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2020/04/30
2020/04/27
Grândola Vila Morena - cantada na Itália no 25 de ABRIL
25 de Abril dia da Liberdade. Em Portugal, em 1974 --
Na Itália, em 1945.
Este 25 de Abril, em Itália, cantaram "Grândola Vila
Morena".
Tal como em Portugal, o dia 25 de Abril representa na Itália o
fim do regime fascista. É a data da libertação de Roma e da Itália, das tropas
nazis de Hitler de quem Mussolini, o ditador italiano, foi aliado, na 2ª Guerra
Mundial (1939-45).
Nós temos a Grândola Vila Morena, cantada pelo Zeca Afonso, como
o "hino" da nossa libertação, os italianos têm a "Bella
Ciao" como o "hino" da luta antifascista dos
"partisans" (os guerrilheiros e clandestinos italianos) na libertação
de Roma e de Itália do fascismo de Mussolini.
Em Portugal a ditadura durou 48 anos na Itália a ditadura de
Mussolini durou 20 e terminou em 1945 com a derrota da Itália na 2ª guerra
mundial
Salazar era um admirador de Mussolini e tinha no seu gabinete
uma foto sua. E, convém não esquecer, quando Hitler se suicidou, no fim da 2ª
Guerra Mundial, cercado em Berlim, pelas tropas soviéticas, Salazar decretou
luto nacional em Portugal.
2020/04/23
2020/03/01
O Henrique Ruivo e a Madalena... morreram a semana passada.
Numa semana - semana fatídica - morreram quqtro amigos meus o Pina Moura, o Pedro Baptista, o Henrique Ruivo e a Madalena sua companheira.
Nos últimos anos só nos víamos esporadicamente mas lá mais para trás passámos belíssimas férias juntos com os nossos filhos. Nos Olhos d´Água e outras praias do Algarve.
O Henrique era não só um grande artista plástico mas um homem culto, comprometido com a luta contra o fascismo e pela liberdade. Era um excelente companheiro. Deixo as minhas condolências à família, à Ana e ao André.
Henrique Ruivo ia expôr na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal, a partir de 7 de março. A exposição mantêm-se e será também uma homenagem ao excelente artista.
2020/02/22
PEDRO BAPTISTA - CIDADÃO DO PORTO
Esta
5ª feira, 20-02-2020, foi um dia fatídico. Nesse dia, num dia, morrem dois
amigos meus. Pedro Baptista no Porto e Joaquim Pina Moura em Lisboa. Ao Pina
Moura que estava muito mal há anos, dediquei a crónica precedente e agora dedico
umas palavras ao meu amigo Pedro Baptista, ao passado comum e à terrível
surpresa, pois encontrava-se bem e como sempre muito activo.
Membro
da Assembleia Municipal do Porto fora nomeado comissário geral para as
comemorações dos 200 anos da Revolução Liberal do Porto. Poucas horas antes da inauguração
do grande evento cuja preparação o ocupou nos últimos tempos Pedro Baptista despediu-se
no Facebook com
“É hoje! Até já!”. Até nunca, até nunca, afinal.
Quando
com José Barros Moura, José Ernesto, António Graça, António Hespanha, Pina
Moura, Victor Neto, José Manuel Correia Pinto, José Luís Judas, Fernando Castro, António
Teodoro, Osvaldo de Castro, e muitos outros criámos, em 1992, a associação política
Plataforma de Esquerda, Barro Moura, amigo de Pedro Baptista, convidou-o a
participar. Na sequência do acordo com o PS para as eleições de 1995 para a AR fomos
ambos eleitos deputados. Trabalhávamos no mesmo gabinete, grande e espaçoso que
acolhia ainda, o capitão de Abril Marques Júnior, a Maria Carrilho e o ex-ministro
Eduardo Pereira. De modo que convivemos de modo muito próximo, durante 4 anos o
que me permitiu apreciar a inteligência e sagacidade do Pedro para além do seu agradável
espírito de humor quantas vezes cáustico. Lembro-me de quando nas 6ªs feiras,
ao fim da tarde, antes de partir para o seu muito querido Porto, gostava de nos
desafiar e despedia-se de nós “Até para a semana! Vou para Portugal!!”, sim que
o Sul não passava de terra de mouros!
Pedro
Baptista era um apaixonado e grande cultivador da nossa língua e da história de
Portugal. Tenho alguns dos livros que publicou. Encontrávamo-nos de longe em longe,
mais em Lisboa que no Porto. E conversávamos, até há poucos dias, pelo Facebook.
Desfecho tão inesperado deixa-nos perplexos e tristes. Ficam os pêsames à
família tragicamente enlutada.
* Nota: a imagem foi obtida aqui (Link)
Joaquim Pina Moura deixou-nos
Morreu o
Joaquim Pina Moura. O nosso querido amigo Pina Moura. Era um dos meus amigos
mais estimados. Mas há muito que vinha morrendo aos poucos, a perder a noção do
mundo à volta. Afligia-me muito estar com ele neste estado. O velório é neste domingo, 23 de Fevereiro, no Museu dos Coches, em Belém, Lisboa.
Pina Moura para além das sua grande capacidade intelectual e de trabalho era um companheiro muito solidário e que todos os seus amigos muito prezávamos. Apesar do seu estado de saúde, desde há tantos anos, a notícia do seu falecimento causou entre os seus amigos grande consternação.
À Herculana, aos filhos, ao irmão Viriato, à restante família, sentidos pêsames, meus e da Maria Machado.
Joaquim Pina Moura com Herculana de Carvalho, sua mulher, em 13 de Novembro
de 2009 com um grupo de amigos num restaurante em Lisboa.
Convivemos
estreitamente durante muitos anos no PCP e no seu Comité Central. Depois, com
outros, afastámos-nos do PCP num processo que decorreu entre 1987 e 1991. Ainda no partido mas já em processo de rotura criámos com outros, muitos outros, o INES
(Instituto Nacional de Estudos Sociais) um movimento político que mobilizou uma
grande parte da intelectualidade do PCP nomeadamente José Saramago e muitos outros intelectuais e artistas
Para fundamentar e alicerçar as propostas políticas que depois defendíamos nas
reuniões do Comité Central do PCP, fizemos muitas reuniões em casa de Pina Moura.
Consumada a rotura com o partido em 1991 criámos, Pina Moura, Barros Moura,
Mário Lino, José Luís Judas, Osvaldo de Castro, Vitor Neto, Fernando Castro, Hilário Teixeira, eu
próprio e outros ex-militantes do PCP e activistas políticos de outras origens, uma
associação política a Plataforma de Esquerda que atingiu os 1.200 associados.
Nas vésperas
das eleições para a AR de 1995 a plataforma de Esquerda fez um acordo eleitoral
com o PS e desenvolveu um trabalho de
mobilização conjunta do eleitorado em todo o país nos chamados Estados Gerais nos quais Pina Moura teve um
papel muito destacado que não passou despercebido a Guterres que, após a sua
vitória eleitoral em 1995, o chamou para Secretário de Estado, e depois numa
carreira fulgurante para Ministro da Economia e em seguida para Ministro da
Economia e das Finanças.
Encontro com Gorbatchov
em Cascais a convite de José Luís Judas então presidente da Câmara Municipal desta
idade. Pina Moura está à esquerda de Gorbatchov. A foto é de notícia do
Expresso, de 24 de Junho de 1995
Pina Moura para além das sua grande capacidade intelectual e de trabalho era um companheiro muito solidário e que todos os seus amigos muito prezávamos. Apesar do seu estado de saúde, desde há tantos anos, a notícia do seu falecimento causou entre os seus amigos grande consternação.
À Herculana, aos filhos, ao irmão Viriato, à restante família, sentidos pêsames, meus e da Maria Machado.
2020/02/15
NAM presta homenagem a Humberto Delgado no Panteão Nacional
O Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória" - NAM organizou, no Panteão Nacional, em Lisboa, uma homenagem ao general Humberto Delgado no dia 13 de Fevereiro de 2020, dia do 55º aniversário do seu assassinato pela PIDE. A homenagem teve nomeadamente a participação do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, de Frederico Delgado Rosa e Rita Delgado, netos de Humberto Delgado, do coronel Manuel Pedroso Marques, participante na tomada do quartel de Beja e companheiro da acção revolucionária de Humberto Delgado. Estiveram presentes vários "Capitães de Abril", como Vasco Lourenço da A25A ou Rosado da Luz, da direcção do NAM.
A ideia foi trazida por Anália Gomes membro da direcção do NAM e a sua concretização deve-se ao presidente da direção, Fernando Cardeira.
Deixo aqui um conjunto de imagens do evento, na maior parte fotos de elevada qualidade de Carlos A. Pereira Martins que gentilmente mas enviou e facilmente se identificam pela sua assinatura.
O Panteão (imagem do Google mapas)
O Programa

A chegada do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues
Intervenção da directora do Panteão Nacional, Isabel Melo.
Intervenção do presidente da direcção do NAM Fernando Cardeira
Intervenção de Pedroso Marques
Frederico Delgado Rosa neto de HD, José Zaluar, Rita Delgado neta de HD e Fernando Cardeira
Na 1ª fila Maria Antónia Palla, mãe do 1º Ministro, Noémia Ariztia e Mário Lino
Maria do Céu Guerra fala com Ferro Rodrigues
Intervenção de Rita Delgado
Vasco Lourenço, Raimundo Narciso, Manuel Pedroso Marques
Rosado da Luz, Vaso Lourenço, Raimundo Narciso, Carlos Pereira Martins e Pedroso Marques
José Zaluar, Rita Delgado e Fernando Cardeira
2020/02/11
2020/02/10
2020/02/04
2020/01/24
"A Internacional" sob a direcção de Toscanini
Em 1944, para homenagear a vitória dos Aliados na Itália, o lendário Maestro Arturo Toscanini - um refugiado de fascismo no seu próprio país - decidiu realizar uma apresentação do "Hino das Nações" de Verdi. "Hino" é uma composição que Verdi originalmente construiu em torno dos hinos nacionais da Grã-Bretanha, França e Itália. Para homenagear todos os quatro principais aliados, Toscanini decidiu adicionar "The Star Spangled Banner" para os EUA e "The Internationale" para a União Soviética.
A música foi tocada pela NBC Symphony Orchestra, com o Westminister Choir e o grande tenor Jan Peerce como solista; conduzido por Toscanini. Foi filmado como uma obra a ser exibida nas salas de cinema e narrado por Burgess Meredith.
No início dos anos 50, no auge do anticomunismo e do McCarthyism, os censores dos EUA cortaram a parte dessa performance que apresentava a "Internationale". Durante anos, a sequência contendo The Internationale foi considerada perdida para sempre. Mas, recentemente, uma cópia desse pedaço de filme foi redescoberta no Alasca. Portanto, agora esta empolgante versão da Internacional - junto com o coral e a orquestra sob a direcção de um grande maestro - pode ser apreciada novamente.
O original em inglês
In 1944, to honor the Allied victory in Italy, legendary counductor Arturo Toscanini--a refugee from Fascisim in his home country--decided to conduct a performance of Verdi's "Hymn of the Nations". "Hymn" is a composition that Verdi orginally built around the national anthems of Britain, France, and Italy. In order to honor all four of the major Allies, Toscanini decided to add "The Star Spangled Banner" for the U.S. and "The Internationale" for the Soviet Union. The music was performed by the NBC Symphony Orchestra, with the Westminister Choir and the great tenor Jan Peerce as soloist; conducted by Toscanini. It was filmed as a featurette to be shown in movie theaters, and was narrated by Burgess Meredith. In the early 50's, at the height of the Red Scare and McCarthyism, U.S. censors excised the portion of this performance that featured the "Internationale". For years the sequence containing The Internationale was considered forever lost. But recently a copy of this missing piece of film was rediscovered in Alaska. So now this rousing rendition of the Internationale--together with chorale and orchestra under the direction of a great conductor--can be enjoyed again.
2019/12/04
2019/11/11
Canção do Mar na TV russa
Uma bela canção portuguesa cantada na língua de Camões, na língua de Pushkin e em Tártaro.
Cantam em Português, em Russo e em Tártaro.
*********
"As russas Elmira Kalimullina e Pelageya arrasaram num programa televisivo do seu país, com uma interpretação fenomenal do tema português Canção do Mar, da versão de 1993 do álbum "Lágrimas" da Dulce Pontes." Cantam em Português, em Russo e em Tártaro.
2019/09/22
2019/09/17
EDWARD SNOWDEN HERÓI DA HUMANIDADE
Memórias
do homem que denunciou o “capitalismo de vigilância”
No livro Vigilância Massiva, Registo Permanente, que
publica hoje (ed. portuguesa da Planeta), o antigo espião explica porque
divulgou um programa global de vigilância. Eis um excerto (Jornal Público 2019-09-17)
A razão por que está a ler este livro é eu ter feito
uma coisa muito perigosa para alguém na minha posição: decidi dizer a verdade.
[O governo americano] assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva, uma autoridade que por definição afecta mais os inocentes do que os culpados
[O governo americano] assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva, uma autoridade que por definição afecta mais os inocentes do que os culpados
O
meu nome é Edward Joseph Snowden. Costumava trabalhar para o governo, mas agora
trabalho para o público. Demorei quase três décadas a perceber que há uma
diferença, e quando isso aconteceu tive alguns problemas no escritório. Em
consequência, agora dedico o meu tempo a proteger o público do género de pessoa
que então era: um espião da Central Intelligence Agency (CIA) e da National
Security Agency (NSA), mais um jovem técnico desejoso de construir aquilo que,
tinha a certeza, ia ser um mundo melhor.
A
minha carreira na Comunidade da Informação (CI) americana durou sete curtos
anos, ou seja — e foi uma surpresa quando me apercebi disto —, só mais um ano
do que o tempo do meu subsequente exílio num país que não escolhi. Durante
esses sete anos, no entanto, tive a oportunidade de participar na mais
significativa mudança na história da espionagem americana — a passagem da
vigilância de alvos individualizados para a vigilância massiva de toda a
população. Ajudei a tornar tecnologicamente exequível para um governo coligir
as comunicações digitais do mundo inteiro, armazená-las por períodos indefinidos
e consultá-las à vontade.
Depois
do 11 de Setembro, a CI ficou esmagada pela culpa de não ter conseguido
defender a América, por ter deixado que o ataque mais devastador e destrutivo
contra o nosso país desde Pearl Harbor acontecesse “no seu turno”, para usar
uma expressão popular. Em resposta, os seus líderes procuraram construir um
sistema que evitasse serem apanhados mais uma vez com um pé no ar. Esse sistema
teria como base a tecnologia, uma matéria alienígena para o seu exército de
cientistas políticos e doutores em gestão administrativa. As portas das mais
sigilosas agências de informação abriram-se de par em par para jovens técnicos
como eu. E os nerds herdaram a Terra.
Se
naquela altura havia qualquer coisa de que eu percebia, era de computadores, de
modo que subi depressa. Com vinte e dois anos, recebi da NSA a minha primeira
autorização de nível Muito Secreto para um lugar na base do organograma da
instituição. Menos de um ano mais tarde, estava na CIA, como engenheiro de
sistemas com acesso ilimitado a algumas das mais sensíveis redes do planeta. O
único supervisor adulto era um tipo que passava o turno a ler romances de
espionagem de Robert Ludlum e Tom Clancy.
As
agências estavam a violar todas as regras que elas tinham estabelecido no
empenho de contratar talento técnico. Em circunstâncias normais nunca
contratavam ninguém que não tivesse pelo menos um bacharelato, ou, mais tarde,
no mínimo frequência universitária, e eu não tinha nenhuma destas coisas. À luz
de todas as normas, não devia ser autorizado a entrar no edifício. (...)
Com
vinte e seis anos era, no papel, empregado da Dell, mas mais uma vez trabalhava
para a NSA. A procura de fornecedores de serviços tinha-se tornado a minha
cobertura, como a da maior parte dos espiões com tendências tecnológicas do meu
grupo. Mandaram-me para o Japão, onde ajudei a conceber o que na prática acabou
por ser o backup global da agência — uma massiva rede clandestina graças à qual
mesmo que a sede da NSA fosse reduzida a cinzas por um ataque nuclear havia a
certeza de que nenhuma informação se perderia. Na altura, não me apercebi de
que criar um sistema capaz de manter um registo permanente da vida de toda a
gente era um trágico erro.
Voltei
aos EUA dois anos mais tarde e recebi uma promoção estratosférica para a equipa
técnica que assegurava o relacionamento da Dell com a CIA. A minha função era
reunir-me com os chefes das secções técnicas da CIA para criar e vender a
solução para qualquer problema que eles fossem capazes de imaginar. A minha
equipa ajudou a agência a construir um novo tipo de arquitectura de computação:
a “nuvem”, a primeira tecnologia que permitia a qualquer agente, fosse qual
fosse a sua localização física, aceder e pesquisar quaisquer dados de que
precisasse, independentemente da distância.
Em
resumo, o trabalho de gerir e conectar o fluxo de informação levou ao trabalho
de descobrir como armazená-la para sempre, que por sua vez deu lugar ao
trabalho de garantir que essa informação estava acessível e podia ser
consultada em qualquer parte do mundo. Foi nestes projectos que me concentrei
quando, com vinte e nove anos, fui para o Havai depois de ter aceite um novo
contrato com a NSA. Até essa altura, tinha funcionado com base na doutrina da
Necessidade de Saber, incapaz de compreender o propósito cumulativo por trás
das minhas tarefas especializadas e compartimentadas. Foi só no paraíso que
estive enfim numa posição que me permitia ver como todo o meu trabalho funcionava
em conjunto, como as rodas dentadas de uma gigantesca engrenagem, para criar um
massivo sistema de vigilância global.
Nas
profundezas de um túnel sob uma plantação de ananases — uma antiga fábrica
subterrânea de aviões da era Pearl Harbor —, sentava-me diante de um terminal
que me dava um acesso quase ilimitado às comunicações de praticamente qualquer
homem, mulher ou criança que à face da Terra usasse um telefone ou um
computador. Entre essas pessoas havia cerca de 320 milhões de cidadãos americanos,
meus compatriotas, que na condução normal das suas vidas quotidianas eram
vigiados numa grosseira contravenção não só da Constituição dos Estados Unidos
como dos valores mais básicos de qualquer sociedade livre.
A
razão por que está a ler este livro é eu ter feito uma coisa muito perigosa
para alguém na minha posição: decidi dizer a verdade. Coligi documentos da CI
interna probatórios da violação da lei por parte do governo dos EUA e
entreguei-os a jornalistas, que os avaliaram e mostraram a um mundo escandalizado.
Este
livro é a respeito do que levou a essa decisão, dos princípios éticos e morais
que a en formaram, e de como nasceram… o que significa que é também a respeito
da minha vida.
Quartel-General da CIA em Langley - Virginia
O
que faz uma vida? Mais do que aquilo que dizemos; mais, até, do que aquilo que
fazemos. Uma vida é também aquilo que amamos, e aquilo em que acreditamos. Para
mim, aquilo que mais amo e em que mais acredito é conexão, conexão humana, e as
tecnologias através das quais é conseguida. Essas tecnologias incluem livros, claro.
Mas, para a minha geração, conexão tem significado sobretudo a internet.
Antes
que recue, sabedor da loucura tóxica que infesta esse vespeiro nos nossos dias,
compreenda que para mim, quando a conheci, a internet era uma coisa muito
diferente. Era um amigo, e um pai. Era uma comunidade sem fronteiras nem
limites, uma voz e milhões, um território comum ocupado mas não explorado por
várias tribos que viviam em amizade lado a lado, e cada um era livre de
escolher o seu nome e a sua história e os seus costumes. Todos usavam máscaras,
e no entanto esta cultura de anonimidade-através-da polinomia produzia mais
verdade do que falsidade, porque era criativa e cooperativa em vez de comercial
e competitiva. Claro que havia con flito, mas era mais do que compensado pela
boa vontade e os bons sentimentos: o verdadeiro espírito dos pioneiros.
Compreender-me-á,
então, quando digo que a internet dos nossos dias está irreconhecível. Não
importa que esta escolha tenha sido consciente, resultado de um esforço
sistemático por parte de alguns poucos privilegiados. O impulso inicial para
transformar comércio em “e-comércio” levou muito depressa à criação de uma
bolha, e então, logo a seguir ao virar do milénio, a um colapso. Depois disso,
as empresas perceberam que as pessoas que entravam online estavam muito menos
interessadas em gastar do que em partilhar, e que a conexão humana
possibilitada pela internet podia ser monitorizada. Se o que a maior parte das
pessoas
online
queria era poder dizer à família, aos amigos, a desconhecidos o que estava a
fazer, e em troca saber o que estavam a fazer a família, os amigos e os
desconhecidos, a única coisa de que as empresas precisavam era arranjar maneira
de situar-se no meio destes intercâmbios sociais e lucrar com isso.
Foi
o começo do capitalismo de vigilância, e o fim da internet tal como eu a
conhecia.
Ora
bem, foi a web criativa que colapsou, e inúmeros sites individualizados,
criativos e difíceis fecharam portas. A promessa de conveniência levou as
pessoas a trocar os seus sites pessoais — que exigiam uma manutenção constante
e trabalhosa — por uma página no Facebook e uma conta Gmail. Era fácil tomar a
aparência de propriedade pela sua realidade. Poucos de nós o compreenderam na
altura, mas nada daquilo que passaríamos a partilhar continuaria a
pertencer-nos. Os sucessores das empresas de e-comércio que tinham falhado por
não conseguir encontrar qualquer coisa que estivéssemos interessados em comprar
tinham agora um novo produto para vender.
O
novo produto éramos Nós.
A nossa atenção, a nossa actividade, os nossos
lugares, os nossos desejos — tudo a nosso respeito que revelávamos, tendo ou
não consciência disso, estava a ser vigiado e vendido em segredo, de modo a
adiar a inevitável sensação de violação que, para a maior parte de nós, só
agora começa a aparecer. E esta vigilância continuaria a ser encorajada de uma
forma activa, e até financiada, por um exército de governos gulosos do enorme
volume de informação que iriam obter. Exceptuando o acesso e as transacções
financeiras, poucas ou nenhumas comunicações eram encriptadas na primeira
década dos anos 2000, o que significa que em muitos casos os governos nem
tinham de dar-se ao trabalho de abordar as empresas para saber o que os
respectivos clientes andavam a fazer. Bastava-lhes espiar o mundo sem dizer
nada a ninguém.
O
governo americano, em total desrespeito pela sua carta fundadora, foi vítima
desta tentação, e uma vez provado o fruto desta árvore venenosa foi assaltado
por uma febre incurável. Assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva,
uma autoridade que por de fi nição afecta mais os inocentes do que os culpados.
Só quando cheguei a uma compreensão mais profunda desta vigilância e dos seus
males comecei a ser perseguido pela consciência de que nós, o povo — o povo não
de um só país mas do mundo inteiro —, nunca tivemos direito de voto, e nem de
expressar a nossa opinião, neste processo. O sistema de vigilância quase
universal tinha sido criado não só sem o nosso consentimento, mas também de uma
forma que escamoteava ao conhecimento, de intenção deliberada, todos os
aspectos dos seus programas. A cada passo, a mudança dos procedimentos e as
suas consequências eram ocultadas a toda a gente, incluindo a maior parte dos
legisladores.
Para quem podia voltar-me? Com quem podia falar?
2019/09/08
2019/04/28
A Libertação dos presos políticos de Caxias pelos capitães de Abril
A convite da Associação 25 de Abril participei numa comissão com alguns " capitães de Abril" numa comissão que apoiou a CM de Oeiras nas comemorações do 45º aniversário da revolução dos cravos, que inclui uma estátua a erigir mais tarde e a inauguração de uma lápide em homenagem aos presos políticos no jardim em frente da prisão (Reduto Norte) no dia 26 de Abril de 1974, exactamente 45 anos depois da libertação.
Deixo aqui algumas fotografias da homenagem aos que tanto lutaram e sofreram para usufruirmos hoje da Liberdade que gozamos.
Na 1ª foto vê-se, de costas, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, o presidente da CMOeiras Isaltino Morais e Manuel Alegre autor do poema impresso na lápide, no momento em que a inauguravam.
Na 1ª foto vê-se, de costas, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, o presidente da CMOeiras Isaltino Morais e Manuel Alegre autor do poema impresso na lápide, no momento em que a inauguravam.
Na 2ª foto estou eu com Mário Pinto, o então capitão e agora coronel reformado, comandante da força de paraquedistas que libertou os presos em 26 de Abril de 1974.
Nas outras fotos, se as ampliarem com um clique, reconhecerão vários outros "capitães de Abril" nomeadamente o Otelo.
Depois dos discursos da Ministra da Justiça, de Manuel Alegre e de Isaltino Morais, fez-se a abertura simbólica do grande portão de ferro da prisão e dele saíram não os ex-presos mas um lindo e vibrante grupo de miúdas e miúdos, alunos dos primeiros anos de escolaridade, alguns deles netos de ex-presos. Correram para nós e ofereceram-nos um saco com os versos da lápide que se vê na foto onde estou com Mário Pinto e dentro um cravo vermelho e uma folha decorada com uma pintura e uns versos da autoria de cada um. A mim uma jovenzinha ofereceu-me a "obra de arte" que vai reproduzida aqui em baixo que no verso tem escrito EBS. Bruno 3º ano Maria L Leonor.
.2019/04/24
2019/04/05
2019/03/25
2018/11/09
Homenagem a Edmundo Pedro no CCB quando faria 100 anos
Ontem, dia 8 de Nov de 2018,
decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, por iniciativa do seu
presidente, Elísio Summavielle, uma homenagem a Edmundo Pedro falecido há pouco
e que faria 100 anos nesta data.
Com a sala
repleta a homenagem reuniu muitos dos amigos de Edmundo.
Além de
Elísio Summavielle que moderou a sessão esta teve como oradores João Soares, Luís Osório, Vasco Lourenço, Fernando
Pereira e Paulo Almeida.
Os oradores fizeram a história do combatente anti-fascista
Edmundo Pedro e também em parte do pai Gabriel Pedro e restante família.
A pedido da mesa e na sequência de sugestão de João Soares
falei da vinda de Gabriel Pedro, pai de Edmundo, a Portugal em Outubro de
1970, e na sua participação na primeira acção armada da ARA, a sabotagem do
Cunene. Gabriel Pedro estava exilado em Paris e era procurado pela PIDE, apesar
disso e dos seus 70 anos de idade, insistiu junto do PCP, em Paris, para vir
clandestinamente a Portugal e participar na primeira acção armada da ARA.
Referi depois o activo papel de Edmundo Pedro no Movimento
Cívico "Não Apaguem a Memória" - NAM, de que era um dos sócios
honorários. Com esse objectivo fiz um power-point que foi
exibido no início da sessão. A homenagem terminou com a exibição de um pequeno
vídeo da Fernanda Paraíso onde Edmundo dá uma entrevista, pouco tempo antes de
falecer.
Seguem-se imagens do power-point: sobre
participação de Edmundo em iniciativas do NAM de que era sócio honorário.
Visita do NAM à antiga prisão política do Forte de Peniche em 2006-04-01
2006-07-01 NAM organiza concentração de ex-presos
políticos e amigos, no Aljube, para reivindicar museu. Edmundo no início da
escada, à esquerda. (Iniciativa do associado Artur Pinto e também ex-preso político na cadeia do Aljube ).
..Nas traseiras do Aljube, Edmundo
Pedro fala aos presentes
2006-10-05 Manifestação com
início do local da antiga sede da PIDE, em Lisboa, contra a decisão da PGR que
declarou arguidos João Almeida e Duran Clemente na manifestação, origem
do NAM, em 2005-10-05, junto do local da antiga sede da PIDE. Fala
Henrique de Sousa pelo NAM.
2006-12-06 Homenagem aos ex-presos
políticos. Edmundo Pedro e Nuno Teotónio Pedro descerram lápide no antigo
tribunal Plenário da Boa Hora. Seguiu-se sessão solene.
2008-10-05 Tela gigante, junto da ex-sede da
PIDE, no 3º aniversário do NAM
Os
autores da tela - alunos da Escola Superior de Belas Artes com o prof. Lima de
Carvalho
2008-10-05 Edmundo Pedro apõe assinatura na tela
2008-10-29 Colóquio na Assembleia da
República “Tarrafal: uma prisão dois continentes” – Fundação Mário Soares
- NAM
2008-10-29 “Tarrafal:
uma prisão dois continentes” a assistência.
.2008-10-29 Colóquio “Tarrafal: uma
prisão dois continentes”
Homenagem na FIL a Edmundo Pedro no
seu 90º Aniversário
2009 -04-28 simpósio, no Tarrafal.
Organização: Governo de Cabo
Verde, Fundação Mário Soares, e NAM. Intervenção Pedro Pires presidente da República de Cabo Verde.
Mário Soares fala no Simpósio do Tarrafal
Prisões do campo de concentração do Tarrfal
"O segredo" celas de castigo.
Edmundo e Mário Soares no Tarrafal durante o simpósio.
2010-04-25 Edmundo Pedro fala na
inauguração de uma placa que assinala a antiga sede da PIDE, iniciativa do NAM
em colaboração com a CML.
2012-01-04 Homenagem pelo 50º aniversário, aos heróis da
revolta do quartel de Beja. Organização da Comissão de Participantes [no assalto] e NAM .
Na homenagem, na AR aos advogados
dos presos políticos da ditadura (Foto da
autoria do fotógrafo José Gema)
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