2017/02/03

Almada Negreiros na Gulbenkian

A Gulbenkian vai mostrar-nos 400 obras do grande Almada Negreiros (1993-1970). Pintura, desenho, vitral, cerâmica, cinema, teatro, dança, poesia. Tudo. O futurista, o vanguardista, o surrealista foi amigo de Fernando Pessoa, que o tratava carinhosamente como o "bebé do Orpheu", amigo de Amadeu Sousa Cardoso, de Sá Carneiro ou Santa Rita Pintor.  
Conheci-o em 1957, em Lisboa, numa conferência na Sociedade Nacional de Belas Artes, em que ele mostrava os 4 quadros, geometria a preto e branco (aqui em baixo), que estão no Museu de Arte de Moderna da Fundação Gulbenkian e nos explicava, atónitos, a magia da relação 9-10 e outros conspícuas transcendências exotéricas. Almada a todos impressionava pela pintura, pela palavra e pela irreverente atitude.
Dois anos mais tarde confraternizei diariamente com o filho, também José Almada Negreiros como o pai e também ele uma figura, quanto cumpríamos o serviço militar obrigatório, em Vendas Novas, em Cascais e em Torres Novas. 
Depois do 25 de Abril, já não nos víamos há muito – “et pour cause” - fui jantar com ele e o Ernâni Pinto Basto a "O velho Mirante", na Pontinha. Eu e o Ernâni chegamos nuns carritos rafeiros, de 1200 cc de cilindrada quando o Almada se apeou de um deslumbrante Porsche. Não nos querendo deixar mal olhou para os nossos carros de pechisbeque e garantiu " Eh pá, não tenho dinheiro para andar a comprar carros desses e ter de mudar todos os anos!"
Já ambos nos deixaram.  
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Não se distraiam: 400 obras do grande Almada, na Gulbenkian. 

 
Pai  Filho










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