2012/01/21

50º Aniversário da revolta de Beja: intervenções dos historiadores Irene Pimentel e António Louça



Notícia saída na revista VISÃO de 2012 01 19

Intervenção da historiadora e membro da direcção do NAM Irene Pimentel na sessão do 50º aniversário da revolta de Beja (ver posts abaixo):
«Em primeiro lugar, gostaria de manifestar o meu contentamento por poder estar aqui nesta sessão, onde, creio, é principal objectivo retirar do esquecimento um importante acontecimento na luta contra a ditadura. Deve-se dizer que a memória da revolta armada de Beja, na passagem do ano de 1961 para 1962, foi apagada evidentemente, por razões óbvias, pelo próprio regime salazarista, mas também o foi por uma parte da oposição ao regime, que nela não participou. E, no entanto, o punhado de homens e algumas mulheres que generosamente se envolveram no movimento de Beja fê-lo de forma algo nova e diferente do que até aí tinha acontecido, durante o regime ditatorial.
Ao abordar alguns dos episódios de que aconteceu em Beja, procurarei reflectir sobre essa revolta...
Intervenção do historiador António Louçã:
Agradeço às pessoas presentes o interesse pelo tema, que sa fez deslocarem-se aqui nesta tarde de sábado. Aos participantes da Revolta de Beja não agradeço que se tenham levantado em armas contra a ditadura salazarista, porque não procuravam gratidão - procuravam apenas fazer o que era preciso e esse “apenas” era muito. Para alguns foi tudo: o sacrifício de si próprios e de familiares seus, dos confortos, das carreiras, da liberdade e até da vida. E continuam hoje, os vinte e três subscritores do comunicado evocativo da Revolta, a dar testemunho contra esta voragem neo-liberal que ameaça as gerações vindouras.

Valha esta referência como declaração de intenções. O historiador, o jornalista, o investigador ou o estudioso, segundo a amável apresentação do Raimundo Narciso, ao debruçar-se sobre uma iniciativa da envergadura que teve a Revolta de Beja, não pode deixar de vibrar com ela e de tomar partido. Eu, partidário dos insurrectos, me confesso e declaro desde já este parti pris.

Agradeço à associação “Não Apaguem a Memória” o convite para participar nesta comemoração. No nome da associação vai toda uma intenção programática. [continua aqui].

2012/01/16

Homenagem aos heróis da revolta armada de Beja

Da direita para a esquerda: Luis Carlos, Victor Quintão Caldeira, Venceslau de Almeida, Alfredo Guaparrão, Delmar Silva, Varela Gomes, Raul Zagalo Coelho, Manuel Peralta Bação, Eugénio de Oliveira, António Pombo Miguel, José Hipólito Santos, António dos Santos Pereira e José Duarte Galo.


O jornal A BOLA online traz uma boa reportagem, de Irina Iglésias, sobre a sessão de comemoração do 50º aniversário da revolta armada de Beja, realizada pelo Movimento Cívico Não Apaguem a Memória - NAM em cooperação com a Comissão de Participantes, em 2012-01-14 na Biblioteca Museu da República e da Resistência, em Lisboa. [Link para A Bola online]


Das fotos, a de cima e as duas seguintes (de Álvaro Isidoro/ASF) foram tiradas do site da Bola.online



 
 


50º Aniversário da revolta armada de Beja

 
 
A sessão comemorativa do 50º aniversário da revolta armada de Beja e de homenagem aos seus participantes, promovida pelo Movimento Cívico Não Apaguem a Memória - NAM em cooperação com a Comissão de Participantes, realizada em Lisboa, na Biblioteca Museu da República e da Resistência em 14 de Janeiro de 2012, teve uma grande afluência de público que encheu o anfiteatro os corredores e salas anexas.

Entre os presentes estavam muitos dos participantes na revolta de Beja, nomeadamente o coronel João Varela Gomes e Edmundo Pedro, assim como conhecidos “capitães de Abril”, alguns dos quais, em representação da Associação 25 de Abril, como o general Pezarat Correia, o comandante Contreiras, os coronéis Aniceto Afonso, Mário Tomé, Rosado da Luz,  além de conhecidas figuras da intelectualidade e da vida pública como o ex-ministro das Obras Públicas Eng. Mário Lino, professores universitários como Paulo Almeida ou Luís Salgado Matos, historiadores como Jorge Martins ou Luisa Tiago de Oliveira, o Dr. Ernâni Pinto Basto ou a Drª. Luisa Corte Real.

As intervenções dos historiadores Irene Pimentel e António Louçã e do coronel Carlos Matos Gomes despertaram muito interesse. O debate, na segunda parte da sessão, trouxe o testemunho de vários participantes e de pessoas que viveram os acontecimentos como Ramiro Morgado.

Especialmente tocante foi o testemunho de Maria Eugénia (na fotografia), mulher do então capitão e hoje coronel Varela Gomes, que a ditadura levou a julgamento e, numa atitude de revoltante vingança, manteve presa durante um ano e meio.
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Participantes na acção revolucionária de Beja presentes na sessão promovida pelo NAM

Que participaram directamente nalguma(s) das três tentativas (a 2 e 9 de Dezembro/61 e 1 de Janeiro/62) do assalto ao quartel de Beja:

Airolde Casal Simões, Alfredo Guaparrão, António dos Santos Pereira, António da Graça Miranda, António Pombo Miguel, Delmar Silva, Edmundo Pedro, Eugénio Filipe de Oliveira, Francisco Leonel Rodrigues Lobo, Fernando Roxo da Gama, família de Gualter Nunes Basílio, João Paulo Varela Gomes, José Duarte Galo, Luís Carlos, Manuel da Costa, Manuel Pedroso Marques, Manuel Peralta Bação, Viúva de Manuel Serra, Maximino Serra, Raul Zagalo Gomes Coelho, Venceslau Lopes de Almeida, Victor Quintão Caldeira

Envolvidos na acção revolucionária de Beja:

António Brotas, Maria Eugénia Varela Gomes, Carlos Veiga Pereira, José Hipólito dos Santos e a família de Carlos Prazeres Ferreira.