2019/12/04
2019/11/11
Canção do Mar na TV russa
Uma bela canção portuguesa cantada na língua de Camões, na língua de Pushkin e em Tártaro.
Cantam em Português, em Russo e em Tártaro.
*********
"As russas Elmira Kalimullina e Pelageya arrasaram num programa televisivo do seu país, com uma interpretação fenomenal do tema português Canção do Mar, da versão de 1993 do álbum "Lágrimas" da Dulce Pontes." Cantam em Português, em Russo e em Tártaro.
2019/09/22
2019/09/17
EDWARD SNOWDEN HERÓI DA HUMANIDADE
Memórias
do homem que denunciou o “capitalismo de vigilância”
No livro Vigilância Massiva, Registo Permanente, que
publica hoje (ed. portuguesa da Planeta), o antigo espião explica porque
divulgou um programa global de vigilância. Eis um excerto (Jornal Público 2019-09-17)
A razão por que está a ler este livro é eu ter feito
uma coisa muito perigosa para alguém na minha posição: decidi dizer a verdade.
[O governo americano] assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva, uma autoridade que por definição afecta mais os inocentes do que os culpados
[O governo americano] assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva, uma autoridade que por definição afecta mais os inocentes do que os culpados
O
meu nome é Edward Joseph Snowden. Costumava trabalhar para o governo, mas agora
trabalho para o público. Demorei quase três décadas a perceber que há uma
diferença, e quando isso aconteceu tive alguns problemas no escritório. Em
consequência, agora dedico o meu tempo a proteger o público do género de pessoa
que então era: um espião da Central Intelligence Agency (CIA) e da National
Security Agency (NSA), mais um jovem técnico desejoso de construir aquilo que,
tinha a certeza, ia ser um mundo melhor.
A
minha carreira na Comunidade da Informação (CI) americana durou sete curtos
anos, ou seja — e foi uma surpresa quando me apercebi disto —, só mais um ano
do que o tempo do meu subsequente exílio num país que não escolhi. Durante
esses sete anos, no entanto, tive a oportunidade de participar na mais
significativa mudança na história da espionagem americana — a passagem da
vigilância de alvos individualizados para a vigilância massiva de toda a
população. Ajudei a tornar tecnologicamente exequível para um governo coligir
as comunicações digitais do mundo inteiro, armazená-las por períodos indefinidos
e consultá-las à vontade.
Depois
do 11 de Setembro, a CI ficou esmagada pela culpa de não ter conseguido
defender a América, por ter deixado que o ataque mais devastador e destrutivo
contra o nosso país desde Pearl Harbor acontecesse “no seu turno”, para usar
uma expressão popular. Em resposta, os seus líderes procuraram construir um
sistema que evitasse serem apanhados mais uma vez com um pé no ar. Esse sistema
teria como base a tecnologia, uma matéria alienígena para o seu exército de
cientistas políticos e doutores em gestão administrativa. As portas das mais
sigilosas agências de informação abriram-se de par em par para jovens técnicos
como eu. E os nerds herdaram a Terra.
Se
naquela altura havia qualquer coisa de que eu percebia, era de computadores, de
modo que subi depressa. Com vinte e dois anos, recebi da NSA a minha primeira
autorização de nível Muito Secreto para um lugar na base do organograma da
instituição. Menos de um ano mais tarde, estava na CIA, como engenheiro de
sistemas com acesso ilimitado a algumas das mais sensíveis redes do planeta. O
único supervisor adulto era um tipo que passava o turno a ler romances de
espionagem de Robert Ludlum e Tom Clancy.
As
agências estavam a violar todas as regras que elas tinham estabelecido no
empenho de contratar talento técnico. Em circunstâncias normais nunca
contratavam ninguém que não tivesse pelo menos um bacharelato, ou, mais tarde,
no mínimo frequência universitária, e eu não tinha nenhuma destas coisas. À luz
de todas as normas, não devia ser autorizado a entrar no edifício. (...)
Com
vinte e seis anos era, no papel, empregado da Dell, mas mais uma vez trabalhava
para a NSA. A procura de fornecedores de serviços tinha-se tornado a minha
cobertura, como a da maior parte dos espiões com tendências tecnológicas do meu
grupo. Mandaram-me para o Japão, onde ajudei a conceber o que na prática acabou
por ser o backup global da agência — uma massiva rede clandestina graças à qual
mesmo que a sede da NSA fosse reduzida a cinzas por um ataque nuclear havia a
certeza de que nenhuma informação se perderia. Na altura, não me apercebi de
que criar um sistema capaz de manter um registo permanente da vida de toda a
gente era um trágico erro.
Voltei
aos EUA dois anos mais tarde e recebi uma promoção estratosférica para a equipa
técnica que assegurava o relacionamento da Dell com a CIA. A minha função era
reunir-me com os chefes das secções técnicas da CIA para criar e vender a
solução para qualquer problema que eles fossem capazes de imaginar. A minha
equipa ajudou a agência a construir um novo tipo de arquitectura de computação:
a “nuvem”, a primeira tecnologia que permitia a qualquer agente, fosse qual
fosse a sua localização física, aceder e pesquisar quaisquer dados de que
precisasse, independentemente da distância.
Em
resumo, o trabalho de gerir e conectar o fluxo de informação levou ao trabalho
de descobrir como armazená-la para sempre, que por sua vez deu lugar ao
trabalho de garantir que essa informação estava acessível e podia ser
consultada em qualquer parte do mundo. Foi nestes projectos que me concentrei
quando, com vinte e nove anos, fui para o Havai depois de ter aceite um novo
contrato com a NSA. Até essa altura, tinha funcionado com base na doutrina da
Necessidade de Saber, incapaz de compreender o propósito cumulativo por trás
das minhas tarefas especializadas e compartimentadas. Foi só no paraíso que
estive enfim numa posição que me permitia ver como todo o meu trabalho funcionava
em conjunto, como as rodas dentadas de uma gigantesca engrenagem, para criar um
massivo sistema de vigilância global.
Nas
profundezas de um túnel sob uma plantação de ananases — uma antiga fábrica
subterrânea de aviões da era Pearl Harbor —, sentava-me diante de um terminal
que me dava um acesso quase ilimitado às comunicações de praticamente qualquer
homem, mulher ou criança que à face da Terra usasse um telefone ou um
computador. Entre essas pessoas havia cerca de 320 milhões de cidadãos americanos,
meus compatriotas, que na condução normal das suas vidas quotidianas eram
vigiados numa grosseira contravenção não só da Constituição dos Estados Unidos
como dos valores mais básicos de qualquer sociedade livre.
A
razão por que está a ler este livro é eu ter feito uma coisa muito perigosa
para alguém na minha posição: decidi dizer a verdade. Coligi documentos da CI
interna probatórios da violação da lei por parte do governo dos EUA e
entreguei-os a jornalistas, que os avaliaram e mostraram a um mundo escandalizado.
Este
livro é a respeito do que levou a essa decisão, dos princípios éticos e morais
que a en formaram, e de como nasceram… o que significa que é também a respeito
da minha vida.
Quartel-General da CIA em Langley - Virginia
O
que faz uma vida? Mais do que aquilo que dizemos; mais, até, do que aquilo que
fazemos. Uma vida é também aquilo que amamos, e aquilo em que acreditamos. Para
mim, aquilo que mais amo e em que mais acredito é conexão, conexão humana, e as
tecnologias através das quais é conseguida. Essas tecnologias incluem livros, claro.
Mas, para a minha geração, conexão tem significado sobretudo a internet.
Antes
que recue, sabedor da loucura tóxica que infesta esse vespeiro nos nossos dias,
compreenda que para mim, quando a conheci, a internet era uma coisa muito
diferente. Era um amigo, e um pai. Era uma comunidade sem fronteiras nem
limites, uma voz e milhões, um território comum ocupado mas não explorado por
várias tribos que viviam em amizade lado a lado, e cada um era livre de
escolher o seu nome e a sua história e os seus costumes. Todos usavam máscaras,
e no entanto esta cultura de anonimidade-através-da polinomia produzia mais
verdade do que falsidade, porque era criativa e cooperativa em vez de comercial
e competitiva. Claro que havia con flito, mas era mais do que compensado pela
boa vontade e os bons sentimentos: o verdadeiro espírito dos pioneiros.
Compreender-me-á,
então, quando digo que a internet dos nossos dias está irreconhecível. Não
importa que esta escolha tenha sido consciente, resultado de um esforço
sistemático por parte de alguns poucos privilegiados. O impulso inicial para
transformar comércio em “e-comércio” levou muito depressa à criação de uma
bolha, e então, logo a seguir ao virar do milénio, a um colapso. Depois disso,
as empresas perceberam que as pessoas que entravam online estavam muito menos
interessadas em gastar do que em partilhar, e que a conexão humana
possibilitada pela internet podia ser monitorizada. Se o que a maior parte das
pessoas
online
queria era poder dizer à família, aos amigos, a desconhecidos o que estava a
fazer, e em troca saber o que estavam a fazer a família, os amigos e os
desconhecidos, a única coisa de que as empresas precisavam era arranjar maneira
de situar-se no meio destes intercâmbios sociais e lucrar com isso.
Foi
o começo do capitalismo de vigilância, e o fim da internet tal como eu a
conhecia.
Ora
bem, foi a web criativa que colapsou, e inúmeros sites individualizados,
criativos e difíceis fecharam portas. A promessa de conveniência levou as
pessoas a trocar os seus sites pessoais — que exigiam uma manutenção constante
e trabalhosa — por uma página no Facebook e uma conta Gmail. Era fácil tomar a
aparência de propriedade pela sua realidade. Poucos de nós o compreenderam na
altura, mas nada daquilo que passaríamos a partilhar continuaria a
pertencer-nos. Os sucessores das empresas de e-comércio que tinham falhado por
não conseguir encontrar qualquer coisa que estivéssemos interessados em comprar
tinham agora um novo produto para vender.
O
novo produto éramos Nós.
A nossa atenção, a nossa actividade, os nossos
lugares, os nossos desejos — tudo a nosso respeito que revelávamos, tendo ou
não consciência disso, estava a ser vigiado e vendido em segredo, de modo a
adiar a inevitável sensação de violação que, para a maior parte de nós, só
agora começa a aparecer. E esta vigilância continuaria a ser encorajada de uma
forma activa, e até financiada, por um exército de governos gulosos do enorme
volume de informação que iriam obter. Exceptuando o acesso e as transacções
financeiras, poucas ou nenhumas comunicações eram encriptadas na primeira
década dos anos 2000, o que significa que em muitos casos os governos nem
tinham de dar-se ao trabalho de abordar as empresas para saber o que os
respectivos clientes andavam a fazer. Bastava-lhes espiar o mundo sem dizer
nada a ninguém.
O
governo americano, em total desrespeito pela sua carta fundadora, foi vítima
desta tentação, e uma vez provado o fruto desta árvore venenosa foi assaltado
por uma febre incurável. Assumiu, em segredo, o poder da vigilância massiva,
uma autoridade que por de fi nição afecta mais os inocentes do que os culpados.
Só quando cheguei a uma compreensão mais profunda desta vigilância e dos seus
males comecei a ser perseguido pela consciência de que nós, o povo — o povo não
de um só país mas do mundo inteiro —, nunca tivemos direito de voto, e nem de
expressar a nossa opinião, neste processo. O sistema de vigilância quase
universal tinha sido criado não só sem o nosso consentimento, mas também de uma
forma que escamoteava ao conhecimento, de intenção deliberada, todos os
aspectos dos seus programas. A cada passo, a mudança dos procedimentos e as
suas consequências eram ocultadas a toda a gente, incluindo a maior parte dos
legisladores.
Para quem podia voltar-me? Com quem podia falar?
2019/09/08
2019/04/28
A Libertação dos presos políticos de Caxias pelos capitães de Abril
A convite da Associação 25 de Abril participei numa comissão com alguns " capitães de Abril" numa comissão que apoiou a CM de Oeiras nas comemorações do 45º aniversário da revolução dos cravos, que inclui uma estátua a erigir mais tarde e a inauguração de uma lápide em homenagem aos presos políticos no jardim em frente da prisão (Reduto Norte) no dia 26 de Abril de 1974, exactamente 45 anos depois da libertação.
Deixo aqui algumas fotografias da homenagem aos que tanto lutaram e sofreram para usufruirmos hoje da Liberdade que gozamos.
Na 1ª foto vê-se, de costas, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, o presidente da CMOeiras Isaltino Morais e Manuel Alegre autor do poema impresso na lápide, no momento em que a inauguravam.
Na 1ª foto vê-se, de costas, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, o presidente da CMOeiras Isaltino Morais e Manuel Alegre autor do poema impresso na lápide, no momento em que a inauguravam.
Na 2ª foto estou eu com Mário Pinto, o então capitão e agora coronel reformado, comandante da força de paraquedistas que libertou os presos em 26 de Abril de 1974.
Nas outras fotos, se as ampliarem com um clique, reconhecerão vários outros "capitães de Abril" nomeadamente o Otelo.
Depois dos discursos da Ministra da Justiça, de Manuel Alegre e de Isaltino Morais, fez-se a abertura simbólica do grande portão de ferro da prisão e dele saíram não os ex-presos mas um lindo e vibrante grupo de miúdas e miúdos, alunos dos primeiros anos de escolaridade, alguns deles netos de ex-presos. Correram para nós e ofereceram-nos um saco com os versos da lápide que se vê na foto onde estou com Mário Pinto e dentro um cravo vermelho e uma folha decorada com uma pintura e uns versos da autoria de cada um. A mim uma jovenzinha ofereceu-me a "obra de arte" que vai reproduzida aqui em baixo que no verso tem escrito EBS. Bruno 3º ano Maria L Leonor.
.2019/04/24
2019/04/05
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