2005/08/06

Hiroshima - foi há 60 anos


8 e 15 minutos da manhã. A cidade já trabalhava. "Os comerciantes já tinham aberto as lojas, os estudantes estavam nas salas de aula, os escritórios e as fábricas funcionavam". A cidade, um tanto longe da guerra sentia-se um pouco mais segura do que outras por não ter valor militar.

Na Casa Branca, em Washington, o presidente Truman não partilhava as preocupações humanistas do seu antecessor Roosewelt e não pensava bem assim. Considerou que 343 mil pessoas, se mortas de uma só vez, poderiam constituir um muito aceitável objectivo militar.

Podia-se até adocicar um pouco as coisas. O avião B29 que faria "o trabalho" seria baptizado ternamente com o nome da mãe do piloto, Enola Gay e a bomba podia ter um nome carinhoso "Little Boy".

Às 8 e 15 da manhã um relâmpago entre branco e azul iluminou a cidade mais que o Sol e 5,5 milhões de graus Celsius levantaram um cogumelo róseo que cercou o céu e a cidade. Num raio de 500 metros ficou quase tudo reduzido a pó. 10 mil pessoas foram evaporadas mas de algumas ficou uma "sombra". À sua volta as pedras ficaram mais queimadas e escuras e desenharam assim a última posição no último momento das suas vidas.

Morreram cerca de 300 mil pessoas das quais 80 mil na primeira hora. Muitos milhares foram morrendo lentamente ao longo de muitos anos, com as radiações.

Washington desculpou-se com a poupança de sangue de militares americanos ao acelerar, assim, o fim da guerra. Outros acham que a guerra já estava decidida e fora uma forma de intimidar a URSS cujos exércitos levavam de vencida o grosso das tropas japoneses, destacadas na Manchúria.

Civis, longe dos combates, cidade sem valor militar, muitos não hesitaram em chamar a Hiroshima e a Nagasaqui (3 dias depois) o maior acto de terrorismo da história.
Washington achou que valeu a pena. Hiroshima e Nagasaqui não pensam assim e comemoram todos os anos a data do crime e exigem o fim das armas nucleares.