Vem isto a propósito de um post que coloquei [aqui]. e que, em resumo, diz que não faz sentido a crítica de Bush a Roosevelt ou Churchil que teriam sido indulgentes com Stalin nos acordos de Yalta.
Victor Sousa do Estranho Estrangeiro teve a amabilidade de deixar um comentário, que agradeço, no qual, demarcando-se de Bush, considera fazer sentido a posição que ele expressou em Riga:
"O Mundo Ocidental livre, que englobava as potências que emergiram da 2ª Guerra Mundial ostentando o poder decorrente da vitória, sentiram pudor em aplacar os intentos de Estaline. O erro, indubitavelmente, existiu. Os presentes na conferência em Yalta anuiram à subjugação dos países do Báltico devido à descortesia que isso representaria para com os soviéticos."
Contrariando esta ideia sustento que as bandeiras da "liberdade" e dos "direitos humanos" , são grandes bandeiras dos democratas mas na boca de imperialistas servem apenas para combater com "legitimidade" as ditaduras que não lhes convêm, no caso, ao Tio Sam.
Assim os dólars jorram para libertar a Ucrânia, a Geórgia, a Bielorúcia e outros Estados mais ou menos ditatoriais ou invadem o Iraque, ou conquistam Granada, ou bombardeiam Manágua e levam preso o Chefe de Estado da Nicarágua, ou derrubam Governos democraticamente eleitos como o de Allende no Chile ou de Arbentz na Guatemala. Mas ou reina a maior indiferença ou são mesmo amparadas as ditaduras que servem os interesses dos EUA, como a Arábia Saudita, o Kuwait, o Paquistão, o Egipto, a Indonésia (enquanto durou Suharto), Portugal de Salazar, Espanha de Franco, a Grécia dos coronéis e todas as que enxameavam a América Latina.
Mesmo relativamente à 2ª Guerra Mundial anotemos os "escrúpulos" dos grandes poderes que comandam o Estado norte-americano.
De 1939 a 45 as filiais da General Motors (proprietária da Opel desde 1929) na Alemanha nazi produziram 50% dos motores dos melhores bombardeiros da Luftwaffe, os Junker 88. GM e Ford produziram 80% das viaturas médias e 70% dos camiões pesados do Exército Alemão. Em 1943 no auge da guerra as filiais da GM, conceberam e construiram os motores para o primeiro avião a jacto do mundo, o Messerschmitt 262.
Depois da guerra a GM e a Ford conseguiram que o Governo norte-americano as indemnizassem pelos prejuízos sofridos nas suas fábricas, ao serviço de Hitler, pelos bombardamentos cegos da aviação dos... Estados Unidos. A primeira recebeu 33 milhões de dóllars, a Ford só um milhão.
Menos sorte teve Prescot Bush, avô do actual W.Bush que acabou por ver contrariados os seus interesses em várias empresas que possuia na Alemanha e negócios com o regime nazi relativamente ao qual tinha uma atitude simples e ordeira: fazer dinheiro. Não tinha qualquer simpatia especial pelo Fuher. Nem tão-pouco qualquer rebate de consciência com os campos de concentração ou a morte dos soldados americanos. Era um cidadão do mundo, um homem de negócios. Aproveitava a oportunidade. Como manda a moral comercial. Como faz W. Bush.
1 comentário:
Grata por todo o conhecimento que retiro daqui sempre que cá venho.
Convido-o para um copo de um bom alentejano amanhã. Beijinho
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