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deles já não cantam nem dançam mais. Seguiam no avião que se despenhou, no dia
de Natal, no Mar Negro, quando se dirigiam para a Síria para festejar a passagem
do Ano com os militares russos ali destacados.
2016/12/29
2016/12/13
Visita à Fortaleza de Peniche no Dia Internacional dos Direitos Humanos
Intervenção de Raimundo Narciso, em nome do Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória" - NAM no almoço que se seguiu à visita ao Forte de Peniche, no dia 10 de Dezembro de 2016. Intervieram em seguida Teresa Gago em nome da Plataforma Cascais e José Pedro Soares dirigente da URAP.
Ou entre nós, por exemplo o professor Eduardo Paz Ferreira, de que refiro apenas o seu último livro “Por uma Sociedade Decente”. E que pensar da situação em Portugal, quando em 2012, um ano de perda nos salários, perda nas reformas, de grande empobrecimento de milhões de portugueses, nesse mesmo ano, de acordo com o "Relatório de Ultra Riqueza no Mundo - 2013", do banco suíço UBS, os 870 multimilionários portugueses aumentaram as suas fortunas de 90 para 100 mil milhões de dólares. A riqueza que falta a milhões de empobrecidos é a que se transferiu para o bolso de umas dezenas.
Que nos trouxe, hoje, aqui à
Fortaleza de Peniche no Dia Internacional dos Direitos Humanos?
A Plataforma Cascais,
que está na origem desta visita à Fortaleza de Peniche que hoje aqui nos reúne,
convidou o Movimento Cívico “Não Apaguem
a Memória” que prontamente aceitou participar na sua organização. A visita tem,
aliás, o apoio nomeadamente da Associação 25 de Abril e de Vasco Lourenço, de
José Pedro Soares do Conselho Directivo da URAP, do director do Museu do Aljube,
professor Luís Farinha ou do director do Centro de Documentação 25 de Abril, professor
Rui Bebiano, de ex-presos políticos que não puderam aqui estar, como o
historiador António Borges Coelho ou o tarrafalista Edmundo Pedro, e muitos
outros ex-presos, familiares, cidadãos em geral.
O que nos trouxe hoje aqui, no Dia Internacional dos Direitos
Humanos?
Foi a decisão de homenagear os ex-presos políticos que neste
presídio sofreram violências inauditas por terem lutado pela liberdade, pela
democracia, por uma vida melhor do povo trabalhador. Foi a decisão de
homenagear todos os que, em quase meio século de ditadura, lutaram
abnegadamente por um país livre.
Trouxe-nos aqui a vontade de homenagear o povo de Peniche que
nessa longa e tenebrosa noite política se solidarizou com os presos e apoiou as
suas famílias que em ambiente de violência, medo e precariedade aqui os vinham visitar.
Estamos aqui para defender e valorizar o futuro deste
grandioso monumento como ícone nacional
da resistência de um povo que aspirava à liberdade, no âmbito da defesa da
Memória histórica dos Portugueses e por conseguinte da preservação da sua
identidade como povo e como nação.
E estamos aqui para defender e apoiar a Fortaleza de Peniche
como um inalienável bem pertença de
Peniche e dos seus habitantes que justamente com o apoio da sua CM e do seu
presidente, António Correia, querem que esteja também ao serviço da sua comunidade
e do desenvolvimento local.
A projeção nacional e importância histórica e identitária da
Fortaleza de Peniche obriga o poder central, os governos, a Assembleia da
República a assumirem as suas responsabilidades na defesa deste valioso património,
na sua conservação física, no apoio à transformação do núcleo museológico num
verdadeiro museu que pode ter várias
valências, mas em que a principal seja, sem dúvida, a que diz respeito à
antiga prisão política do
salazarismo, à valorização do heroísmo dos que aqui sofreram e do significado
da sua luta mas também sobre a história
da Fortaleza na estratégia da defesa do território e o museu poderá
eventualmente ter outras valências que os grupos de trabalho a criar pelo
Estado Central e a CM de Peniche bem entendam.
A Fortaleza deve igualmente ser vista como um bem para o
desenvolvimento local, o que implica que se estude que serviços ou actividades
se podem estabelecer no espaço da Fortaleza, criando postos de trabalho e
tornando-a local aprazível para fruição da comunidade local sem que isso choque
ou contradiga o essencial, o carácter museológico e de referência histórica da
Fortaleza.
Estes objectivos de carácter predominantemente local devem
estar ligados a outro objectivo central, o da sustentabilidade financeira deste
complexo monumental. Se é certo que grande responsabilidade caberá ao poder
central todos sabemos que isso não é garantia suficiente para a sua conservação
ao longo do tempo e para a valorização da actividade museológica.
Uma orientação que nos parece ser de privilegiar e vai no
sentido das metas acima apontadas é a de incluir a Fortaleza no circuito
turístico cultural no âmbito nacional e
internacional, à semelhança de muitos outros locais de referência, por essa
Europa fora. Exigirá isso um esforço de
promoção organizado e permanente.
O NAM, a Plataforma Cascais a URAP e outras associações e movimentos
que já manifestaram apoio a esta causa poderão dar uma ajuda nesse sentido. O
NAM procurou através das suas ligações saber da possibilidade de a CM de
Peniche poder candidatar-se a projectos da União Europeia para a valorização da
Fortaleza e concluiu numa primeira abordagem que há programas com esse fim e
isso é possível.
Procuraremos também exercer influência pelos meios ao nosso
dispor no sentido de sensibilizar os poderes públicos a assumirem as suas
responsabilidades para com este importante monumento Nacional.
Uma última observação. A defesa da Memória Histórica da luta
pela liberdade no regime fascista é o objecto da nossa associação o Movimento
Cívico Não Apaguem a Memória. A defesa da memória, desta Memória dos que
lutaram por um Portugal democrático e um mundo melhor, mais justo e mais digno,
não é uma atitude de quem quer estar irremediavelmente virado para o passado
mas de quem, conhecendo o passado e dele retira lições, melhor se pode orientar
no presente e no futuro na luta por uma vida melhor, mais justa e menos
desigual.
Não estamos, é certo, confrontados hoje em Portugal com o
fascismo apesar dos sinais por esse
mundo fora começarem a ser preocupantes.
As desigualdades sociais, o abismo das desigualdades sociais, que se tem vindo a acentual de
forma brutal nas última décadas na EU e na maior parte do mundo, constitui hoje
o principal factor gerador de crises económicas, crises sociais e de guerras.
O avolumar das desigualdades é centro de preocupação e de
estudo de grande número dos mais clarividentes académicos e dos mais
responsáveis políticos. Cito apenas alguns nomes que constituem referência
mundial, como os prémios Nobel Joseph Stiglitz e Paul Krugman ou, quem diria! a
própria presidente do FMI Christine Lagarde que em Maio de 2014, numa
conferência em Londres, ao denunciar os perigos da desigualdade usou esta
imagem:
“aqui num destes vossos autocarros londrinos de dois pisos
cabem os 85 homens mais ricos do planeta que possuem tanta riqueza como a
metade da humanidade mais pobre, tanto como 3 mil e 500 milhões de pessoas.“
Ou entre nós, por exemplo o professor Eduardo Paz Ferreira, de que refiro apenas o seu último livro “Por uma Sociedade Decente”. E que pensar da situação em Portugal, quando em 2012, um ano de perda nos salários, perda nas reformas, de grande empobrecimento de milhões de portugueses, nesse mesmo ano, de acordo com o "Relatório de Ultra Riqueza no Mundo - 2013", do banco suíço UBS, os 870 multimilionários portugueses aumentaram as suas fortunas de 90 para 100 mil milhões de dólares. A riqueza que falta a milhões de empobrecidos é a que se transferiu para o bolso de umas dezenas.
Hoje o essencial do assalto, do roubo que eram o objecto das
guerras, não se faz como na idade Média, com espadas e cavalaria ou como nas guerras
mundiais do século XX, com metralhadoras, tanques, e canhões. Hoje o essencial
da transferência de riqueza de milhões de seres humanos para umas centenas é
feita pelo grande casino do sistema financeiro mundial desregulado e pela
comunicação social que controla as mentes e os votos.
Mas que tem isto a ver com a Fortaleza de Peniche? Que tem
isto a ver com a memória Histórica da luta dos portugueses contra a ditadura do
“Estado Novo? Tem muito. Evoca-nos o passado de lutas heróicas de milhares de
portugueses por uma vida digna contra o poder que os explorava e reprimia.
Manter vivos estes exemplos, valorizar a Fortaleza de Peniche, serve também
para nos dar alento e instigar, hoje, à intervenção cívica e política por um
mundo melhor.
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Nota: um clique nas imagens amplia-as
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2016/11/27
Fidel Castro sobreviveu a todas as tentativas de assassínio da CIA
ROBERTO MONTOYA*
Em 2016-11-26 no jornal espanhol Publico
[ As imagens não fazem parte do artigo e nelas vêem-se Fidel com Camilo Cienfuegos, com Che Guevara, com Raul Castro e Che, com o Papa Francisco e com Mirta Lorenz **]
Em 2016-11-26 no jornal espanhol Publico
[ As imagens não fazem parte do artigo e nelas vêem-se Fidel com Camilo Cienfuegos, com Che Guevara, com Raul Castro e Che, com o Papa Francisco e com Mirta Lorenz **]
La CIA organizó cientos de sofisticados intentos de asesinato contra él pero la eficaz DGI cubana (Dirección General de Inteligencia) logró desarticularlos a tiempo; el sector más recalcitrante del exilio cubano de Miami lo 'mató' decenas de veces desde que cayera enfermo en 2006 y los grandes medios de comunicación de todo el mundo se hicieron eco rápidamente de esas supuestas muertes. Fidel se vio obligado a aparecer una y otra vez públicamente para desmentirlo, como una suerte de 'fe de
vida'. La mayoría de los principales medios han preparado su obituario y suplementos especiales sobre él desde hace años y los han tenido que actualizar una y otra vez apresuradamente ante cada rumor “de fuentes fidedignas” de que Fidel había muerto. Pero Fidel faltó una y otra vez a la cita. Él dijo que ya le había terminado dando risa cada vez que los medios se ponían a especular con su muerte y días después se veían obligados a 'resucitarlo' cuando aparecía públicamente.
vida'. La mayoría de los principales medios han preparado su obituario y suplementos especiales sobre él desde hace años y los han tenido que actualizar una y otra vez apresuradamente ante cada rumor “de fuentes fidedignas” de que Fidel había muerto. Pero Fidel faltó una y otra vez a la cita. Él dijo que ya le había terminado dando risa cada vez que los medios se ponían a especular con su muerte y días después se veían obligados a 'resucitarlo' cuando aparecía públicamente.
Finalmente El Caballo murió en la cama, a los 90 años, apaciblemente, rodeado de los suyos, tras haber hecho una vida extremadamente austera. Seguía totalmente lúcido, escribiendo sus 'reflexiones' hasta último momento, la última, El destino incierto de la especie humana, sobre ciencia y religión, en el Granma del pasado 9 de octubre, y es que a Fidel le interesaba todo lo que pasaba en el planeta tierra... y en el universo.
Hoy toda Cuba llora, o casi toda. Por más dura que sea la situación personal de un cubano o una cubana de cualquier edad, por duro que haya sido el 'período especial' que se vivió en la isla tras la atomización de la URSS a inicios de los años '90, la figura de Fidel ha permanecido intacta.
Los cubanos se quejan de su situación económica, sí; muchos se han lanzado en el pasado con una balsa artesanal al bravío mar para intentar alcanzar las costas de 'El Dorado', sí; muchos jóvenes envidian el acceso a las nuevas tecnologías y al consumismo voraz de los jóvenes estadounidenses, sí; otros reclaman una apertura política que se hace esperar, sí; pero todo esto no afecta el respeto, reconocimiento y admiración que generación y generación han tenido por Fidel, como la tienen por Raúl, como la tienen por el Che Guevara.
Y es que es difícil olvidar para ellos lo que era Cuba antes de la Revolución de 1959. La 'gusanería' siempre habló de lo maravillosa que era antes La Habana, con las grandes fiestas que se celebraban en las mansiones de la oligarquía; con aquellos grandes casinos, hoteles y lujosas discotecas con 'glamour', y todo tipo de garitos —controlados por la mafia estadounidense— donde se hacían ver las principales estrellas de Hollywood.
Los más poderosos mafiosos italianos, Lucky Luciano, Meyer Lansky y otros vivían y hacían negocios con Batista. Arthur Miller escribía en The Nation en 2004: “Cuba era irremediablemente corrupta, un lugar predilecto de la mafia, y un prostíbulo para los estadounidenses y otros extranjeros”.
Quienes tienen nostalgia de esa Cuba ocultan, o ni siquiera se enteraron nunca, de la explotación extrema que sufría el campesinado, los peones rurales y los trabajadores en épocas del dictador Fulgencio Batista, y aún antes de la llegada de este al poder en 1952; de la crueldad de los terratenientes y de la policía. No mencionan la falta total de derechos políticos, sociales y laborales durante la dictadura militar, de la falta de cobertura sanitaria, de que más de un cuarto de la población era analfabeta.
¡Y entonces llegó Fidel y mandó parar! Pues sí, en plena Guerra Fría y a sólo 90 millas de Estados Unidos, una pequeña isla, la orgullosa Cuba, rompió sus cadenas y se puso en pie, desafiante.
Ningún analista en aquel momento predijo algo semejante. Los 'barbudos' de Sierra Maestra, los revolucionarios del Movimiento 26 de julio, no estaban armados ni financiados ni apoyados siquiera políticamente por la Unión Soviética. El Partido Socialista Popular, los comunistas cubanos ligados a la URSS, calificaban a los 'barbudos' de “agentes de la CIA”, de elementos de “la pequeña burguesía”.
Jruschov reconoció en sus memorias que desconocía totalmente quiénes eran esos rebeldes mal armados que a partir de un inicial foco guerrillero lograron ponerse a la cabeza de una lucha contra la dictadura militar que terminó con los años en el derrocamiento de Batista y su huida a EEUU.
Fue Estados Unidos quien con su rechazo inmediato al Gobierno revolucionario y su violento boicot pondría a los nuevos jóvenes gobernantes contra las cuerdas.
Con su actitud EEUU no sólo condenó al pueblo cubano al más brutal y prolongado bloqueo que ningún país haya soportado nunca, sino que le sirvió el nuevo gobierno en bandeja a la URSS.
En 1961, en la I Cumbre de Países no Alineados, movimiento mundial creado en 1955 como alternativa al bloque de EEUU y al bloque de la URSS, Cuba fue el único de los países miembros de toda la región de América Latina y el Caribe.
En ese mismo 1961 se produjo la invasión de Bahía de los Cochinos, organizada, financiada y armada por EEUU: Poco después Cuba, cuya economía había sido moldeada por EEUU y de quien dependía para todo, intenta romper su asfixia económica y la amenaza militar estadounidense buscando el apoyo de la URSS.
Fue esa una relación que la situaría rápidamente en la lógica de bloques de la Guerra Fría y en el principal enemigo en el hemisferio occidental de EEUU y de sus aliados.
Y la isla resistió. Contra todos los vaticinios Cuba resistió también al durísimo golpe que supuso el desmembramiento de la URSS y la caída de todos los países del Este, los del mal llamado “socialismo real”.
La Cuba de Fidel cometió muchos errores, claro que sí, errores de gestión económica que agravaron la ya difícil situación creada por el bloqueo comercial, económico, financiero y tecnológico -que aún existe-; problemas de burocratización indudables; intolerancia política inadmisible ante la propia disidencia dentro de sus propias filas; retraso igualmente inadmisible en el reconocimiento de los derechos de los homosexuales, y muchos errores más.
Con ciertas prácticas estalinistas que copió de la URSS, con esa lentitud en las reformas y con esa ineficacia y burocratización en la gestión, el Gobierno agudizó aún más la difícil situación que ha debido pasar y sigue pasando el pueblo cubano debido al criminal bloqueo al que ha estado sometida Cuba desde 1962.
En cualquier caso, en la balanza de las luces y sombras de Fidel no queda duda de que las luces prevalecen totalmente. Nunca mejor dicho que hay un antes y un después de Fidel, un revolucionario íntegro que dignificó y ganó respeto mundial hacia el pueblo cubano, y que gracias a su internacionalismo, como al internacionalismo del Che, contribuyó durante décadas a la lucha de los pueblos por su liberación en los cinco continentes.
_____________________
* - Roberto Montoya es periodista, experto en geopolítica y autor de libros como El Imperio Global; La Impunidad Imperial, o Drones: la muerte por control remoto
_____________
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** - O Jornal Paraguaio Hoy, de 15 de Junho de 2015, conta a história de Mirta Lorenz, espia da CIA para matar Fidel Castro que no acto se arrependeu, não cumpriu a missão e revelou-a a Fidel.
2016/10/11
Contra a gestão privada do FORTE DE PENICHE
O
projecto REVIVE, da Secretaria de Estado do Turismo, prevê a entrega à gestão
privada de 30 monumentos ou edifícios do Estado entre os quais está o Forte de
Peniche onde se situou, durante 40 anos e até ao 25 de Abril de 1974, uma das
mais tenebrosas prisões políticas da ditadura fascista. Sobre este assunto os
órgãos sociais do Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória" - NAM
aprovaram na sua última reunião o seguinte comunicado que vai assinado por
todos os seus membros.
________________________
Movimento Cívico “Não Apaguem a Memória” – NAM
Comunicado sobre a privatização da gestão do
FORTE DE PENICHE
A
recente decisão do Governo de atribuir à gestão de privados alguns edifícios
públicos classificados, nomeadamente o do Forte de Peniche, monumento nacional,
impõe-nos uma pública tomada de posição.
O
Movimento Cívico Não Apaguem a Memória – NAM nasceu em 2005, como reacção da
sociedade civil a uma atitude política idêntica, a chocante não preservação da
memória histórica no edifício sede da PIDE, em Lisboa.
O
NAM, no decurso da sua actividade para defesa e preservação da memória da luta
contra a ditadura, nas suas diferentes vertentes, conseguiu levar a cabo, entre
outros, um acordo com a Câmara Municipal de Lisboa que permitiu a realização da
Exposição “A Voz das Vítimas” na antiga cadeia do Aljube, do mesmo modo que no
âmbito das suas diligências foi possível um protocolo entre os Ministérios da
Justiça, das Finanças e a Câmara Municipal de Lisboa, que levou á criação do Museu
do Aljube - Resistência e Liberdade nas instalações da antiga cadeia do
Aljube em Lisboa.
Nestas
suas persistentes diligências o NAM encontrou sempre plena receptividade de
diversos titulares de órgãos de soberania. Mas a primeira e significativa acção
do NAM foi a entrega na AR de uma petição, que reuniu mais de 6.000
assinaturas, exigindo que o Estado assumisse a salvaguarda dos locais ligados à
memória da resistência antifascista e a sua divulgação.
Esta
petição resultou na Resolução da AR nº 24/2008, aprovada por unanimidade, mas
que não tem merecido suficiente atenção por parte dos sucessivos governos. É
chegada a altura de lembrarmos ao Governo, aos partidos com assento na AR e à
sociedade civil, que esta resolução existe e deve ser cumprida.
A
Resolução parlamentar 24/2008 tem o título “Divulgação às futuras gerações
dos combates pela liberdade na resistência à ditadura e pela democracia”, e
faz diversas recomendações ao Governo, nomeadamente
quanto à “ … valorização e apoio ao Museu da
Resistência instalado na Fortaleza de Peniche.” (sic)
Ora,
em nosso entender, não se vê como a concessão a um privado do espaço do Forte
de Peniche se possa conciliar com a “divulgação dos combates pela liberdade”,
ainda menos com a dignificação de um dos locais mais significativos e
simbólicos da resistência à ditadura do Estado Novo, nem com a valorização do
Museu da Resistência aí instalado.
Em
cumprimento daquela Resolução da AR cumpre ao Governo criar condições
efectivas, incluindo financeiras, para que o Forte de Peniche seja integral e
devidamente preservado cumprindo a sua missão como símbolo maior da resistência
à ditadura, no combate pela liberdade do povo português. A memória dos que ali
sofreram, muitos durante longos e intermináveis anos, a violência e a
humilhação dos esbirros do fascismo, tem de ser dignificada e honrada.
A
democracia não pode esquecer aqueles que abnegadamente lutaram e sofreram pela
sua instauração e não pode privatizar a gestão da sua Memória e dos seu
símbolos históricos mais emblemáticos.
Lisboa, 10 de Outubro de 2016
Lisboa, 10 de Outubro de 2016
Mesa da Assembleia Geral Direcção:
Mário
de Carvalho Raimundo Narciso
Maria
Helena Pato João Maria Freitas Branco
Irene
Flunser Pimentel Maria Teresa Melo Sampaio
João Filipe Caixinhas
Maria Luísa Corte-Real Nogueira
Conselho Fiscal: Lúcia Ezaguy Simões
Henrique
de Sousa Noémia Simões de Ariztia
Artur
Pinto Paula Mourão Correia
Maria
Manuel Calvet Ricardo Ana Margarida Carvalho
2016/08/13
Os Deputados Trabalham?
Alguns trabalham muito mas alguns pouco ou nada.
( Memórias da legislatura 1995-99 da AR )
Na Assembleia da República o Grupo Parlamentar do PS
(GPPS) criara uma rede informática interna, provavelmente por iniciativa
do deputado José Magalhães, um especialista em
informática num mar de infoexcluídos. Aliás na altura era uma tecnologia ainda muito pouco frequentada pelos portugueses.
Nesta rede cada um dos deputados podia observar a sua página que se cingia à sua biografia política, à indicação das comissões parlamentares em que trabalhava e pouco mais. A certa altura em conversa com José Magalhães e os informáticos do respectivo serviço colocámos a questão de que faria sentido incluir na página os trabalhos parlamentares que cada um desenvolvia. Participação em iniciativas legislativas, relatórios, estudos, actividades exteriores – seminários, conferências - em representação do GP, etc.
Não foi pacífica esta melhoria que alguns consideraram um excesso e um abuso. Passado algum tempo surgiram protestos de dois ou três deputados. A
única razão entendível para o protesto é que assim tornava-se público (ainda
que só internamente) que nada ou muito pouco faziam.
Nesta rede cada um dos deputados podia observar a sua página que se cingia à sua biografia política, à indicação das comissões parlamentares em que trabalhava e pouco mais. A certa altura em conversa com José Magalhães e os informáticos do respectivo serviço colocámos a questão de que faria sentido incluir na página os trabalhos parlamentares que cada um desenvolvia. Participação em iniciativas legislativas, relatórios, estudos, actividades exteriores – seminários, conferências - em representação do GP, etc.
Publicitar
na Internet a actividade no Parlamento
Julgo que era o
único deputado, pelo menos não conheci nenhum outro caso, que criou um “site”
público, na internet, para possibilitar aos eleitores conhecer o que andava a fazer pelo Parlamento nomeadamente a quem me elegeu.
Não é que os
eleitores em geral quisessem saber o que faria o deputado A, B ou C que
efectivamente elegeram mas sem darem por isso, sem dele saberem fosse o que
fosse, apenas porque a direcção do partido em que votaram decidiu incluí-los na
lista de candidatos.
Sabendo tudo isso
e presumindo aliás que poucos leitores teria, achei que ficaria bem tornar
visível o que andava pelo palácio de S. Bento a fazer.
O site
criei-o numa plataforma então com grande audiência e visibilidade o GEOCITIES –
e tinha o endereço
http:/www.geocities.com/CapitolHill/9219/ e a imagem aqui exposta.
Neste site publiquei,
intervenções no Parlamento, relatórios, participações em seminários ou
conferências em representação do GPPS e estudos, principalmente do âmbito da Comissão
de Defesa Nacional, a comissão principal em que participava (as outras
eram a Comissão de Assuntos Europeus, a comissão eventual sobre
toxicodependência e tráfico de drogas e uma comissão eventual de inquérito à
atuação do Governo nos serviços secretos e sua relação com as polícias.
A página incluía
também documentação importante para os trabalhos da AR, na área da Defesa
Nacional, quer o estado da legislação em curso quer documentos para melhor
conhecimento das matérias em discussão.
Lamentavelmente extinguiram a
plataforma de alojamento Geocities sem quererem saber do meu site!.
No entanto guardaram
em arquivo (por exemplo este artigo no JANUS 98) muitos dos seus
conteúdos, tornando acessíveis, mediante porfiadas buscas, uma parte do meu site pioneiro, ali, no Parlamento.
Dalguns aqui vos
irei dando notícia.
2016/08/09
Serviço militar Obrigatório, sim ou não?
Em Junho de
1996, na Assembleia da República, discutia-se a continuidade ou não, na
Constituição da República, da obrigatoriedade do Serviço Militar Obrigatório
(SMO). Surgiram no Parlamento 11 projectos de revisão constitucional sobre este
assunto, de todos os partidos representados na AR e de deputados a título
pessoal.
No dia 25 de
Junho de 1996, o Instituto de Defesa Nacional (Lisboa) organizou um seminário sobre este
tema. O texto que se segue é a minha intervenção em representação da Comissão
de Defesa do Grupo Parlamentar do PS.
2016/07/03
Hieronymus Bosch - O JARDIM DAS DELÍCIAS
Hierónymos
Bosch (na imagem) nasceu, segundo se crê, em 1450 e morreu em 1516, na cidade
de Hertongenbosh, no sul da actual Holanda e próximo da Bélgica, possessões
então do vasto império de Filipe II de Espanha e I de Portugal.
H. Bosch faleceu há 500 anos
e o museu do Prado, em Madrid, que tem a maior coleção de quadros de HB organizou
uma exposição comemorativa, aberta até 11 de Setembro de 2016, que reúne
além das obras do museu outras vindas nomeadamente de NY, de Viena e
de Lisboa.
A obra de Hierónymos Bosch é considerada uma das mais importantes
da história da pintura e o tríptico O JARDIM DAS DELÍCIAS, que pertence ao
museu do Prado, é uma das suas pinturas mais célebres.
A genial obra de Bosch é, na história da pintura a mais
surpreendente, a mais enigmática e indecifrável. A imaginação, o sonho, o
delírio da razão... No Jardim das Delícias exalta-se o erotismo
condena-díssimo pela religião católica ou aquelas cenas eróticas, lascivas
ou simplesmente sugestivas são a denúncia e a condenação da luxúria e do
sexo?
Estudos sobre a vida do grande artista, filho e pai de pintores, há-os para todos os gostos. Membro de ordem religiosa era profundamente católico ou a demonstrada religiosidade era um disfarce para clandestinamente ser activo membro de seita herética e "iluminista"? A maior parte dos estudiosos inclina-se para a primeira versão.
Nas imagens estão o tríptico Jardim das Delícias e pormenores dos três quadros que o compõem.
Estudos sobre a vida do grande artista, filho e pai de pintores, há-os para todos os gostos. Membro de ordem religiosa era profundamente católico ou a demonstrada religiosidade era um disfarce para clandestinamente ser activo membro de seita herética e "iluminista"? A maior parte dos estudiosos inclina-se para a primeira versão.
Nas imagens estão o tríptico Jardim das Delícias e pormenores dos três quadros que o compõem.
Deixo-vos três "links" que encontrei ao acaso na net
sobre HB, não me responsabilizando pela qualidade, dei apenas uma olhadela
por eles. Link 1 , link 2
e link3.
Imagens do também muito célebre tríptico AS TENTAÇÕES DE SANTO
ANTÃO que o museu de Arte Antiga de Lisboa emprestou para a exposição de Madrid,
podem ser vistas aqui: link. (Um clique nas imagens amplia-as)
As imagens seguintes são pormenores do tríptico
2016/05/18
OH BELA CIAO, BELA CIAO, CIAO, CIAO
A "BELA CIAO" era uma das canções da "Resistência" que na Cooperativa dos Trabalhadores de Portugal, em Lisboa, junto à estação do Rossio, nos anos de 60, jovens estudantes e trabalhadores, desafiávamos a ditadura salazarista em aguerridas festas com proclamações políticas no meio de efusivas manifestações de amizade e enamoramento.
A Wikipedia diz que: "A popularidade da canção Bella ciao teve início na segunda metade do século XX, na época dos festivais mundiais da juventude comunista, realizados em várias cidades, como Berlim, Praga e Viena. Nessas ocasiões a canção era entoada, pela delegação italiana, despertando o entusiasmo das demais delegações. Assim, acabou sendo traduzida em várias línguas.
"Bella ciao difundiu-se largamente nos anos 1960, sobretudo durante as manifestações operárias e estudantis de 1968.
"As primeiras gravações da versão partigiana se devem à cantora italiana de origem emiliana Giovanna Daffini, uma ex-mondina, e ao cantor francês de origemtoscana Yves Montand.[3] Versões contemporâneas foram gravadas pela Banda Bassotti e pelo grupo Modena City Ramblers, que também interpretou a canção durante tradicional concerto do 1° de maio na praça de San Giovanni, em Roma.
"Na história recente, a canção tornou-se uma espécie de hino oficial dos movimentos comunistas, anarquistas ou de resistência, mesmo fora da Itália, a exemplo das comunidades zapatistas de Chiapas, para onde foi levada por militantes italianos."
A seguir ao vídeo
Bella ciao from Corinne Dardé on Vimeo.
Letra no original em Italiano seguida de tradução para Português.
Una mattina mi son
svegliato,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son
svegliato,
e ho trovato
l'invasor.
O partigiano, portami
via,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami
via,
ché mi sento di morir.
E se io muoio da
partigiano,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da
partigiano,
tu mi devi seppellir.
E seppellire lassù in
montagna,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in
montagna,
sotto l'ombra di un
bel fior.
E le genti che
passeranno,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che
passeranno,
Mi diranno «Che bel
fior!»
«È questo il fiore del
partigiano»,
o bella, ciao! bella,
ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del
partigiano,
morto per la libertà!»
Uma manhã acordei
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
Uma manhã acordei
E deparei-me com o
invasor
Ó resistente, leva-me contigo
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
Ó resistente, leva-me contigo
Porque sinto a morte a
chegar.
E se eu morrer como
resistente
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
E se eu morrer como
resistente
Tu deves sepultar-me
E sepultar-me na
montanha
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
E sepultar-me na
montanha
Sob a sombra de uma
linda flor
E as pessoas que
passarem
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
E as pessoas que
passarem
Irão dizer-me: «Que
flor tão linda!»
É esta a flor
Minha querida, adeus,
minha querida, adeus,
minha querida, adeus!
Adeus! Adeus!
É esta a flor do homem
da Resistência
Que morreu pela
liberdade
Socorrendo-me de novo da Wikipedia :
Na sua origem teria sido um canto de trabalho das mondas de trabalhadoras rurais temporárias, em geral provenientes da Emilia Romana e do Vêneto, que se deslocavam sazonalmente para as plantações de arroz da planície Padana. Mais tarde, a mesma melodia foi a base para uma canção de protesto contra a a 1ª Guerra Mundial. Finalmente, a mesma melodia foi usada para a canção que se tornou um símbolo Resistência italiana, durante a 2ª GM.
Bella ciao tornou-se muito conhecida em todo o mundo e foi gravada por vários artistas das mais variadas nacionalidades.
"A provável letra original da canção tem como tema as duras condições de trabalho nos arrozais padanos:
Tradução (da Wikipedia)
Alla mattina appena alzata, o bella ciao, bella ciao
Bella ciao ciao ciao, alla mattina appena alzata,
devo andare a lavorar!
A lavorare laggiù in risaia, o bella ciao, bella ciao
Bella ciao ciao ciao! A lavorare laggiù in risaia
Sotto il sol che picchia giù!
E tra gli insetti e le zanzare, o bella ciao, bella ciao
Bella ciao ciao ciao, e tra gli insetti e le zanzare,
duro lavoro mi tocca far!
Il capo in piedi col suo bastone, o bella ciao, bella ciao
Bella ciao ciao ciao, il capo in piedi col suo bastone
E noi curve a lavorar!
Lavoro infame, per pochi soldi, o bella ciao bella ciao
Bella ciao ciao ciao, lavoro infame per pochi soldi
E la tua vita a consumar!
Ma verrà il giorno che tutte quante o bella ciao, bella ciao
Bella ciao ciao ciao, ma verrà il giorno che tutte quante
Lavoreremo in libertà! "
"De manhã, logo que me levanto, o bela, ciao !
Tenho de ir trabalhar! Trabalhar lá no arrozal, bela, ciao,
Sob o sol que queima a cabeça.
E entre insetos e mosquitos, o bela, ciao, um duro trabalho devo fazer.
O capataz em pé com seu bastão, o bela, ciao,
e nós, encurvadas, a trabalhar!
Trabalho infame, por pouco dinheiro, o bela, ciao!
e a consumir a tua vida !
Mas virá o dia em que todas nós, o bela, ciao, trabalharemos em liberdade."
2016/05/07
Ana Sofia Martins - estrela da TV
A Sábado trazia uma capa bonita. A cara, a capa, fez-me lembrar esta outra cara, a de Ângela Davis. Como não vejo telenovelas há muitos anos não sabia quem era a anunciada Ana Sofia Martins. Ia só dar uma olhadela à entrevista que deu à Sábado, conduzida por Dulce Garcia, e li-a toda, de seguida.
Seis páginas que revelam uma mulher de talento e fino humor que revelam uma cidadã culta, daquelas que não quer apenas tratar da sua vida mas ajudar a mudar, para melhor, a vida dos outros.
A estrela da TV tem um percurso de vida fascinante e a entrevista revela como conseguiu vencer inauditos obstáculos.
Lá terei de ir ver A Última Mulher à TVI.
A estrela da TV tem um percurso de vida fascinante e a entrevista revela como conseguiu vencer inauditos obstáculos.
Lá terei de ir ver A Última Mulher à TVI.
2016/04/23
MEU TESOURO LIBERDADE
“Meu Tesouro Liberdade” é o nome de uma peça
de teatro que teve como objectivo comemorar o 25 de Abril. A peça resultou de
um desafio feito pelo Movimento Cívico Não Apaguem a Memória - NAM a Suzana Arrais encenadora do Teatro Ibisto que tem
como actores moradores dos bairros da Quinta do Mocho e da Quinta da Torre, nos
concelho de Loures, na maior parte originários das ex-colónias portuguesas.
Propusemos que criassem e representassem uma
peça que resultasse de uma reflexão sobre o que foi para eles o 25 de Abril.
Dessa reflexão resultou a peça "MEU TESOURO LIBERDADE" que teve
estreia hoje dia 23 de Abril de 2016, pelas 21h e 30m, no Teatro Meridional, ao
Poço do Bispo, em Lisboa,
Trata-se de uma peça que fala da importância da Liberdade e da sua procura, que além de incessante e constante deve ser partilhada, pois é um tesouro valioso que não se alcança com facilidade e que, depois de atingido, não tem garantia de duração.
Trata-se de uma peça que fala da importância da Liberdade e da sua procura, que além de incessante e constante deve ser partilhada, pois é um tesouro valioso que não se alcança com facilidade e que, depois de atingido, não tem garantia de duração.
Após a representação houve um debate muito
vivo e interessante entre os actores, a encenadora Suzana Arrais, os
associados do NAM e o público em geral, em que eles explicaram o porquê do
texto e da encenação.
A encenadora é Susana Arrais (na foto) uma conhecida atriz de muitas telenovelas, encenadora e uma activista cívica com destaque para o seu trabalho no Teatro Ibisco,
numa importante acção de inserção social e cultural, nos Bairros Quinta do Mocho e Quinta da Fonte, no concelho de Loures, onde predomina população originária das ex-colónias portuguesas.
Os actores são recrutados nestes bairros para cada peça.
A história é muito bonita e cheia de lições. Colhi-a aqui no blog "A viagem dos Argonautas", um post de Clara Castilho:
SINOPSE
« Lili é da Outra Aldeia, que está em guerra.
A avó de Lili é da Nossa Aldeia e por isso Lili veio aqui parar. É o mais próximo de pátria que tem. Nunca tinha estado na Nossa Aldeia mas conhece bem a sua história, língua e cultura, porque as duas aldeias são (supostamente) irmãs.
« Lili é da Outra Aldeia, que está em guerra.
A avó de Lili é da Nossa Aldeia e por isso Lili veio aqui parar. É o mais próximo de pátria que tem. Nunca tinha estado na Nossa Aldeia mas conhece bem a sua história, língua e cultura, porque as duas aldeias são (supostamente) irmãs.
Lili chega, fugida da guerra, à NossaAldeia onde se vive em
liberdade… ou não. Mas Lili é olhada de lado por se vestir de forma diferente e
andar sempre aos pulos.
Ao chegar à NossaAldeia, Lili depara-se com um povo de
Marionetas que vivem alegremente nas suas rotinas, regras e preconceitos. Os
Marionetas querem integrá-la mas para isso Lili tem de ser igual a eles e
imitá-los. Ela tenta mas os seus movimentos são sempre mais livres e por isso é
censurada. Lili desiste e é marginalizada.Lili acaba por encontrar um grupo de descontentes que se afastaram da maioria e que dizem “não quero isto para a minha vida”, quando interpelados pelos Marionetas.
Lili tem um plano e conta a história que a sua Avó Mindinha lhe contava. A história do Tesouro que havia na NossaAldeia e que tinha sido enterrado na Montanha do Homem.
O grupo decide ir em busca do tesouro.
O caminho é duro e cheio de pedras e obstáculos que os Marionetas lá colocaram. Já para não falar do Velho do Restelo que tenta convencê-los a desistir.
O grupo de amigos de Lili segue caminho, por vezes caindo nas tentações humanas como o egoísmo e a ganância. Mas conseguem chegar e juntos!
Os amigos percebem que têm pela frente a tarefa árdua de escavar bem fundo no coração da Montanha do Homem e, retirando as pedras-más, conseguir guardar as boas.
Juntos descobrem finalmente o Tesouro, o Tesouro Liberdade!
Estão felizes e cheios de esperança e decidem voltar à NossaAldeia, levando as Pedras boas e a Liberdade, com o sonho de construir uma GrandeAldeia melhor.
Quando chegam à NossaAldeia, Lili é presa por contar histórias e incitar o povo a pensar.
O grupo de amigos de Lili, faz uma vigília/manifestação, conquistando outros amigos, mas acabam por ser atacados pelos Marionetas e os dois grupos “lutam”. Os amigos de Lili ganham mais amigos (quase todos os habitantes) e conseguem libertá-la.
O Povo-Livre da NossaAldeia reúne, partilha o Tesouro e sonha com o futuro.
- Não vai ser fácil… Mas se fosse fácil, não era para nós!
O Velho do Restelo continua no seu lugar, desconfiado e recusando juntar-se ao grupo.
Alguém comenta:
- E ele?
- Ele?… Um dia ele junta-se a nós!
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Criação colectiva do grupo, com base em improvisações sobre o tema.
Coordenação artística - Susana Arrais
Produção - Catarina Aidos
Interpretação - O grupo de actores varia, conforme a próprio natureza do projecto e da Associação TIBISCO.
2016/04/18
O Brasil. O golpe.em modo striptease
Que vergonha!
Os deputados corruptos exigem um novo governo, um governo corrupto.
2016/02/28
O Homem que Calculava
É um livrinho já muito decrépito
de uma edição brasileira de 1949, que guardo religiosamente para deixar em herança aos netos.
Conta histórias surpreendentes muito
apreciadas para quem gosta de números.
São histórias ao alcance de
catedráticos com pelo menos a antiga 4ª classe da instrução primária, portanto
não se assustem, os que são de Letras! Comecei a fazer um scaner do livro quando me lembrei que já não estamos em 1949 e portanto - quem sabe! isto não estará aí na net. E está. Deixo-vos o link no fim.
A história é contada pelo
xerife Ali Iezid Izz-Edim ibn Salim Hank Malba Tahan (crente de Allah e de seu
santo profeta Maomé) em 19 da Lua do Ramadão de 1321.
Conta ele:
“Em nome de Alá,
Clemente e Misericordioso! Voltava eu, certa vez, ao passo lento do meu camelo,
pela estrada de Bagdad, de uma excursão à famosa cidade de Samarra, nas margens
do Tigre, quando avistei, sentado numa pedra, um viajante, modestamente
vestido, que parecia repousar das fadigas de alguma viajem. Dispunha-me a
dirigir ao desconhecido o “sala” trivial dos caminhantes quando, com grande
surpresa, o vi levantar-se e pronunciar vagarosamente: - Um milhão,
quatrocentos e vinte e três mil, setecentos e quarenta e cinco! Sentou-se em
seguida e quedou em silêncio, a cabeça apoiada nas mãos, como se estivesse
absorto em profunda meditação.
...
Encurtando razões: Malba
Tahan estava perante “o Homem que Calculava” um sábio dos números.
- Chamo-me Beremiz
Samir e nasci na pequenina aldeia de Khói, na Pérsia, à sombra da pirâmide
imensa formada pelo Ararat. - Apresentou-se o sábio.
Era um sábio, não era
um banqueiro e por isso era pobre e ia a pé para Bagdad. Ficaram amigos e Malba
Tahan acomodou-o no seu camelo e seguiram viagem.
- Poucas horas havia que
viajávamos sem interrupção – conta-nos Malba Tahan - quando nos ocorreu uma
aventura digna de registo, na qual meu companheiro Beremiz, com grande
talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista. Encontramos
perto de um antigo "caravançará" meio abandonado, três homens que discutiam
acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios
gritavam possessos, furiosos:
- Não pode ser! - Isto
é um roubo! - Não aceito!
O inteligente Beremiz
procurou informar-se do que se tratava.
- Somos irmãos –
esclareceu o mais velho – e recebemos como herança estes 35 camelos. Segundo a
vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma
terça parte, e, ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não
sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos, e, a cada partilha
proposta por um segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e
meio. Como fazer a partilha se a terça e a nona parte de 35 também não são
exatas?
- É muito simples –
atalhou o Homem que Calculava. – Encarrego-me de fazer com justiça essa divisão,
se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que em
boa hora aqui nos trouxe!
Neste ponto – diz Malba
Tahan – procurei intervir na questão:
- Não posso consentir
em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viajem se ficássemos sem o
camelo?
- Não te preocupes com
o resultado, ó Bagdali! – replicou-me em voz baixa Beremiz – Sei muito bem o
que estou a fazer. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão quero
chegar.
Tal foi o tom de segurança com que ele me falou, que não tive dúvida em entregar-lhe
o meu belo jamal [camelo] que imediatamente foi reunido aos 35 ali presentes, para serem
repartidos pelos três herdeiros.
- Vou, meus amigos –
disse ele, dirigindo-se aos três irmãos - fazer a divisão justa e exata dos
camelos que são agora, como vêem em número de 36. E, voltando-se para o mais
velho dos irmãos, assim falou:
- Deverias receber meu
amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, portanto,
18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão. E,
dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou: - E tu, Hamed Namir, deverias receber um terço
de 35, isto é 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é 12. Não poderás
protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação. E disse por
fim ao mais moço: E tu jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai,
deverias receber uma nona parte de 35, isto é 3 e tanto. Vais receber uma nona
parte de 36, isto é, o teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me
pelo resultado! E concluiu com a maior segurança e serenidade:
Pela vantajosa divisão
feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos três saíram lucrando –
couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um
resultado (18+12+4) de 34 camelos.
- Dos 36 camelos, sobram,
portanto, dois – disse Beremiz. Um pertence como sabem ao bagdáli, meu amigo e
companheiro, outro toca por direito a mim, por ter resolvido a contento de
todos o complicado problema da herança!
- Sois inteligente, ó
estrangeiro! – exclamou o mais velho dos três irmãos. – Aceitamos a vossa
partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade!
E o astucioso Beremiz
– o Homem que Calculava – tomou logo posse de um dos mais belos jamales do
grupo e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia: - Poderás
agora, meu amigo, continuar a viajem no teu camelo manso e seguro! Tenho outro,
especialmente para mim!
E continuaram a nossa
jornada para Bagdad.
Fica para si amigo leitor a tarefa de explicar o manifesto milagre, que não podemos deixar de atribuir ao amigo Jeremi ou talvez a Allah ou ao seu santo profeta Maomé.
_________________Tota a história e todo o romance aqui; http://www.coordenacaopedagogica.com.br/file.php/1/PAS_2009/Livro_-_Malba_Tahan_-_O_homem_que_calculava_ilustrado_.pdf
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