1º Comunicado da ARA emitido por ocasião da sua 1ª acção armada em Outubro de 1970:
O Diário de Notícias, de 25 de Abril de 1999, publicou o artigo, abaixo reproduzido, de António Valdemar:
O último julgamento do tribunal plenário"Na manhã do próprio 25 de Abril [de 1974], antes da consolidação do MFA, decorria, na Boa Hora, mais uma sessão do julgamento do caso da ARA (Acção Revolucionária Armada), organização afecta ao Partido Comunista. Foi o último processo a ser julgado naquele tribunal de execrável memória. Presidia o desembargador Fernando Morgado Florindo. Na sequência da ligação directa do Plenário com a PIDE, Morgado Florindo exarou um despacho, até agora inédito e que reproduzimos na íntegra:
"Tendo a Direcção-Geral de Segurança comunicado telefonicamente a impossibilidade de assegurar a condução dos réus a este tribunal, devido ao Movimento das Forças Armadas, adiou "sine-die" o julgamento. "
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Presos em Janeir/Fevereiro de 1973 aguardavam julgamento
Carlos Coutinho, (31 anos) arquivista no jornal O Século.
Manuel Policarpo Guerreiro, (31anos) operário, pintor da construção civil.
Manuel Guerreiro, (31 anos) motorista, de Grândola.
Amado Ventura da Silva (29 anos) engenheiro agrónomo.
Mário Wren Abrantes da Silva, (24 anos) estudante de Agronomia.
Ramiro Morgado (34) anos, operário, lapidador de diamantes, de Moscavide.
Estes operacionais da ARA foram presos em Janeiro/Fevereiro de 1973, na sequência da prisão de um funcionário do PCP, que passou a colaborar com a PIDE e que denunciou contactos antigos com alguns destes membros da ARA quando faziam parte de organizações que ele controlou.
A ARA foi uma organização criada pelo PCP para a luta armada contra o regime fascista e em especial contra as guerras coloniais de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
A preparação das acções armadas teve início ainda em 1964 mas sucessivas vagas de prisões, desencadeadas pela PIDE/DGS contra o PCP, atrasaram e interromperam o processo do seu levantamento. Activa entre 1970 e 73, realizou acções armadas com grande impacto político.
A ARA era uma organização pequena, com regras de secretismo muito severas, que repudiava o terrorismo planeando as acções de modo a evitar atingir pessoas, mesmo acidentalmente.
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Acçãos armadas realizadas pela ARA
26-11-1970 – Sabotagem do navio Cunene, o mais moderno cargueiro português, dedicado à logística das guerras coloniais, na doca de Alcântara, no porto de Lisboa.
21-11-1970 – Destruição de material de guerra, que devia seguir para a guerra em Angola, no porto de Lisboa, junto ao navio Niassa.
21-11-1970 – Explosão na Escola Técnica da PIDE, em Sete Rios, Lisboa. Às 4h da madrugada
21-11-1970 – Explosão, no Centro Cultural Americano, em Lisboa, às 4 h da madrugada.
08-03-1971 – Destruição total ou parcial de 12 aviões e 16 helicópteros na Base Aérea Nº 3.
03-06-1971 – Sabotagem da Central de telecomunicações de Lisboa, no dia da reunião ministerial da NATO deixando o país isolado quanto a telecomunicações.
03-06-1971 – Derrube de 3 torres de alta tensão, em Sacavém, que provocaram o corte de energia eléctrica na região de Lisboa, no dia da reunião ministerial da NATO.
03-06-1971 – Derrube de 2 torres da rede eléctrica de alta tensão, em Belas, com o mesmo objetivo.
02-10-1971 – Assalto a um paiol, na zona de Loures e "confisco" de 500 kg de explosivos.
27-10-1971 – Explosão no Quartel General da NATO, em Oeiras, três dias antes da inauguração internacional.
12-01-1972 – Destruição de material de guerra, nos armazéns do cais de Alcântara, no porto de Lisboa, antes do seu embarque, no navio Muxima, para as guerras coloniais.
12-01-1972 – Sabotagem de 8 torres da rede eléctrica de alta tensão na região de Lisboa.
12-01-1972 – Sabotagem de 4 torres de alta tensão na região de Coimbra .
12-01-1972 – Sabotagem de 8 torres de alta tensão na região do Porto. Estas sabotagens provocaram o corte de energia elétrica no país, durante o dia das pseudo - eleições do Presidente da República, almirante Américo Tomaz.