2005/06/30

A Acção da Base Aérea de Tancos (1)

Para criar relações ou até, se possível, amigos na blogosfera usei a consagrada técnica de deixar um comentário nos seus blogs. Às vezes a iniciativa pega. Sucedeu, por exemplo, com a Mona Lisa, com o Alexandre Narciso ou com a Micas.
De vez em quando deixam aqui no Memórias ou no Puxa Palavra simpáticos comentários. Outras vezes chegam mesmo a atribuir-me virtudes ou feitos que relevam apenas da sua generosa amizade.
Gostam de visitar memórias antigas que aqui vou registando. Assim e para não desmerecer da sua amizade vou transcrever algumas breves passagens do livro que conta a história da ARA. Começo pela acção de Tancos.



Esta operação armada foi planeada e meticulosamente preparada pelo Comando Central da Acção Revolucionária Armada - ARA (Jaime Serra (50 anos), Francisco Miguel (63), Raimundo Narciso (33)) com a colaboração essencial do então furriel piloto de helicópteros na Base Aérea de Tancos, Ângelo de Sousa, durante cerca de 6 meses e descrita em 50 páginas do citado livro. A sua execução deve-se a três homens de coragem: Carlos Coutinho, jornalista (28 anos), Ângelo de Sousa, bancário (24) e António João Eusébio, estucador (28).



Eis um extracto do comunicado então emitido pela ARA:

"Um comando militar da Acção Revolucionária Armada levou a efeito, com pleno êxito, na madrugada do dia 8 de Março [de 1971], uma importante e complexa acção contra o aparelho militar da guerra colonial. Este comando penetrou audaciosamente no hangar principal da Base Aérea Nº3, em Tancos, destruindo completamente, com cargas explosivas, toda a frota de helicópteros militares estacionados nesta base militar, assim como vários aviões de treino."



Um relatório da Base Aérea que encontrei na Torre do Tombo, no arquivo da PIDE quando preparava o livro citado, mensionava:

"28 aeronaves atingidas, 12 totalmente destruídas, 1 irrecuperável, 15 com destruições de diferente grau e recuperáveis".

Também na Torre do Tombo encontrei um relatório secreto, da Secretaria de Estado da Aeronáutica de então onde se dizia que:

"...
1.- Cerca das 03.20 do dia 08MAR71, deflagrou no Hangar Norte da Base Aérea Nº 3 (Tancos), um violento incêndio iniciado por complexo sistema explosivo, cujo fulcro se localizou num engenhoso sistema de relojoaria."
..."

5 comentários:

Papo-seco disse...

Boa tarde,

Gostava que conhecesse este blog.

http://tocolante.blogspot.com/

Monalisa disse...

Ora, ora...não concordo com essa dos comentários simpáticos, mas concordo com a possibilidade de ler passagens do livro. Beijo

Micas disse...

Sou da mesma opinião da Monalisa, não concordo com essa dos comentários simpáticos, até porque na maioria das vezes passo em silêncio, lendo sempre com o maior respeito. Gosto de saber o que se passou no meu país contado na primeira pessoa, pois na altura dos acontecimentos ainda não tinha noção para me aperceber do que se passava. Estou-lhe grata por se ter cruzado comigo. Agradeço imenso esta possibilidade de ler passagens do livro. Beijinho e bom fim de semana.

Anónimo disse...

Tornou-se rotina praticamente diária,consultar o que diz o RN,e daí partir para outros blogs e comentários.É um prazer, há sempre que aprender, sobre o nosso passado histórico e quanto ao presente,é muito interessante seguir a sua linha de pensamento.

A. Narciso disse...

Acabado de regressar de Angola e ainda sem tempo para repor a actividade no blog é com muito agrado que venho visitar o "Memórias" e ver esta bonita demonstração de amizade. Uma das boas coisas da blogosfera é mesmo esta cumplicidade que se cria... e a partilha.
Forte Abraço