2014/02/22

Católicos, ateus ou agnósticos irmanados na evocação da luta contra a ditadura fascista


 
Foi uma tertúlia. Diria mesmo, foi uma senhora tertúlia. Era promovida pelo NAM e pelo Instituto São Tomás de Aquino, e aconteceu ali, no Convento dos Dominicanos, em Lisboa. Por parte do NAM a ideia e a excelente organização deve-se à Ana Isabel Pena e ao José Dias. Avaliando pelos resultados, visto não ter melhor informação, garanto que o apoio do Convento dos Dominicanos e do Instituto São Tomás de Aquino foi decisivo. A Ana, via-se bem, andava por ali dando ordem a tudo e a todos animava com o seu sorriso para que esquecêssemos, lá fora, o governo e a crucificação dos portugueses, todos os que não sejam da roda do actual PSD/CDS ou não pertençam à casta dos donos de Portugal.  O José Dias, coimbrão de muitos costados, que para não o tratarmos por Sr. Dr. nos informou que era da cidade mais universitária de Portugal mas que não viessem com títulos porque ele era especialista da porra de coisa nenhuma. Moderou o debate e moderou de tal modo, com tanto humor e assertividade que a todos encantou. Comuniquei-lhe que noutra roda de amigos o anunciara como o maior ativista de Coimbra mas que logo me emendaram, que não, não senhor, maior ativista... da península ibérica.

As intervenções seguiram o programa que enfeita este "post" e ali se vê. Os testemunhos foram muito valiosos e os perto de 200 assistentes bebiam as palavras, ora serenas ora emocionadas, de quem nos oferecia, ali, comoventes e exaltantes, momentos únicos da sua vida na luta contra a ditadura onde não faltou o relato das prisões e das torturas sofridas às mãos da PIDE.
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Já o jantar arrefece e entre enviar agora, para os espaços siderais, este "post" a meio caminho ou mostrar-vo-lo mais tarde mais compostinho optei pela celeridade para vos mostrar as imagens que nos dominicanos colhi e porque a vida não espera. Depois voltarei à conversa se estiverem de acordo.
(Um clique nas imagens e elas oferecem-se em todo o seu explendor)




        







 
 

2014/02/07

CULPADAS !

O vídeo-sátira anti-estupro com a atriz de Bollywood Kalki Koechlin e a apresentadora de TV Juhi Pandey foi visto mais de um milhão de vezes em poucos dias.

No filme, "AIB365: A culpa é sua", a dupla explica por que as mulheres são as únicas culpadas por terem sido violadas.

O vídeo foi criado por All India Bak (AIB), um grupo de comediantes "stand-up", incluindo Rohan Joshi, Tanmay Bhat, Gursimran Khamba e Ashish Shakya em reação aos altos níveis de violência contra as mulheres na Índia e equívocos sobre quem é culpado.
Koechlin e Pandey "explicam" como as mulheres que falam ao telemóvel, deixando as suas casas e vestindo roupas ousadas levam ao estupro. Elas mostram exemplos de roupas provocantes, incluindo uma roupa de astronauta e uma burca.

Senhoras, vocês acham que o estupro é algo que os homens fazem por causa de um desejo de controle, fortalecidos por anos de patriarcado ? Vocês foram claramente enganadas pela noção de que as mulheres também são pessoas. Porque, encare, o estupro é culpa sua.

"Estudos científicos sugerem que as mulheres que usam saias são a principal causa de estupro. Você sabe por quê ? Porque os homens têm olhos".

O filme tem como alvo a cultura de culpar a vítima. Pandey diz: "Agora, algumas pessoas podem realmente argumentar que o crime é cometido por homens e para essas pessoas eu digo, quem deu vida a estes homens?

2014/01/28

Homenagem aos Advogados dos Tribunais Plenários

Realizou-se hoje na sala do Senado da Assembleia da República uma homenagem aos advogados que durante a ditadura defenderam nos Tribunais Plenários os presos políticos do regime fascista que oprimiu os portugueses durante 48 anos. Foi uma iniciativa do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória - NAM, presidido pela Drª Helena Pato que teve o apoio da Assembleia da República através da sua Comissão de Direitos Liberdades e Garantias cujo presidente, o deputado Fernando Negrão, em representação da Presidente do Parlamento, Assunção Esteves, que não pôde comparecer por razões de saúde, abriu a cerimónia e a que se associou a Ordem dos Advogados cuja bastonária Elina Fraga também participou na homenagem.
Os advogados que se dispuseram a defender os que lutavam pela liberdade e eram alvo de uma justiça fantoche que funcionava às ordens da polícia política foram cidadãos e cidadãs que revelaram grande coragem, se dispuseram a pôr em risco a sua carreira profissional, a ser enxovalhados pela PIDE ou a sua sucedânea DGS ou a ser presos eles também. Trabalhavam de graça e custeavam eles mesmos despesas dos processos solidarizando-se assim com a luta pela liberdade de milhares de portugueses que sofreram a tortura, a prisão e por vezes a morte. 
A homenagem contou com a presença de muitas dezenas de advogados homenageados, de muitos ex-presos políticos e seus familiares, de associados e amigos do NAM que esgotaram a lotação de 300  lugares da sala do Senado. Presentes também deputados de diferentes partidos e magistrados em representação das diferentes magistraturas.
A merecida homenagem aos advogados dos Tribunais Plenários, que muito prestigia o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória foi transmitida em direto pelo "canal parlamento" e representou um momento de alto significado cívico e político em defesa da memória da luta dos portugueses pela liberdade que não esqueceu o contributo decisivo do movimento dos capitães para o derrube da ditadura em 25 de Abril de 1974, data gloriosa da nossa história cujo 40º aniversário este ano será devidamente comemorado.
As intervenções de acordo com o programa que se anexa, arrancaram repetidas salvas de palmas a revelaram a alta craveira intelectual dos oradores, a sua sensibilidade política e os seus conhecimentos em mais que um caso resultado de experiência direta da luta contra a ditadura.
A homenagem terminou com o descerramento de uma placa comemorativa que ficará exposta na sala da Comissão de Direitos Liberdades e Garantias da Assembleia da República.
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Fotos da homenagem (um clique amplia): 
 
 
 
 
 
Nota: as fotos nº 15 a 22 deste grupo (numerando de cima para baixo) são da autoria de José Gema.

2014/01/03

Pires Jorge e as conversas no Facebook. E também outros históricos dirigentes do PCP

Ontem no facebook a Helena Pato ofereceu ao grupo Fascismo Nunca Mais uma reportagem sobre a fuga de Peniche onde se fala de Pires Jorge que teve um papel central na preparação, no exterior, da célebre fuga da Cadeia do Forte de Peniche em 3 de Janeiro de 1961.
Comentários e conversas de facebook e a figura deste revolucionário e dirigente comunista suscitou observações de quem o conhecia que sublinhavam a estima, a cordialidade a simpatia que em todos suscitava.
Eu levei lá um postal que, com a Maria Machado, fizemos na clandestinidade, integrado na campanha pela sua libertação e que ainda conservo no espólio desses tempos. O Carlos Poeiras referiu então o livro de memórias de Pires Jorge (1907-1984) onde está uma fotografia em que ambos estão, tirada num cemitério em Moscovo, onde visitaram a campa de Manuel Rodrigues da Silva, o dirigente do PCP que morreu em Moscovo em 1965, depois de 23 anos de prisão política em Portugal. Fui à procura do livro e ele lá estava,  despercebido, numa longa fileira de outros livrinhos seus colegas que contam as vidas de clandestinos, umas vezes escritos pelos próprios, outros em narrativa, na primeira pessoa, que um jornalista camarada passou da entrevista ao papel, em 1983, um ano antes de Pires Jorge morrer.
Exponho aqui algumas das fotografias do livro "notas biográficas de Pires Jorge", que comprovam o testemunho de Alfredo Poeiras de que se conheceram em Moscovo e o meu de que nos conhecemos numa reunião do CC do PCP em Paris em 1972.


 

 

 

 

 

 
Da esquerda para a direita: Bento Gonçalves (1875-1942) é o 1º secretário-geral do PCP (1929 - 1942) e uma figura central na história desse partido. Morto (maus tratos, doença sem tratamento) no Campo de Concentração do Tarrafal em 1942. ( 8 anos de prisão). Militão Ribeiro, membro do Comité Central e do Secretariado do PCP, morreu em 2 de Janeiro de 1950, na Cadeia Penitenciária de Lisboa, nove meses depois de ter sido preso pela PIDE com Álvaro Cunhal e Sofia Ferreira, numa casa clandestina, no Luso. (6 anos e 2 meses de prisão). Alfredo Diniz (Alex) assassinado pela PIDE em 1945, tinha 28 anos, era membro da comissão política do CC do PCP.(1 ano e 7 meses de prisão). Pedro Soares era membro do CC do PCP tinha estado preso 6 no campo de concentração do Tarrafal, viveu 22 anos na clandestinidade. Morreu num acidente de viação em 9 de maio de 1975 (12 anos de prisão). José Gregório (1908 - 1961) Foi um dos principais dirigentes do PCP, membro do CC e da sua Comissão Política. Faleceu na Checoslováquia onde esteve muito doente em tratamento e onde faleceu. (2 anos de prisão). Manuel Rodrigues da Silva (1909 - 1968) foi dirigente do PCP, do CC e do seu Secretariado. Foi o político com mais anos de prisão em Portugal. Faleceu em Moscovo em 1968. (23 anos de prisão). Manuel Guedes (1909 - 1983) marinheiro da ORA-Organização Revolucionária da Armada, foi um dos principais dirigentes do PCP, do CC e do seu secretariado. (19 anos e meio de prisão). Guilherme da Costa Carvalho (1973), foi dirigente do PCP, membro do CC. Originário de família de banqueiros do Porto, estudante da Faculdade de Ciências do Porto foi para a clandestinidade aos 24 anos. Esteve preso no Campo de concentração do Tarrafal e participou nas espetaculares fugas de Peniche de 1961 e na de Caxias, no carro blindado de Salazar, do forte de Caxias, em 1962.  Era sogro de Joaquim Pina Moura. (16 anos e meio de prisão). José Magro (1920 -1980) militante do PCP desde a universidade, dirigente do PCP, membro do seu CC, com grandes responsabilidades durante os muitos anos de clandestinidade. Foi membro do CC e deputado à Constituinte e da Assembleia da República) participou na fuga de Caxias, (20 anos e 7 meses de prisão).
 
(Um clique nas fotos amplia-as)