Na realidade, Jerónimo de Sousa não admitiu nada de novo. O que parece ser uma abertura, como Judite de Sousa insinuou no debate de hoje à noite, na RTP, não passa de uma imutável posição do PCP.
O Partido Comunista sempre considerou o PS e ainda na clandestinidade as figuras que lhe deram origem, como forças de esquerda ou personalidades de esquerda, quando fazia a contabilidade nacional esquerda-direita e, numa contradição insanável, sempre os considerava de direita na actividade prática. Por isso na clandestinidade estava sempre disposto e interessado na aliança com tais forças mas sempre e sempre sob a liderança hegemónica do PCP. Era fundamental marcar bem o terreno para o pós-fascismo. Para que não se questionasse quem mandaria em quem e se comprometesse o futuro socialista de Portugal após o derrube da ditadura fascista.
Depois do 25 de Abril a política de alianças, particularmente com o PS, manteve-se firmemente nessa posição. Pretendeu-se até, habilmente, fazer "a aliança da classe operária com os camponeses e a pequena e média burguesia - estratégica para a vitória da revolução," fazendo a aliança POVO-MFA curtocircuitando a aliança política PCP-PS. Aliás, manifestamente impossível, por falta de vontade óbvia dos dois lados. Óbvia porque para a revolução o PS não aceitava tal aliança e para a "democracia burguesa" não a ceitava o PCP.
Desde a institucionalização do regime democrático que o PCP mete o PS na esquerda para através da soma de deputados (ou votos) na AR mostrar que no país há uma maioria de esquerda. Mas sistematicamente o considera de direita no que à política diz respeito. E que se saiba os partidos não dizem respeito a nada mais do que à política.
Apesar desta insuperável contradição (táctica) havia no passado, ainda que questionável (enquanto houve União Soviética, países socialistas e perspectivas de o capitalismo vir a ser substituido por aquele socialismo) alguma lógica na táctica e na estratégia da orientação política de Cunhal. Lutava o PCP pela revolução que levasse a Moscovo. Com a queda de Moscovo não faz sentido Jerónimo querer fazer aquela revolução. Não sabe para aonde a poderia levar. E não menos sentido faz usar a táctica e a estratégia para o mesmo desiderato.
Já não fazia qualquer sentido com Carvalhas. Nem com Cunhal no seu ocaso. Mas Cunhal tem atenuantes, depois do que foi a sua vida, e que vida! não esteve para dar o braço a torcer perante os seus inimigos. Não me enganei. Não eram adversários, eram inimigos. De vida ou morte. E, noutros tempos, talvez não só no plano político. De um e outro lado.
Portanto a descoberta de Judite de Sousa, na entrevista a Jerónimo de Sousa, hoje à noite, na RTP, não é notícia.
Depois do 25 de Abril a política de alianças, particularmente com o PS, manteve-se firmemente nessa posição. Pretendeu-se até, habilmente, fazer "a aliança da classe operária com os camponeses e a pequena e média burguesia - estratégica para a vitória da revolução," fazendo a aliança POVO-MFA curtocircuitando a aliança política PCP-PS. Aliás, manifestamente impossível, por falta de vontade óbvia dos dois lados. Óbvia porque para a revolução o PS não aceitava tal aliança e para a "democracia burguesa" não a ceitava o PCP.
Desde a institucionalização do regime democrático que o PCP mete o PS na esquerda para através da soma de deputados (ou votos) na AR mostrar que no país há uma maioria de esquerda. Mas sistematicamente o considera de direita no que à política diz respeito. E que se saiba os partidos não dizem respeito a nada mais do que à política.
Apesar desta insuperável contradição (táctica) havia no passado, ainda que questionável (enquanto houve União Soviética, países socialistas e perspectivas de o capitalismo vir a ser substituido por aquele socialismo) alguma lógica na táctica e na estratégia da orientação política de Cunhal. Lutava o PCP pela revolução que levasse a Moscovo. Com a queda de Moscovo não faz sentido Jerónimo querer fazer aquela revolução. Não sabe para aonde a poderia levar. E não menos sentido faz usar a táctica e a estratégia para o mesmo desiderato.
Já não fazia qualquer sentido com Carvalhas. Nem com Cunhal no seu ocaso. Mas Cunhal tem atenuantes, depois do que foi a sua vida, e que vida! não esteve para dar o braço a torcer perante os seus inimigos. Não me enganei. Não eram adversários, eram inimigos. De vida ou morte. E, noutros tempos, talvez não só no plano político. De um e outro lado.
Portanto a descoberta de Judite de Sousa, na entrevista a Jerónimo de Sousa, hoje à noite, na RTP, não é notícia.
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