2015/12/29

"A 5ª Avenida do sec.XVI ficava em Lisboa"

Recebi por email, depois perguntei ao Google se estava online e ele informou-me: está AQUI. E estava. É um interessante artigo de Nicolau Ferreira, no Público e que nos diz que a Rua Nova dos Mercadores, na Lisboa do século XVI, era a 5ª Av. da Nova York dos nossos dias.  
E ao falar em NY lembrei-me do Sr "Jaquim", da Rua da Frente, que na aldeia da minha infância se via durante o dia passar mais que um automóvel logo exclamava "isto está uma NOVAIORCA". Ele fora emigrante nos EUA e sabia o que era movimento!
(Um clique na imagem amplia-a e no link leva-nos à Lisboa dos Descobrimentos.


2015/12/04

OLISIPO



Durante a construção de um parque de estacionamento na Praça D. Luís I na zona ribeirinha lisboeta, foi feita uma importante descoberta arqueológica que permitiu saber que este local era uma baía onde os navios romanos ancoravam para o trânsito de cargas, mercadorias e passageiros, desvendando assim um fundeadouro datado de entre o século I a.C e o século V d.C.
Esta descoberta permitiu também perceber a importância deste porto no Império romano e em toda a região atlântica, já que  chegavam navios de todas as partes do Mediterrâneo. E com estes dados foi realizado o documentário “Fundeadouro Romano em Olisipo”, criando imagens em 3D que retratam aquilo que seria a cidade de Lisboa na época romana.
Aqui fica um excerto do documentário “Fundeadouro Romano em Olisipo” com imagens do possível aspeto da Lisboa romana:

2015/10/07

Homenagem aos presos políticos da ditadura nas instalações do antigo Tribunal Plenário da Boa Hora


Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, quase junto ao Chiado. Ali, no tempo da longa noite fascista, entre 1945 e 1974, funcionou o Tribunal Plenário, onde eram condenados os presos políticos. No Plenário os "juízes" do regime aplicavam aos presos políticos as penas que os agentes da PIDE/DGS previamente decidiam.

Em 6 de Dezembro de 2006 o MOVIMENTO NÃO APAGUEM A MEMÓRIA - NAM, organizou uma homenagem aos presos políticos, com uma sessão solene na Boa Hora e o descerramento de uma lápide que ficou colocada na antecâmara da sala da atual 6ª Vara Criminal.

Edmundo Pedro, ex-preso político, durante mais de 10 anos, no Campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, para onde foi aos 17 anos, juntamente com muitos outros presos, incluindo o seu pai, Gabriel Pedro e o muito conhecido arquitecto de Lisboa e ex-preso político, Nuno Teotónio Pereira, entretanto ambos eleitos membros honorários do NAM , descerraram a placa que assinala a memória daquele lugar. 

Estiveram presentes o presidente do Tribunal Constitucional, o vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, os deputados à Assembleia da República, coronel ("capitão de Abril") Marques Júnior e o historiador Fernando Rosas, o ministro da Justiça, Alberto Costa, também ele um ex-preso político, a directora-geral da Adminis-tração da Justiça, antigos presos políticos, advogados de defesa dos presos políticos, outros resistentes contra o Estado Novo e activistas do Movimento Não Apaguem a Memória. O Presidente da AR Jaime Gama enviou uma mensagem, Mário Soares não podendo estar presente também enviou uma mensagem na qualidade de advogado de ex-presos políticos. Presente o coronel Vasco Lourenço, também ele "capitão de Abril",  presidente da direcção da Associação 25 de Abril e quase toda a sua direcção. 
O texto da lápide teve de ser negociado com o tribunal da Boa-Hora através do juiz Carlos Berguette. A Justiça da democracia branqueava assim a Justiça da ditadura. João Paulo Guerra no blog Câmara Corporativa, aqui:   http://tinyurl.com/pjtbavy
dá sobre este assunto uma boa informação.

Texto do NAM: "Nesta sala do então Tribunal Plenário, entre 1945 e 1974, foram julgados inúmeros adversários políticos da ditadura, acusados de "crimes" contra a segurança do Estado. "O tribunal não actuava com independência, aceitava e cobria as torturas e ilegalidades cometidas pela PIDE/DGS, limitava-se, salvo exceção, a repetir a sentença que a polícia política já tinha definido. Muitos juízes ignoraram e impediram os presos políticos de denunciarem as agressões e métodos da PIDE/DGS. A justiça e os direitos humanos não foram dignificados nem respeitados no Tribunal Plenário."

"Após negociação com o tribunal da Boa-Hora o texto acabou por ficar assim:

"Aqui funcionou o "Tribunal Plenário", onde, entre 1945 e 1974 - período da ditadura -, foram condenados inúmeros adversários do regime, acusados de crimes contra a segurança do Estado. A justiça e os direitos humanos não foram dignificados. Após o 25 de Abril de 1974 a memória perdura e a justiça ganhou sentido. À dignidade dos homens e mulheres aqui julgados por se terem oposto ao regime da ditadura." 

Na cerimónia, apresentada pelo membro do NAM, almirante Martins Guerreiro, discursaram o Prof. António Borges Coelho, na qualidade de ex-preso político, o juiz Manuel Macaísta Malheiros, na qualidade de ex-advogado de defesa de presos políticos, a diretora-geral da Administração da Justiça e a representante do Movimento Não Apaguem a Memória!, Cláudia Castelo.

Eis os discursos de Borges Coelho, Macaísta Malheiros e Cláudia Castelo. São testemunhos impressionantes.

ANTÓNIO BORGES COELHO:


Em nome das vítimas dos Tribunais Plenários, dos mortos e dos vivos, saúdo os juízes do Tribunal da Boa Hora que quiseram activar a memória dos tempos sombrios. 
As vítimas que represento foram neste local gravemente ofendidas na sua dignidade e no seu próprio corpo. Avivar, hoje e aqui, a memória constitui, pois, um acto necessário e exemplar de cidadania. Os presos políticos, mulheres e homens, que durante dezenas de anos pisaram a barra deste tribunal, não eram gente vencida. Tinham experimentado os perigos da luta contra a ditadura e o rigor da vida clandestina. Tinham suportado a prisão, os espancamentos, a tortura da estátua, os meses de isolamento nos buracos do Aljube ou em Caxias. Muitas vezes chegavam aqui ainda com as marcas da tortura. 
Esta sala, que foi do Tribunal Plenário, era previamente ocupada por agentes da polícia. Um deles escrevia o relatório pormenorizado da audiência e não se coibia de comentar a actuação dos próprios juízes. Mas a polícia não podia impedir a presença de assistentes incómodos. Desde logo, a dos advogados que gratuitamente e com elevado risco assumiam a defesa dos réus. Depois, a das testemunhas que louvavam a conduta ética dos acusados e por vezes defendiam a justeza das ideias que eles professavam. Algumas testemunhas saíam diretamente da sala de audiências para o calabouço. E havia ainda os olhos e os ouvidos dos que conseguiam vencer a barreira. 

Os "julgamentos" começavam com a entrada do promotor e dos juízes do Tribunal Plenário. Entravam sem venda nos olhos e sem balança. Sabiam ao que vinham: julgar mulheres e homens cujos processos tinham sido instruídos, não por juízes, mas por agentes e inspectores da polícia política. E de que crimes eram essas mulheres e homens acusados? Do crime de exprimirem por palavras e escritos a liberdade de pensamento, do crime de exercerem a liberdade de reunião e de associação. 

Os Tribunais Plenários integravam-se no sistema de terror, legitimando-o. No decorrer da audiência os acusados acusavam. A televisão não estava lá para abrir uma janela para o mundo; a imprensa silenciava; o país seguia cabisbaixo. Mas as vozes daqueles que aqui se ergueram acusando ecoaram fundo no coração de muitos portugueses. Não vou referir nomes. Alguns têm o seu lugar na nossa história. Hoje lembro somente aqueles que acusaram e de que ninguém fala. Por vezes agredidos e empurrados para o calabouço. Estas paredes assistiram a muita agonia, a opressão, a desprendimento total das coisas terrenas, a gestos comoventes de sacrifício e dedicação aos outros. Mulheres e homens que nada tinham senão os corpos e a mente indicavam com o seu sacrifício que há momentos em que é preciso dizer não para que a água da vida corra limpa. 

Vinham de todas as camadas sociais mas predominavam os camponeses, os operários, os intelectuais e os jovens. Recordo-os a todos como pessoas nas suas diferenças sociais e políticas e queria com estas palavras erguer um longo mural que chamasse, um a um, todos os nomes. Eles assumiam, letrados ou não, a dignidade antiga e quase sagrada de Sócrates perante os quinhentos juízes do tribunal de Atenas. No final do espectáculo, o Tribunal Plenário condenava as vítimas a anos e anos de prisão, a que acrescentava as medidas de segurança de seis meses a três anos, renováveis tantas vezes quantas a polícia política decidisse com a dócil assinatura dos servidores do Plenário.

Renovo a saudação a todos quantos participaram nesta breve memória dos tempos sombrios. Mas as últimas palavras reservo-as para a primeira noite dos condenados depois da leitura da sentença: embrulhados nas mantas imundas, cortados da vida, sem outro futuro à vista que não o do cárcere e o da "fé". ■

CLÁUDIA CASTELO 
Começo por recordar um texto de José Régio proferido no âmbito da Campanha Eleitoral da Oposição, em 1949:
"Na luta que actualmente se trava em Portugal entre duas formas de pensar e sentir, de governar e de ser – um poderoso elemento há com que jogam os nossos antagonistas: o medo. «O medo é que guarda a vinha» - diz-se. Em grande parte, tem sido o medo que tem guardado a actual Situação. Pode, ainda, ser o medo quem melhor a defenda. Não só em Portugal como em quaisquer países onde um regime conquistou o poder pela força, e pela força impera, esse poderoso inimigo da alma se agigantou a ponto de tapar todo o horizonte.
Inimigo da alma, digo: Porque é o medo que tolhe até os impulsos mais generosos, faz desistir até das aspirações mais justas, afoga até o grito mais espontâneo e, em suma, corrompe e assombra até a mais clara visão da vida. Pelo medo fica a alma pequenina, embaraçada, inerme, torpe. Encolheu-se – dizemos nós de quem teve medo de agir. E não há imagem mais justa. Não admira que cultivem o medo […] todos os regimes autoritários; todos os governos dum partido exclusivo” (CAMPANHA ELEITORAL DA OPOSIÇÃO, Depoimento contra depoimento, 1949, Lisboa, Edição dos Serviços Centrais da Candidatura, p. 58-59).
As palavras de Régio, particularmente lúcidas e incisivas, são uma clara denúncia do império
entorpecedor e desmoralizador do medo que dominou Portugal durante 48 anos. De facto, a longevidade do regime teve muito a ver com a sua natureza profundamente opressiva e obscurantista.
O movimento Não Apaguem a Memória! é um movimento cívico que pugna pela salvaguarda da memória da resistência à Ditadura Militar e ao Estado Novo, para que seja dignificada a luta pela liberdade e pela democracia. O Movimento foi criado na sequência de um protesto cívico realizada a 5 de Outubro de 2005, por um grupo de cidadãos livres e independentes, que quis expressar o seu desagrado pela transformação da sede da PIDE (na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa), num condomínio fechado. No próximo dia 11 de Dezembro, serão julgados no 6.º juízo criminal de Lisboa dois companheiros do Movimento: o «capitão de Abril» Duran Clemente e João Almeida, acusados de «desobediência qualificada», por terem integrado aquele acto de cidadania. Todos os que reivindicamos o direito e o dever de lembrar sentimo-nos igualmente arguidos naquele processo.
Desde que há um ano se formou, o Movimento tem vindo a contactar com os poderes públicos (a Câmara Municipal de Lisboa, os grupos parlamentares, diversos ministérios, etc.), para que se preserve, investigue e divulgue a memória da luta contra o fascismo e o colonialismo, nomeadamente através da dignificação de locais simbólicos da repressão, como sejam a cadeia do Aljube, o Forte de Peniche, o Forte de Caxias, a sede da PIDE/DGS e as suas delegações do Porto e Coimbra, a Prisão de Angra do Heroísmo, o Campo de Concentração do Tarrafal, os Presídios Militares, o Tribunal Militar, os tribunais plenários de Lisboa (Boa-Hora) e Porto (S. João Novo), a sede dos Serviços de Censura, etc. Como sustenta o historiador francês Pierre Nora, identificar e assinalar lugares de memória torna-se particularmente importante porque os meios de memória (a memória colectiva espontânea, dos que viveram os acontecimentos ou foram seus contemporâneos) irão inevitavelmente perder-se (vd. Les lieux de memoire, Paris, Gallimard, 1984).
Paralelamente aos contactos com as entidades oficiais, o Movimento tem procurado sensibilizar e mobilizar a sociedade civil para as suas causas. E está particularmente interessado em chegar às gerações mais jovens.
A cerimónia que hoje aqui nos reúne, o descerramento de uma placa que perpetua a memória deste espaço, é a primeira concretização pública dos objectivos do Movimento. Nesta sala funcionou o Tribunal Plenário de Lisboa, entre 1945 e 1974, nesta sala foram acusados e condenados por crimes políticos, portugueses que não se encolheram. Esta cerimónia reveste-se, pois, de grande significado de cidadania, solidariedade e fraternidade, tanto mais que conta com a presença não só de antigos presos políticos e de advogados de defesa do período da ditadura como de altos representantes do poder executivo, legislativo e judicial do actual regime democrático.
Todos nós os que aqui nos reunimos hoje, repudiamos a farsa jurídica encenada durante 30 anos nesta sala; todos nós repudiamos uma administração da Justiça contra o povo, em nome de interesses mesquinhos de um regime autoritário e iníquo; todos nós repudiamos a colaboração activa, com a polícia política, de juízes de nomeação governamental; todos nós repudiamos as condições preparatórias do processo judicial sob prisão e tortura; todos nós repudiamos as “medidas de segurança”, que mais não eram que um eufemismo para uma longa e arbitrária detenção dos que ousavam contestar o Estado Novo, ter ideias próprias e diferentes sobre o modelo político, económico, social e cultural do país, ultrapassar a inércia e o comodismo, quebrar o silêncio, vencer o medo; todos nós repudiamos a sistemática violação dos direitos dos cidadãos que os tribunais plenários continuaram a praticar, mesmo depois de aprovada a Declaração Universal dos Direitos do Homem (a 10.12.1948).
Mas não basta afirmar este repúdio, não basta que os antigos presos políticos, os advogados de defesa, as autoridades judiciárias, os companheiros do Movimento tenham consciência «do rebanho perseguido pelo medo, que da vida perdeu o sentido», não basta que nós (os que viveram e os que estudaram) saibamos que houve alguns que se recusaram «a chegar a ratos» (como disse Alexandre O’Neill). É necessário mais; é necessário que esta memória seja transmitida às novas gerações e a toda a comunidade nacional, para que possa perdurar através da História.
Por isso, esta placa – estática, muda e fria, como é próprio de qualquer placa – é apenas um começo. Importa trazer a este tribunal os jovens das escolas básicas e secundárias, promover visitas de estudo, debates, trabalhos de reflexão e de pesquisa. Cabe aos ministérios da Justiça e da Educação acarinhar e desenvolver projectos educativos sobre a Justiça e o Direito antes e depois do 25 de Abril de 1974. Para que este lugar de memória possa incitar à pedagogia democrática, à produção e divulgação de visões críticas, vivas e plurais da história da ditadura – o que nos parece um imperativo cívico e ético em democracia.
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*Alusão ao «Poema pouco original do medo», de Alexandre O’Neill, publicado no livro No reino da Dinamarca, 1958.

MACAISTA MALHEIROS:

NESTE LUGAR de triste memória, quero evocar as centenas de réus que por aqui passaram sacrificando a sua liberdade à luta pela democracia. Entre outros, os militares e civis do processo de Beja, os comunistas, funcionários e militantes, os católicos cuja consciência obrigava a dar testemunho contra o fascismo, camponeses que lutavam pelo pão e que na segunda metade do século XX, reivindicavam, ainda, 8 horas contra a escravatura do sol a sol, os operários só porque fizeram greves, jovens estudantes dos movimentos de esquerda e extrema-esquerda, ansiosos de liberdade. Vi, eu próprio, neste Plenário, serem espancados pela PIDE, com o consentimento de juízes, o Jorge Araújo, que o advogado Cunha Leal procurou em vão proteger, e, noutro momento, o Joaquim José Dias, ambos militantes comunistas, apenas porque insistiam em denunciar as torturas a que tinham sido submetidos na PIDE. Até a mulher do Joaquim José Dias, ré no processo, foi agredida à bofetada por um PIDE, chefe da brigada que policiava o tribunal, só porque gritava "Ai! Que matam o meu marido!".


Ninguém descreveu melhor o Plenário do que Aquilino Ribeiro, em "Quando os Lobos Uivam". Por isso foi acusado, só não tendo sido julgado, certamente, por terem medo das repercussões internacionais. Escreveu ele: "Plenário... rima com... calvário, rosário, bestiário... até prostibulário". "O legislador encontrou o termo que convinha ao odioso tribunal". "Melhor só um tricorne de inquisidor". "Com a novíssima estrutura judiciária dois dos juízes eram corregedores do crime, e presidente um desembargador". "Mais chocho e perro que o presidente... não havia no quadro". "Um dos adjuntos... reunia em si o tipo do magarefe... e até no manejo do cutelo quando se tratava de aplicar a lei". "No tempo da forca era homem, para, à falta de carrasco, puxar à corda". "Quando interpretava o código, tendia para a pejorativa". "O outro assessor... passava por ser o zero absoluto". "Chegara à corregedoria pela insignificância, à parte a zumbaia". .. era um catolicão até à medula..." .. o representante do Ministério Público, juiz em comissão..." "Ele próprio deixava entender... que era o ouvido predilecto do ministro". "Frieza e servidão incondicional ao poder haviam-no remido da miséria de pontos com que se apresentara a concurso" ... o ministério da Justiça precisa de tais instrumentos para as leis celeradas". Mas Aquilino Ribeiro recorda-nos ainda, noutras páginas do livro, que a violência era prática comum no Processo Penal daquele tempo e não apenas dos processos políticos: "Pegou do cavalo-marinho, que a violência e os castigos corporais eram o processo corrente de averiguação ressurgido pelo aparato judicial..." "Descarregou-lhe segunda, terceira, quarta vergalhada, à quinta...". Tenhamos, porém, presente que o Plenário serviu para aprendermos o que não deve ser o Processo Penal. O Presidente do Tribunal Constitucional, jovem magistrado, com o saudoso Rui Pinheiro, publicou logo após a promulgação da Constituição um estudo sobre a importância dos princípios constitucionais parra o processo penal. A Constituição transformou-se em direito vigente, positivo, as garantias que durante décadas foram negadas e que não devemos permitir que se esqueçam. Refiro alguns artigos: Todos têm direito a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade — 20.° O direito de resistência — 21.° Ninguém pode ser submetido a tortura —25.° Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos — 27.°, 4 A detenção será submetida, no prazo máximo de 48 horas a aprovação judicial — 28.°, 1 A decisão judicial que mantenha a detenção deve ser logo comunicada a parente ou pessoa de confiança do detido por este indicados — 28.°, 4 Os condenados mantêm a titularidade dos direitos fundamentais — 30 5 O arguido tem direito a ser assistido em todos os actos do processo pelo defensor — 32f, 3 São nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coacção, ofensa da integridade física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na vida privada, no domicilio, na correspondência ou nas telecomunicações — 32.°, 8 Estes princípios consagrados na Constituição e desenvolvidos no Código de Processo Penal regulam a actuação das polícias, do Ministério Público e dos juízes, e hoje o cidadão pode confiar que os magistrados portugueses protegem de forma firme estes direitos, mesmo quando são sujeitos a pressões demagógicas. Aqueles juristas, que consideram haver demasiadas garantias para os arguidos no Processo Penal português, devem ter consciência da prática da PIDE e das perversões que a complacência dos homens, que desonraram a sua beca de magistrados ao serviço do poder no Tribunal Plenário, permitiu e que não devemos consentir se repitam. Nós, advogados, apenas tivemos a honra de acompanhar, nalgumas das suas horas amargas, esses réus torturados e humilhados, que sacrificaram a liberdade para que da noite rompesse a madrugada. Para eles e elas, vai a minha admiração, o meu respeito e o meu agradecimento. ■

2015/09/06

Françoise Hardy - Le Temp de l' Amour

Ofereço-vos esta querida dos anos 60, como se o tempo não tivesse passado. 
Françoise Hardy nasceu em Paris, em 1944. E, como nós, é sensível ao tempo.

1963                                      2010                                                                    2015
Le temps de l'amour   Françoise Hardy

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Letras de músicas? É aqui: http://letras.mus.br/

2015/08/30

Pela terra de Ataturk

Passeávamos pela Istiklal Caddesi quando decidimos visitar a Torre Galata. A manhã ainda era uma criança andámos andámos, atravessamos a ponte com o nome da Torre e fomos ao grande Bazar das Especiarias. Um espanto para olhos ibéricos. Andámos mais e mais quando a fome nos avisou. Aproveitámos um restaurante/explanada que nos convidava. Um gato preto aproximou-se com um olhar turco e interrogativo. Demos-lhe keba, do nosso prato que apreciou visivelmente mas o pão, esse recusou, ainda que delicadamente. A nossa conversa ficou por ali porque o "garçon" não gostou da cena e afastou-o persuasivo com o pé.
Bem comidos, já reconciliados com Istambul que, como sabem, foi Constantinopla de não menos pergaminhos, pusemos pés ao passeio e atrevemo-nos a uma mesquita que de nós se aproximou. Por ali, mesquitas é o que mais há, como igrejas em Portugal.
Descalçava os sapatos julgava eu que em rigoroso cumprimento das regras muçulmanas quando o guardião do templo acode e me proíbe de o fazer em cima do tapete. Ali só depois de descalço. Entramos com a boca a abrir-se-nos de espanto perante tanta beleza. Um gradeamento, com uma abertura, defendia o centro interior da mesquita. Àquela zona nobre só podiam aceder os homens. Às mulheres, "seres impuros", concluí, oferecia-se-lhes as margens do templo, fora do gradeamento onde várias se postergavam convictas. No centro um dos homens gatinhava de pés e mãos e fazia longas e repetidas genuflexões, cabeça até ao chão e rabo apontado à cúpula. Meditava... que pecados terá cometido este súbdito do Grande Ataturk e agora do detestável Erdogan para tamanhas reverências.
Uma espanhola ao lado de Maria, que connosco entrou, ria-se do pecador e com o olhar dizía-nos "só visto".
Agora fico-me por aqui para não vos maçar. Mas depois conto como fomos apanhar o barco para Çiragan, no Bósforo, um pouco mais à frente. O Bósforo? Não sabem onde é o Bósforo? É o estreito que liga o Mar da Mármara ao Mar Negro ali mesmo juntinho a Istambul que sobre ele olha para o outro lado, para a Turquia da Anatólia, para a infinita Ásia. Ponho aqui o mapa.

 


2015/08/21

Bento de Jesus Caraça, um homem que abençoava as ilusões

Intervenção de Helena Neves 

na Iniciativa do Movimento Não Apaguem a Memória - NAM em parceria com campOvivo, em 5 de Janeiro de 2015, na Padaria do Povo, onde funcionou a Universidade Popular entre 1919 e 1948

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Há cem anos, nasceu uma criança do sexo masculino que, diriam mais tarde as velhas mulheres, parecia fadada por uma estrela. Estrela, sem dúvida, contraditória. Porque, se cedo se evidenciou que a sua sorte seria diversa daquela a que a origem social o destinava, e a sua vida se afirmou, desde a infância, como conquista de espaços cada vez mais amplos, o seu tempo seria breve. Ao morrer, 47 anos depois, o adulto que foi esse menino diria, segundo testemunho do sobrinho, «tão pouco tempo...» Tempo breve mas intenso. Marcando a sua época. E a nossa ainda.
 Falamos de Bento de Jesus Caraça, filho de trabalhadores rurais, nascido a 18 de Abril de 1901, em Vila Viçosa.
A morte tocou-lhe à nascença. Conta a irmã, mais nova, Filomena Caraça, que a mãe, aflita, vendo o menino a finar-se, correu à igreja a baptizá-lo, sem pensar sequer que nome pôr-lhe. Acudiu-lhe o padre, sugerindo Bento de Jesus. Mais tarde, Bento Caraça ironizará em resposta a uma crítica ao seu trabalho em O Diabo, jornal da frente intelectual mais radicalmente oposicionista e plataforma do movimento neo-realista. «Um articulista de Beja descobriu numa hora de ócio que há uma quase contradição entre o meu nome tão católico (sic) e o meu ingresso nas hostes diabólicas (re-sic). Que quer amigo? Fui baptizado à pressa e com um escasso mês de idade. Razões por que se julgaram dispensados de me consultar...»
Levado aos dois meses, pelos pais, para a Aldeia de Montoito, no Redondo, onde o pai é feitor da Herdade da Casa Branca, dá aí os primeiros passos e conhece, com pouco mais de 4 anos, as primeiras letras ensinadas por um trabalhador errante, desses que sazonalmente chegavam ao Alentejo, este trazendo, no pouco de seu, uma cartilha  escolar. Impressionada com a inteligência do menino, a senhora da herdade, D. Jerónima, torna-se «sua protectora»: assim assinará as cartas e postais que lhe escreve, até morrer, para os diferentes lugares para onde o envia a aprender a ser diferente: um homem culto.
 É neste percurso protegido que Bento Caraça passa pelo Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, e, em 1915, se encontra no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, espaço de descoberta de amigos, como Luís Dias Amado, tornado quase irmão, e Carlos Botelho, pintor da cidade e dos seus entardeceres; espaço de encontro com o amor através de Maria Octávia, filha do professor de matemática, Adolfo Sena; e limiar... (continua aqui)

2015/06/22

Diego Rivera

Diego Rivera constitui com Siqueiros e Orozco o mais célebre grupo de muralistas do México. Nasceu em 1886, em Guanajuato, capital do Estado mexicano do mesmo nome e morreu na cidade do México em 1957. Fez parte com aqueles e outros artistas mexicanos do movimento revolucionário Mexicano iniciado em 1910.
A Revolução Mexicana teve como principais objectivos a reforma agrária com a distribuição de terras aos camponeses e a defesa e valorização da cultura indígena. “Tierra y Libertad” era o lema. Os movimentos revolucionários foram vencidos após vagas repressivas e o assassinato dos líderes camponeses Emiliano Zapata, em 1919 e Francisco ‘Pancho Villa’, em 1923.
O México foi o centro das atenções das Américas relativamente às artes plásticas durante as décadas de 1920 e 1930.  Os pintores mexicanos, com particular destaque para os três referidos muralistas, criaram um movimento em prol da ‘arte revolucionária’, uma arte para o povo, daí os grandes murais nos edifícios públicos nos quais se recuperava a arte pré-colombiana das civilização Maia, Asteca, Inca a par da arte moderna que se desenvolvia na Europa onde Rivera estudou, pintou e conviveu com  intelectuais e artistas dos mais destacados desse período como Picasso ou Juan Gris.
Rivera já muito famoso foi contratado para vários murais nos EUA depois de cancelada a proibição de entrada no país por ser comunista. Entre outras obras pintou um grande mural no Centro Rokefeller de NY a convite de John D. Rockefeller Jr. Este ao saber que no mural figuravam as imagens de Marx, Trotsky e particularmente destacada a de Lenine como representante de uma sociedade nova tentou convencer Rivera a apagar a figura de Lenine. Ante a recusa de Rivera este foi pago e despedido e a pintura tapada com um oleado e algum tempo mais tarde, em 1934, destruída. Rivera reproduzi-a depois com o título "O homem controla o Universo" no palácio de Belas Artes da cidade do México, com base na filmagem do mural de NY. O Mural em NY provocara uma campanha hostil da imprensa conservadora e manifestações de apoio de artistas norte-americanos.
A fonte principal é o livro de Andrea Kettenmann, biógrafa e grande conhecedora da obra de Rivera.
(Um clique amplia as imagens)

 
 Diego Rivera e Frida Kahlo a artista com quem se casou 2 vezes. Foto, em cima, pintura em baixo
 
 
Nu com Jarros (Desnudo com Alcatraces) 1944
 Retrato da Srª Dona Elena Flores de Carrillo, 1953 

 
 Tentações de Stº Antão, 1947, óleo em tela, 90x110 cm, Museu Nacional de Arte, Cidade do México
 Cântico à Terra e aos que a Trabalham e Libertam. 1926/27 Nave e cúpula de antiga capela, Universidade Autónoma de Chapingo. Faz parte de um conjunto de murais de 14 paredes principais e 27 secundárias com 370,23 m2
 

 A Conquista ou a Chegada de Hernán Cortés a Veracruz, (4,92x5,27m) 1951 - PalácioNacional Cidade do México
 
O Homem controla o Universo -1934 Fresco 4,85x11,45 m Palácio de Belas Artes Cidade do México
  
Representação de Lenine, pormenor do mural na imagem anterior
 
A América Pré-Hispânica, 1950, óleo em tela 70x90cm e capa do livro Canto General de Neruda
 


Sonho de uma Tarde de Domingo na Alameda Central, 1947/48, 4,8x15m Cidade do México
Pormenor do mural da imagem anterior.

2015/06/09

"Mulher sem Qualidade" saiu. Só por cunha ou misericórdia terá entrado.

O assunto não é assim tão transcendente como aquele do Jesus, do Vieira, do Marco e do Carvalho  mas como o vídeo foi interditado no Facebook e também ao que me dizem, no DN online, a bem da liberdade de expressão e para memória futura aqui fica.
A saída do programa da "mulher sem qualidade" foi o que de melhor restou da participação desta mulherzinha na Barca do Inferno onde entrou talvez por ser assim como ela é, bem de acordo com os tempos em que o país é governado por aquele "Homem sem Qualidade". A bem dizer 3 homenzinhos sem qualidade
A antiga jornalista e apresentadora questionava Isabel Moreira sobre os benefícios da descida da TSU proposta pelo PS. Da "Barca do Inferno", a estibordo, atirou-se à água e vaí daí a RTP não lhe lançou nenhum salva vidas. Deixou-a na água, molhada, a esbracejar. Nada que não mereça.
            
“Isto não é debate. Neste preciso momento abandono o programa. Já chega, é inacreditável o que aqui se passa.” Foi assim que Manuela Moura Guedes abandonou em directo o programa Barca do Inferno, esta segunda-feira, após uma troca intensa de argumentos com a deputada socialista Isabel Moreira. (Público online link):
"No programa da RTP Informação, a antiga jornalista da TVI questionava Isabel Moreira sobre como a descida da TSU proposta pelo PS “vai garantir emprego, crescimento, salários”. A deputada socialista defendeu que essa descida vai aumentar o consumo, argumento que Manuela Moura Guedes não aceitou e insistiu em pedir uma resposta mais concreta.
Foi neste momento que o debate subiu de tom, com a comentadora residente do programa a exigir ao humorista Nilton, que apresenta o programa, a sua intervenção para conseguir uma resposta. “Já fizeste a pergunta e ela [Isabel Moreira] já respondeu”, ripostou o apresentador, relembrando Manuela Moura Guedes que estavam “em directo” e exigindo “alguma boa educação”. Nilton frisou que a antiga jornalista da TVI não poderia “monopolizar o programa”.
Moura Guedes anunciou a decisão de abandonar o programa poucos segundos depois, pedindo “imensa desculpa aos espectadores”, e lembrou que quando existe um debate “pergunta-se e as pessoas respondem, não viram a cara para o lado”, em resposta à reacção de Isabel Moreira à sua pergunta.
A situação causou alguma surpresa nas restantes comentadoras —além de Isabel Moreira, Raquel Varela e Sofia Vala Rocha — e, após a saída de Moura Guedes, Nilton fez referência à situação que levou Santana Lopes a abandonar uma entrevista na SIC Notícias depois de ser interrompido por um directo da chegada de José Mourinho a Lisboa. “Um momento Pedro Santana Lopes na Barca do Inferno”, disse o humorista.
Isabel Moreira reagiu a esta saída no seu Facebook, referindo que “as participantes no programa não são iguais, há quem se prepare e há quem debata”. Considerou a saída de Manuela Moura Guedes como tardia e um “desrespeito total pelo público”. A deputada socialista elogiou ainda a intervenção de Nilton no debate, que “fez o seu papel de forma exemplar”.
Esta não foi a primeira vez que existiu uma saída do programa, apesar de não ter sido um abandono em directo. Marta Gautier, uma das comentadoras iniciais da Barca do Inferno, saiu após o primeiro episódio por “falta de química” com as restantes comentadoras, referiu na ocasião José Manuel Portugal, então director de informação da RTP. Marta Gautier recebeu algumas críticas, nomeadamente da parte de Manuela Moura Guedes, por se ter apresentado mal preparada para debater as questões da actualidade, em especial o mau funcionamento da plataforma Citius, o tema em discussão nesse momento.
Texto editado por Tiago Luz Pedro

Dizem que é a Natureza. Que é assim mesmo.

Todos os anos é isto. Uma explosão de cores à volta da casa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 


2015/05/31

Pedro Baptista e o seu 2º livro de Memórias

O Alfa Pendular chegou  a Campanhã ainda não eram 17 h tomei logo ali o "urbano" para S. Bento e fui subindo os Aliados olhando para o espanto daquele portentoso edifício que, com Rui Moreira e a Câmara lá dentro, governa a "Cidade Invicta".
Não foi necessário perguntar onde é que o Pedro Batista ia fazer o lançamento do seu segundo livro de memórias. Logo à entrada do átrio uma banca com resmas do seu livro que a Afrontamento editara dizia-me que a cerimónia seria ali mesmo, no átrio grande do grande edifício da Câmara onde tanta cadeira me pareceu excessivo. Afinal não chegaram pois mal eu me distraíra a observar os cantos da casa uma multidão de amigos e curiosos disputavam os assentos.   Este 2º livro de memórias é uma reflexão sobre o caminho que o Pedro fez de braço dado com Portugal nestes últimos 40 anos.
O Pedro depois dos abraços e dos desvelos com que rodeou a minha chegada:  se tinha chegado bem, que depois me levaria ao hotel, mas antes disso teríamos o jantar com um largo grupo de amigos, correligionários e não correligionários, revolucionários e não revolucionários, gente dos partidos e outros perdidos pelos partidos. Eu acabara de chegar de Lisboa, 300 kms para o lançamento de um livro! Só mesmo o Pedro Batista!!
Convivemos lado o lado no mesmo gabinete durante quatro anos, 1965 a 1999, como deputados na bancada do PS, depois da saga da Plataforma de Esquerda e do acordo com o partido de Jorge Sampaio e a seguir de António Guterres. Só isso pode explicar aqueles 300 kms para saudar o autor  e antigo patrão do Grito do Povo e da OCMLP tudo coisas com que sempre embirrei.
Ele largou-me logo para atender uma chusma de admiradores e admiradores e garatujar umas palavras de simpatia ou louvor, o costume, nos livros que cada um ostentava como um troféu, o que me levou de imediato a olhar bem à volta para ver se descobria alguma coisa de que pudesse dizer mal. Da Câmara, da cidade, dos amigos do Pedro ou dele próprio.
Chegou então o Presidente da Câmara que foi o primeiro a discursar e fez tantos elogios ao Pedro Baptista que eu no fim até lhe disse que me pareciam elogios a mais. Falou em seguida José Manuel Lopes Cordeiro historiador da Universidade do Minho, em seguido o coronel Sousa e Catro, capitão de Abril e por fim Francisco de Assis, do PS e deputado do Parlamento Europeu mas ali, na qualidade de velho amigo do seu amigo. Apresentando o autor e os intervenientes estava José Sousa Ribeiro das Edições Afrontamento.
Dos discursos - influenciado pela comunicação social actual - não vou referir o que de substancial foi dito sobre a História de Portugal e sobre o livro que analisa esta, ao sabor do que o Pedro e a sua OCMLP, foram fazendo para tornar a vida dos Portugueses num inferno, convencidos que os encaminhavam para o paraíso. O que vou relatar são os anexins e destes lembro-me apenas de o Sousa Castro dizer de Rui Moreira que afinal visto assim ao perto, era mais alto do que ele imaginara ao vê-lo pela televisões. Deu gargalhada geral, é claro.
O Pedro Baptista, quando à 6ª feira se despedia dos colegas, na AR, dizia sem receio do despautério: até 2ªf, que "agora vou para Portugal", quando afinal ia apenas para o Porto... Por isso não me fica bem dizer aqui, ao pé dele, que o Porto está lindo, impressionado que fiquei com o belo passeio que demos e com outros amigos seus, dos tempos OMLP, pela Esplanada do Castelo e pelo Passeio Alegre.
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Da contracapa do livro