2005/05/13

Ainda sobre W.Bush em Riga

No Público de hoje diz-se que documentos do FBI confirmam aparentemente que o dissidente Luis Posadas Carriles autor em 1976 de um ataque terrorista que derrubou um avião cubano e matou 73 pessoas, afinal actuava já como agente da CIA. Outros atentados de Posadas e a protecção de que gozava podem ser lidos [aqui]. Moral da história (para certas pessoas e certos Estados) o terrorismo é bom ou mau conforme convém ou não.
Vem isto a propósito de um post que coloquei [aqui]. e que, em resumo, diz que não faz sentido a crítica de Bush a Roosevelt ou Churchil que teriam sido indulgentes com Stalin nos acordos de Yalta.
Victor Sousa do Estranho Estrangeiro teve a amabilidade de deixar um comentário, que agradeço, no qual, demarcando-se de Bush, considera fazer sentido a posição que ele expressou em Riga:

"O Mundo Ocidental livre, que englobava as potências que emergiram da 2ª Guerra Mundial ostentando o poder decorrente da vitória, sentiram pudor em aplacar os intentos de Estaline. O erro, indubitavelmente, existiu. Os presentes na conferência em Yalta anuiram à subjugação dos países do Báltico devido à descortesia que isso representaria para com os soviéticos."

Contrariando esta ideia sustento que as bandeiras da "liberdade" e dos "direitos humanos" , são grandes bandeiras dos democratas mas na boca de imperialistas servem apenas para combater com "legitimidade" as ditaduras que não lhes convêm, no caso, ao Tio Sam.
Assim os dólars jorram para libertar a Ucrânia, a Geórgia, a Bielorúcia e outros Estados mais ou menos ditatoriais ou invadem o Iraque, ou conquistam Granada, ou bombardeiam Manágua e levam preso o Chefe de Estado da Nicarágua, ou derrubam Governos democraticamente eleitos como o de Allende no Chile ou de Arbentz na Guatemala. Mas ou reina a maior indiferença ou são mesmo amparadas as ditaduras que servem os interesses dos EUA, como a Arábia Saudita, o Kuwait, o Paquistão, o Egipto, a Indonésia (enquanto durou Suharto), Portugal de Salazar, Espanha de Franco, a Grécia dos coronéis e todas as que enxameavam a América Latina.
Mesmo relativamente à 2ª Guerra Mundial anotemos os "escrúpulos" dos grandes poderes que comandam o Estado norte-americano.
De 1939 a 45 as filiais da General Motors (proprietária da Opel desde 1929) na Alemanha nazi produziram 50% dos motores dos melhores bombardeiros da Luftwaffe, os Junker 88. GM e Ford produziram 80% das viaturas médias e 70% dos camiões pesados do Exército Alemão. Em 1943 no auge da guerra as filiais da GM, conceberam e construiram os motores para o primeiro avião a jacto do mundo, o Messerschmitt 262.
Depois da guerra a GM e a Ford conseguiram que o Governo norte-americano as indemnizassem pelos prejuízos sofridos nas suas fábricas, ao serviço de Hitler, pelos bombardamentos cegos da aviação dos... Estados Unidos. A primeira recebeu 33 milhões de dóllars, a Ford só um milhão.
Menos sorte teve Prescot Bush, avô do actual W.Bush que acabou por ver contrariados os seus interesses em várias empresas que possuia na Alemanha e negócios com o regime nazi relativamente ao qual tinha uma atitude simples e ordeira: fazer dinheiro. Não tinha qualquer simpatia especial pelo Fuher. Nem tão-pouco qualquer rebate de consciência com os campos de concentração ou a morte dos soldados americanos. Era um cidadão do mundo, um homem de negócios. Aproveitava a oportunidade. Como manda a moral comercial. Como faz W. Bush.

Memórias da 2ª GM. O massacre de Katyn

Quando em Setembro de 1939 Hitler invadiu a Polónia por Ocidente, Stalin invadiu-a por Oriente. A Polónia foi mais uma vez repartida. Quase todo o país ficou sob a posse da Alemanha e uma parte menor, confinante com a URSS, para esta.
420 mil militares polacos foram aprisionados pelos alemães e 250 mil pelos soviéticos.
Em 1943, as tropas nazis durante a ocupação da Rússia, descobrem na floresta de Katin valas comuns com milhares de corpos de oficiais polacos assassinados. Informam o mundo e atribuem o crime ao Exército Vermelho. Os soviéticos negam e atribui-o aos nazis. Para não prejudicar a aliança necessária com a URSS os aliados (EUA,Inglaterra) não procuraram aclarar o caso.
Só com Ieltsin após a queda do regime comunista, a Rússia reconheceu a autoria do crime de Katyn.
Por ordem de Stalin, na Primavera de 1940, foram assassinados na floresta de Katyn, cerca de 22 mil oficiais "reaccionários" polacos. Um dos mais repugnantes crimes do ditador soviético.
Os comunistas, com a boa fé que resultava da fé no comunismo, tinham passado a vida a negar, a denunciar a "intriga" e as "falsas acusações imperialistas" sobre esse nefando crime "nazi".