eugénia Varela Gomes (Link) 
Anexo 2)
Programa eleitoral (2008-2010)
Preâmbulo
Criado em 2005, o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! marcou presença desde então na sociedade portuguesa, cresceu e consolidou-se.
Não foi por acaso. O movimento veio indiscutivelmente responder a um anseio de muitos portugueses que não se conformavam com a tendência para o branqueamento de meio século de ditadura. Por não ser partidário, o movimento foi capaz de chamar a si activistas e apoiantes de diversos quadrantes políticos, conseguindo congregar inúmeras pessoas em torno de uma causa nacional.

A organização pouco estruturada deste movimento, baseada em pequenos grupos de trabalho e em plenários regulares, revelou-se adequada, nesta primeira fase. A informalidade no modo de organização e de funcionamento com o passar do tempo começou, todavia, a evidenciar as suas limitações. Importantes acções ligadas aos locais simbólicos da resistência à ditadura como a sede da ex-PIDE e a cadeia do Aljube ou a petição à Assembleia da República foram iniciadas mas a fluidez do movimento foi um obstáculo à sua continuidade. Foi difícil também a expansão do movimento a nível nacional através da criação de núcleos locais/regionais, indispensável para o seu fortalecimento e para ampliar o número de apoiantes. Ao cabo de 3 anos apenas um núcleo foi criado, no Porto.

Após um amplo, participado e aprofundado debate, ocorrido entre Setembro de 2007 e Março de 2008, sucessivos plenários aprovaram por larga maioria a transformação do movimento em associação e aprovaram os seus estatutos.

Lista A que agora se candidata às primeiras eleições para os corpos sociais dará continuidade ao trabalho desenvolvido pelo movimento e preservará o que de melhor nele se revelou. Apoiará os grupos de trabalho existentes e estimulará a criação de outros, submetidos naturalmente a regras mas dotados da máxima autonomia, geradora de criatividade, entusiasmo e responsabilidade.
Desenvolverá a cooperação com organizações nacionais e internacionais que prossigam objectivos similares. Focalizará os seus esforços nas gerações mais jovens, desenvolvendo acções de cunho cultural e pedagógico para o que procurará a cooperação de escolas e do poder local.
A associação parte de uma base financeira, material e logística praticamente nula. Estamos convencidos, no entanto, que conseguiremos os meios necessários para atingir fins tão mobilizadores como aqueles que nos propomos

Objectivos e actividades associadas

Dando continuidade aos fins consignados na Carta do Movimento, a associação tem por objecto a salvaguarda, investigação e divulgação da memória da resistência à ditadura e da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974. Assim propomo-nos:

1. Exigir do Estado português o cumprimento do Dever de Memória:
1.1. Insistir no sentido da aprovação da resolução parlamentar originada pela petição do NAM.
1.2. Procurar que a AR aprove futuramente uma Lei da Memória.

2. Promover a criação do Museu da Resistência e da Liberdade na antiga prisão do Aljube:
2.1. Insistir junto do Governo para que as instalações da antiga cadeia do Aljube se transformem em local da memória.
2.2. Elaborar um projecto que viabilize a criação do museu, de forma progressiva, com o aproveitamento, numa primeira fase, de espaços para a divulgação desta memória, através de eventos artísticos, literários e outros afins.
2.3. Recolher/compilar materiais, documentais ou outros, de interesse sobre o tema.

3 Criar uma rede de núcleos museológicos e criar um memorial às vítimas da PIDE:
3.1. Relativamente às instalações da ex-PIDE em Lisboa:3.1.1. Reatar as negociações com a Câmara Municipal de Lisboa e com o promotor imobiliário para a cedência de um espaço no local para instalação do núcleo.
3.1.2. Promover a elaboração do projecto arquitectónico e museológico para ocupação do espaço.

3.2 Relativamente ao memorial:3.2.1. Reatar as negociações com a C. M. de Lisboa para que o monumento, pelo seu simbolismo e carga histórica, seja localizado na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde no dia 25 de Abril de 1974 caíram, sob o fogo dos agentes da polícia política, as derradeiras vítimas da PIDE.
3.2.2. Organizar uma subscrição pública para financiamento do projecto de edificação.

3.3. Promover ou colaborar em iniciativas tendentes à preservação da memória relacionadas com outros símbolos maiores da repressão e tortura como foram as prisões de Peniche e Caxias ou a sede da PIDE no Porto.

4. Construir roteiros da resistência e da liberdade
4.1. Construir o roteiro virtual da memória, a nível nacional.
4.2. Elaborar o roteiro da memória da resistência e da liberdade da cidade de Lisboa e de outros locais.
4.3. Desenvolver parcerias com instituições públicas e privadas para a elaboração de roteiros locais.

5. Promover um conhecimento mais amplo da história contemporânea, em particular do período do Estado Novo.
5.1. Assinar protocolos com centros de investigação de História Contemporânea e instituições congéneres e afins para promover estudos sobre o Estado Novo.
5.2. Estabelecer contactos e parcerias com instituições estrangeiras afins, privilegiando a Espanha, Cabo Verde (Tarrafal) e Angola (prisões políticas do colonialismo).
5.3. Produzir materiais didácticos, preferencialmente em suporte informático em colaboração com as escolas.

6. Divulgar a memória da resistência
6.1. Organizar conferências e colóquios para divulgar temas relacionados com a Memória da luta pela liberdade e a democracia (como, por ex. um Congresso Internacional sobre a Tortura e/ou sobre Fascismos).
6.2. Colaborar na organização do Colóquio Internacional sobre os Campos de Concentração, a realizar em Cabo Verde.
6.3. Organizar comemorações de efemérides (Desfile do 25 de Abril; 5 de Outubro e outras).
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