2004/06/28

REQUISIÇÃO CIVIL!! Voilá

A manhã já ia saída e era meio resignado que ouvia na Antena 1 as respostas dos ouvintes à pergunta do fórun. Era sobre a fuga do Durão. É claro. Um olho na rádio, um dedo na tecla e só comecei a prestar atenção ao Sr. Paulo Miranda já ele ia bem lançado.
Para se dar o devido valor ao que disse é preciso ouvi-lo. Vou tentar.
Parecia-me o género homem do povo. No bom sentido. Percebe-se o que quero dizer? Adiante.
O Sr. Paulo Miranda falava pausadamente, sem gaguejar, com convicção mas nenhum excesso de emoção ou vanguardismo político. E... hela! não era conversa para levar o voto ao seu moínho. Dizia que não achava bem isto do 1ºM ir, agora a meio do caminho, lá para Bruxelas. Que elE disse mal do Guterres e muito bem, por se ter ido embora e vai agora faz o mesmo. Pediu aperto do cinto porque o país ia mal. Ele até concordou, apertou o cinto. Houve sacrifícios e agora deixa tudo a meio numa desorientação.
Passei a ouvi-lo com toda a atenção. Em parte porque estava de acordo com tudo o que ele dizia. E por isso achava-o cheio de razão. Com palavras simples. Via-se que não era político, jornalista ou intelectual. Talvez um empregado. Não era do PCP, nem do Bloco. Pelo estilo. Até parecia que talvez tivesse votado no Durão e agora achava o abandono uma indecência.
Sempre sem aumento de voz e sem excessiva indignação que a crise já é tal que nem permite tais excessos. Até acho - continuava ele - até acho que ele não vai trazer grande coisa para o país como se ouve dizer. O que é que ele, como presidente do Parlamento Europeu, pode dar a Portugal? Não estou a ver. Não se pode comparar com um caso, por exemplo, se o Pinto da Costa fosse para presidente da FIFA. Aí sim eu acho que ele poderia arranjar alguma coisa a favor do nosso futebol. Mas agora Durão Barroso presidente do Parlamento Europeu! Não me parece.
Concluí que não tinha sido um lapsus linguae e que estava mesmo a fazer confusão com o Parlamento Europeu. Talvez até nem soubesse dessas miudezas da existência de uma Comissão.
Porque - argumentava, e foi aí que sem querer, soltei uma gargalhada que até acordei o meu neto. Porque foi uma observação genuina. Se fosse um espertalhão a fazer graça, enfim, teria esboçado quando muito um sorriso distraído. Mas dito pelo Sr.Paulo Miranda... Pareceu-me que falava do Algarve e pela aparência seria homem de trabalho aí com uns quarenta anos. E - dizia ele, placidamente - agora com o 2004... houve trabalhadores que quiseram fazer greve. Ora isso não podia ser e houve requisição civil. Achei muito bem e não houve greve. Por isso acho que agora também se devia aplicar uma requisição civil e não o deixar sair.

Sem comentários: